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Nessa retrospectiva de 2019, perguntamos aos conselheiros da Coalizão pelo Evangelho, “Qual foi um livro que te impactou esse ano?“.

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J. R. R. Tolkien e C. S. Lewis: O dom da Amizade, por Colin Duriez (HarperCollins)

Passei o ano todo lendo, saboreando aos poucos. Esse livro excelente mostra muito mais do que a biografia desses grandes autores e a história da amizade deles. Fala muito sobre processo criativo, sobre como somos inevitavelmente homens do nosso tempo, o mundo no século XX, etc. Foi muito interessante conhecer o enorme papel que eles tiveram na vida literária um do outro, como equilibravam suas tarefas acadêmicas e familiares com sua escrita e como a amizade faz coisas florescerem. De fato as pessoas ao nosso redor podem ser fonte de inspiração e incentivo para os nossos projetos e nossa fé, ou podem ser prejudiciais. Amigos de luta e lida, de livro e alimento, são das melhores dádivas divinas. – Emílio Garofalo Neto
 

Deus Não Vai Embora, por Alister McGrath (Cultura Cristã)

É um livro sobre o neoateísmo, muito bem escrito e que captura a atenção do leitor não somente pelo conteúdo pertinente, como também pela forma e seu estilo. Adicione-se a isso uma tradução muito bem feita por Rubens Thomaz de Aquino. McGrath traça um histórico do movimento neoateísta e fala do momento propício ao seu desenvolvimento, em 2001, quando os ataques terroristas nos Estados Unidos foram conectados ao fanatismo religioso. Isso impeliu a onda de secularização para patamares ainda não atingidos e a fama repentina de Sam Harris, Richard Dawkins, Daniel Dannett e Christopher Hitchens. O autor levanta alguns pontos novos existentes no neoateísmo, e o otimismo latente em suas investidas iniciais, como sendo a resposta científica e lógica à irracionalidade da religião, mas que depois foi sendo substituído por uma apatia, mesmo dentro dos círculos, observada a resiliência da religião, especialmente da fé cristã. McGrath tem sugestões como o neoateísmo pode ser combatido, esboça que a religião pode até ser defendida por razões científicas, e faz uma análise dos neoateus agora e quais as projeções para o futuro, enquanto procuram tornar suas mensagens mais palatáveis, mudando até o nome de neoateus, para “brights”, mas colhem um resultado adverso ao que se propõem, provocando reações contrárias e até um ressurgimento do interesse pela fé Cristã. Um caso curioso que ele cita, é o de um jovem que foi impelido à fé pelas leituras dos textos disruptivos do Dawkins, o que o levou a perguntar, se ele “deveria agradecer a Deus pela vida do Dawkins”, pois foi o ponto de inflexão em sua vida, em direção a Deus. Nessas análises e considerações do livro, McGrath consegue enxergar diversos problemas nas religiões, mas ele expande esse pensamento tratando da questão: “quando a religião dá errado” – apontando que existe, realmente, fanatismo e poder destrutivo nas falsas religiões, mas as generalizações do Dawkins e seus discípulos foge à lógica. – Solano Portela
 

Dons Espirituais: Uma Perspectiva Cessacionista, por Thomas Schreiner (Vida Novas)

Essa obra é uma visão cessacionista quanto aos dons considerados extraordinários, como línguas, profecias, curas e milagres. É o resultado de uma série de palestras que Schreiner deu sobre o tema, e portanto, ele não se aprofunda exegeticamente em algumas das passagens mais controversas. Discordo da análise e da conclusão dele em alguns pontos, como por exemplo, considerar apóstolo como um dom e não como um ofício, o que o leva obrigatoriamente a ter que admitir que havia mais apóstolos como Paulo e os Doze. Sua perspectiva sobre a profecia neotestamentária é complicada, pois ao afirmar que é a mesma dos profetas do Antigo Testamento, dá aos profetas das igrejas locais o status de inerrância e infalibilidade e de portadores de novas revelações, das quais não temos uma única linha escrita na Bíblia. Contudo, ele está correto em repudiar a posição de Grudem e outros neocalvinistas que admitem um tipo de profecia falível. Pessoalmente, sigo a postura histórica que a profecia era algo muito próximo da pregação da Palavra e que envolvia interpretação de textos do Antigo Testamento. Em outros pontos, Schreiner é convincente e sua obra pode ser considerada como um exemplo da interpretação cessacionista das passagens mais cruciais, como por exemplo, sua leitura dos eventos em Atos dos Apóstolos relacionados com o batismo com o Espirito Santo. Ao final, concordo com a maioria das conclusões de Schreiner, apesar de chegar lá por outros caminhos exegéticos. – Augustus Nicodemus

 

Institutas da Religião Cristã, por João Calvino (Cultura Cristã)

Para lecionar uma disciplina do mestrado, reli depois de quase 20 anos as Institutas da Religião Cristã, na tradução de Waldyr Carvalho Luz (Cultura Cristã). Eu fiquei impressionado, relendo a obra depois de tanto tempo, em como eu fui moldado de muitas formas pela leitura do texto clássico de João Calvino. As Escrituras como uma acomodação divina, a importância da Trindade, a providência de Deus, a relação entre o Antigo Testamento e o Novo Testamento, a centralidade da cruz e expiação, a fé, a justificação e a predestinação, a oração, Espírito Santo e sacramentos, a Igreja e o Estado… de tantas formas, uma das primeiras leituras teológicas que fiz, em meados de 1994, continua me acompanhando e me orientando tanto tempo depois. – Franklin Ferreira
 
 

Reset: Vivendo No Ritmo Da Graça Em Uma Cultura Estressada, por David Murray (Editora Fiel)

Leitura que veio na hora certa da vida, no momento apropriado da idade e na ocasião necessária do stress. Esse pequeno livro me fez repensar muita coisa. Com excelente fundamento na antropologia bíblica, Murray me ajudou a enxergar muitos “pontos cegos” no retrovisor da minha própria a história. Ele aponta com clareza aquilo que vemos somente nos outros e acreditamos que “nunca vai acontecer comigo”. Passando por várias oficinas a cada capítulo, somos ajudados a ver como acumulamos conceitos e idolatrias que podem nos levar à exaustão dentro do ministério. Nossa cultura de trabalho pode ser um desses ídolos. Particularmente, sempre fui alertado pela minha esposa e filhos dos meus hábitos de workholic (viciado em trabalho!) e, no fundo, sempre houve um orgulho disso, afinal, é o contrário do preguiçoso. Isso me levou a não respeitar o passo de Deus ensinado nas Escrituras sobre o próprio Shabat, a necessária reflexão, o descanso e cuidado pessoal. Nós, pastores, temos a tendência de pensar e agir sobre falsos fundamentos que, no tempo, cobram seu preço: “se estou fazendo a obra de Deus, ele vai suprir essas coisas que não estou respeitando”. Isto certamente foge ao fundamental conceito da sabedoria encontrado em Provérbio, que é temer ao Senhor segundo as regras que ele nos deu para a vida: isso é temor! Assim, em nome da obra, não descansamos, não cuidamos da nossa família, do nosso corpo, de nossos relacionamentos, etc. O resultado pode ser fatal, em todas as áreas. Reset me ajudou a olhar para mim mesmo no espelho e tomar decisões. Recomendo a todos os homens, não só no ministério. Junto com ele foi publicado o Refresh, indicado para mulheres. – Mauro Meister
 

Spurgeon Sobre A Vida Cristã: Vivificado Em Cristo, por Michael Reeves (Monergismo)

Li muitas coisas interessantes e que foram publicadas neste ano. Coisas boas e ruins. Das coisas boas que li, sobretudo, dos autores contemporâneos, reservo um destaque especial para Michael Reeves. Como gostei deste livro! De início, esperava ler mais um texto biográfico, sem muitas novidades, mas muito bem escrito (já li outros livros do autor e ele realmente trata com carinho a palavra). Caí do cavalo. O livro é surpreendente. Divertido, elucidativo, piedoso e extremamente pastoral. O Spurgeon de Reeves é tempestuoso — “é topster!”, como diria minha filha — e deveria ser lido por todos aqueles que estão pastoreando o rebanho de Cristo. O que é mais legal nesse livro são as citações do “Príncipe dos Pregadores”. São preciosidades que revelam as ênfases e a grandeza do olhar de Reeves. Como diz C. S. Lewis, ler um livro é tomar emprestado os olhos do outro. Tomei os olhos do Reeves emprestado e valeu muito a pena. É o tipo de livro que merece ser lido mais de uma vez. – Jonas Madureira
 

Jonathan Edwards – Uma Nova Biografia, por Iain H. Murray, (Editora PES)

2019 foi um ano que me dediquei a ler livros que tratam de história e biografia começando pelas biografias de Spurgeon e Jonathan Edwards, de Iain Murray, culminando com a história do protestantismo no Brasil colônia e império. Eu particularmente gosto de ler história pelo fato que ao observar a vida de santos homens de Deus, sou confrontado a crescer em conhecimento, como também a viver uma vida mais piedosa. Na verdade, a história e o passado tem a capacidade de nos alertar quanto aos erros e acertos daqueles que nos antecederam, ajuntando-nos a viver uma vida que glorifique a Deus. – Renato Vargens
 
 

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