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Quando lemos uma passagem como Romanos 8.31-35, é útil lembrar que “perguntas retóricas” são indicativas (declarações da realidade) expressas de forma elevada (retoricamente poderosa).

Expressa em indicativo simples, a passagem seria algo assim:

Se Deus é por nós, ninguém pode ser contra nós.

Aquele que não poupou o seu próprio Filho, antes, por todos nós o entregou, certamente também nos dará graciosamente com ele todas as coisas.

Ninguém intentará acusação contra os eleitos de Deus.

É Deus quem os justifica. Ninguém os pode condenar.

Ninguém nos separará do amor de Cristo.

A tribulação, angústia, perseguição, fome, nudez, perigo ou espada nāo nos separarāo do amor de Cristo.

No entanto, Deus inspirou Paulo a colocar isto de uma maneira mais lírica e com maior impacto emocional:

Se Deus é por nós, quem será contra nós?

Aquele que não poupou o seu próprio Filho, antes, por todos nós o entregou, porventura, não nos dará graciosamente com ele todas as coisas?

Quem intentará acusação contra os eleitos de Deus?

É Deus quem os justifica. Quem os condenará? …

Quem nos separará do amor de Cristo?

Será tribulação, ou angústia, ou perseguição, ou fome, ou nudez, ou perigo, ou espada?

Ver o texto no indicativo tira um pouco de seu impacto. No entanto, nos recorda que não se trata de meras perguntas, mas sim de declarações enfáticas da realidade sob a forma de perguntas retóricas.

E observe o formato de Romanos 8.32:

Aquele que não poupou o seu próprio Filho, antes, por todos nós o entregou,

porventura, não nos dará graciosamente com ele todas as coisas?

Não se trata apenas de uma afirmação, ou de uma pergunta retórica, mas de um argumento. Mais especificamente, é um argumento a fortiori (latim, “do mais forte”). A ideia é que, se A for verdade, podemos inferir que B é ainda mais verdade. O argumento é muitas vezes expresso na Bíblia como “Se A, quanto mais B!”.

Aqui estão dois exemplos vindo dos lábios de Jesus:

Lucas 12.28: “Ora, se Deus veste assim a erva que hoje está no campo e amanhã é lançada no forno, quanto mais tratando-se de vós, homens de pequena fé!”.

Mateus 7.11: “Ora, se vós, que sois maus, sabeis dar boas dádivas aos vossos filhos, quanto mais vosso Pai, que está nos céus, dará boas coisas aos que lhe pedirem?”.

O argumento de Romanos 8.32 é que se Deus fez a coisa mais difícil do mundo, entregando seu próprio Filho, e se Ele fez isso como uma dádiva para nós, então será fácil e lógico para Ele nos dar tudo do que necessitamos em Cristo.

John Flavel (1627-1691) captou bem o cerne deste versículo:

Como se poderia imaginar que Deus depois disto, possa reter coisas espirituais ou temporais do seu povo?

Como não os chamará eficazmente, os justificará livremente, os santificará completamente e os glorificará eternamente?

Como não os vestirá, alimentará, protegerá e livrará?

Certamente, se Ele não poupou a este próprio Filho qualquer golpe, lágrima, gemido, suspiro ou circunstância de miséria, jamais se poderia imaginar que, após isto, Ele possa negar ou reter de seu povo—em benefício de quem tudo isto foi padecido—qualquer misericórdia, qualquer conforto, qualquer privilégio, espiritual ou temporal, que seja bom para eles.

Que enorme liberdade saber que nada que seja para o meu bem supremo jamais será retido, por causa do que Cristo realizou por mim na cruz. E é tudo pela graça.

Traduzido por Raul Flores.

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