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A Cristologia é o ramo da teologia cristã que trata do estudo detalhado da pessoa e obra de nosso Senhor Jesus Cristo. Também inclui capítulos como os ofícios de Cristo, os estados de Cristo e a extensão de seu sacrifício expiatório. Na minha opinião, todo crente deve ser um estudante diligente e conhecedor da Cristologia bíblica. Não é em vão que Jesus perguntou a seus discípulos com um espírito inquisitivo: “Mas vós, quem dizeis que eu sou?” (Mt 16.15)

Nesse sentido, para o bem de nossa fé e para ser fiel às Escrituras, um entendimento correto da pessoa de Jesus Cristo é muito necessário e indispensável. Em particular, o que tem a ver com sua natureza. Ou seja, nosso Senhor era cem por cento homem e cem por cento Deus. Totalmente humano e totalmente divino. O estudo dedicado e consciente dos Evangelhos nos fornece uma vasta informação a esse respeito.

Em vista disso, é fácil perceber certas atividades que foram um padrão na vida de nosso Senhor. E entre elas a oração tem uma presença notável e em todos os tipos de circunstâncias. Por exemplo, depois de curar um leproso, as pessoas o procuravam “Ele, porém, se retirava para lugares solitários e orava” (Lc 5.16). Em outra ocasião, enquanto seus discípulos estavam no barco, depois de dispensar a multidão, “ele subiu ao monte para orar” (Mc 6.46). Da mesma forma, na última ceia, ele orou ao Pai diante de seus discípulos (Jo 17.1-26); e nos minutos anteriores a ser prendido, no meio de sua angústia, ele também orou no Getsêmani (Lc 22.41).

Então, o que motivou nosso Senhor a uma atividade tão bem-intencionada? Se fosse Deus, que necessidade havia para orar? Que motivos Jesus tinha para praticar a oração?

Aqui estão três razões que nos ajudam a entender a vida de oração de Jesus.

1. Ele desfrutava da comunhão com o Pai

Na noite anterior a ser entregue, enquanto estava com os discípulos no cenáculo, Jesus orou ao Pai na presença deles, dizendo: “porque me amaste antes da fundação do mundo” (Jo 17.24). A partir dessa afirmação, entendemos que, mesmo antes da criação, havia uma relação de amor e desfrute mútuo entre o Pai e o Filho. O Pai alegrava-se com o Filho e vice-versa. Portanto, não é de surpreender que Jesus tenha passado tempo sozinho para a oração com Deus. O amor entre os dois era um vínculo indissolúvel e nem se quer foi interrompido pelo ministério terrestre de nosso Senhor. Portanto, é necessário concluir que Jesus orava porque desfrutava da comunhão de Seu Pai.

2. Em sua humanidade, ele dependia do Pai

A Bíblia também nos mostra que Jesus teve experiências que pertencem à esfera da humanidade. O apóstolo João em sua primeira epístola é encarregado de enfatizar que nosso Senhor não apenas veio como Deus, mas também “veio em carne” (1Jo 4.2) e, em virtude de sua humanidade, participou de aflições, misérias e necessidades humanas. Então ele era absolutamente dependente do Pai. Seu sustento, provisão e proteção vieram dEle. O único que podia entendê-lo em sua angústia e ajudá-lo em sua necessidade era Seu Pai. Sua oração era uma evidência que dependia da ajuda divina. É por isso que o escritor de Hebreus diz: “Ele, Jesus, nos dias da sua carne, tendo oferecido, com forte clamor e lágrimas, orações e súplicas a quem o podia livrar da morte e tendo sido ouvido por causa da sua piedade” (Hb 5.7) A partir daqui, concluímos que Jesus também orou porque, como homem, ele dependia do Pai.

3. Para Modelar A Vida Que Agrada Ao Pai

Cristo é o nosso exemplo de perfeita obediência e uma vida que agrada a Deus. Ele é nosso exemplo supremo de santidade, piedade e pureza. O apóstolo Pedro disse que “Cristo sofreu em vosso lugar, deixando-vos exemplo, para seguirdes os seus passos” (1Pe 2.21). E nesse mesmo contexto, ele disse que “quando maltratado, não fazia ameaças, mas entregava-se àquele que julga retamente” (1Pe 2.22,23). O que o apóstolo enfatizou foi que a atitude de Jesus de confiar-se a Deus é uma virtude a ser imitada, especialmente quando sofremos. Além disso, outro apóstolo disse em um sentido semelhante: “Aquele que diz que permanece nele deve andar como ele andou” (1Jo 2.6). Isso significa que a vida de Jesus, incluindo a vida de oração, é o exemplo de uma vida que agrada ao Pai. Ele é o nosso modelo e nós o imitamos. Nosso Senhor não se limitou a ordenar que orássemos, mas ele próprio era um exemplo de oração.

Em vista disso, embora a vida de oração de Jesus continue sendo um modelo para nós, as duas primeiras razões também são aspectos de nossa comunhão com Deus que devemos levar em consideração. Através do sacrifício de Cristo, agora temos entrada gratuita (Hb 10.20) e podemos desfrutar de Sua presença e também nos aproximarmos com confiança (Hb 4.16) para buscar Sua ajuda e socorro. Sendo assim, temos o privilégio de desfrutar do amor do Pai e podemos depender dEle em todos os momentos. E, assim como Jesus fez, a oração fornece uma ocasião para ambos os casos.

Traduzido por Anyela Molina.

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