×
Procurar

Em suas cartas e outras fontes, C.S. Lewis deixou vários conselhos sobre a arte da escrita. Abaixo estão 15 das coisas que ele disse. Em negrito está minha paráfrase, seguida por sua citação direta.

 1. Evite distrações.

“Desligue o rádio.”

2. Leia todos os bons livros que você puder.

“Leia todos os bons livros que você puder, e evite quase todas as revistas.”

3. Sempre escreva e leia com o seu ouvido, não o seu olho.

“Sempre escreva (e leia) com o ouvido, não o olho. Você deve ouvir cada frase que você escreve como se estivesse sendo lido em voz alta ou falada. Se não soar bem, tente novamente.”

4. Escreva somente sobre o que lhe interessa.

“Escreva sobre o que realmente lhe interessa, sejam coisas reais ou coisas imaginárias, e nada mais. (Note que isto significa que, se você está interessado apenas em escrever, você nunca será um escritor, porque você não terá nada sobre o qual escrever…)”

5. Trabalhe duro para ser claro.

“Faça um grande esforço para ser claro. Lembre-se que apesar de você começar já sabendo o que quer dizer, o leitor não, e uma única palavra mal escolhida pode levá-lo a uma total incompreensão. Em uma história, é terrivelmente fácil simplesmente esquecer que você não disse ao leitor algo que ele precisa saber – toda a imagem está tão clara em sua própria mente que você se esquece de que não é da mesma forma na dele.”

6. Não jogue fora os projetos escritos que você coloca de lado.

“Quando você desistir de um projeto (a menos que seja irremediavelmente ruim) não jogue ele fora. Coloque-o em uma gaveta. Pode vir a ser útil mais tarde. Grande parte do meu melhor trabalho, ou o que eu acho que é o meu melhor, é a reformulação de coisas iniciadas e abandonadas anos antes.”

7. Escreva, não digite.

“Não use uma máquina de escrever. O ruído irá destruir o seu senso de ritmo, que ainda precisa de anos de treinamento.”

8. Conheça o significado de todas as palavras que você usa.

“Tenha certeza que você sabe o significado (ou significados) de cada palavra que você utilizar.”

9. Evite ambiguidades.

“O caminho para uma pessoa desenvolver um estilo é saber exatamente o que ela quer dizer e ter certeza de que está dizendo exatamente isso. O leitor, devemos lembrar, não começa sabendo o que queremos dizer. Se nossas palavras são ambíguas, ele perderá nosso sentido. Às vezes penso que a escrita é como guiar ovelhas por uma estrada. Se houver alguma porta aberta para a esquerda ou a direita o leitor certamente vai entrar nela.”

10. Use a linguagem para deixar seu significado claro e certifique-se de que não pode significar qualquer outra coisa.

“Sempre tente usar a língua de modo que torne bastante claro o que quer dizer e garanta que sua frase não poderia significar outra coisa.”

11. Escolha a palavra simples e direta ao invés da palavra longa e vaga.

“Sempre prefira a palavra direta e simples e não a longa e vaga. Não implemente promessas, cumpra-as.”

12. Escolha o substantivo concreto e não o abstrato.

“Nunca use substantivos abstratos quando os concretos funcionarão. Se você quer dizer ‘mais pessoas morreram’, não diga ‘a mortalidade cresceu.’”

13. Faça o leitor sentir como se você estivesse descrevendo, em vez de dizer ao leitor o que é com um adjetivo.

“Não use adjetivos que simplesmente nos dizem como você quer que a gente se sinta sobre as coisas que você está descrevendo. Isto é, em vez de nos dizer que a coisa é “terrível,” descreva-o de modo que nós vamos nos sentir aterrorizados. Não diga que foi ‘delicioso’; faça-nos dizer ‘delicioso’ quando lemos a descrição. Você vê, todas essas palavras (horripilante, maravilhoso, medonho, requintado) são como simplesmente dizer ao leitor, ‘Por favor, faça meu trabalho por mim!’.”

14. Use palavras apropriadas para o assunto.

“Não use palavras grandes demais para o assunto. Não diga ‘infinitamente’ quando quer dizer “muito”; caso contrário você não terá nenhuma palavra sobrando quando quiser falar sobre algo realmente infinito.”

 15. Não se sinta obrigado a trazer partes explicitamente cristãs a sua escrita.

“Nós não devemos, obviamente, escrever qualquer coisa que irá embelezar a luxúria, orgulho ou ambição. Mas não precisamos todos escrevermos textos patentemente morais ou teológicos. Na verdade, uma obra cujo cristianismo é latente pode fazer um bem tão grande quanto e alcançar alguns a quem a obra religiosa mais óbvia iria repelir. O primeiro propósito de uma história é ser uma boa história. Quando Nosso Senhor fez uma roda na oficina de carpinteiro, pode ter certeza: foi acima de tudo, uma boa roda. Não tente ‘inserir’ trechos especificamente cristãos: se Deus quer você para servi-lo dessa forma (Ele pode não querer: existem vocações diferentes), eles virão naturalmente. Se não, bem, uma boa história que vai dar prazer inocente é uma coisa boa, assim como cozinhar uma boa refeição nutritiva… Qualquer obra honesta (seja de fazer histórias, sapatos, ou gaiolas para coelhos) pode ser feita para a glória de Deus.”

Fontes:

Números 1-8: carta de C.S. Lewis para uma garota chamada Thomasine (14 de dezembro de 1959), uma estudante da sétima série, cujo professor tinha passado uma tarefa em que seus alunos escreviam para um autor famoso pedindo conselhos sobre escrever.

Número 9: Da entrevista final de C.S. Lewis (7 de maio de 1963), seis meses antes de morrer. Ele estava respondendo a uma pergunta de Sherwood Wirt (1911-2001), que perguntou: “Como você sugere que um escritor cristão jovem desenvolva um estilo?”

Números 10-14: carta de C.S. Lewis a Joan Lancaster (26 de junho, 1956), uma jovem americana que tinha escrito para ele pedindo conselhos sobre a escrita.

Número 15: carta de C.S. Lewis para Cynthia Donnelly (14 de agosto de 1954).

Traduzido por Suzana Braga.

CARREGAR MAIS
Loading