×
Procurar

O catecismo oficial da Igreja Católica Romana proíbe que a comunhão eucarística seja dada àqueles que são divorciados e novamente casados, ​​e que estão vivendo neste segundo casamento como marido e mulher:

Sendo fiel à palavra de Jesus Cristo – “Quem repudiar sua mulher e casar com outra, comete adultério contra ela; e se ela repudiar seu marido e casar com outro, comete adultério”, a Igreja sustenta que uma nova união não pode ser reconhecida como válida, se o primeiro casamento foi. Se os divorciados casam-se civilmente, eles se encontram em uma situação que contraria objetivamente a lei de Deus. 

Consequentemente, eles não podem receber a comunhão eucarística enquanto esta situação persistir. Pela mesma razão, eles não podem exercer certas responsabilidades eclesiásticas. A reconciliação pelo sacramento da penitência só pode ser concedida àqueles que se arrependeram por ter violado o sinal da Aliança e da fidelidade a Cristo, e que estão comprometidos em viver em completa abstenção.

Para com os cristãos que vivem nesta situação e geralmente conservam a fé e desejam educar seus filhos de uma maneira cristã, os sacerdotes e toda a comunidade devem ser atentos e cuidadosos, para que eles não se considerem separados da Igreja, em cuja vida eles podem e devem participar, como pessoas batizadas:

Eles devem ser encorajados a ouvir a Palavra de Deus, a participar do Sacrifício da Missa, a perseverar na oração, a contribuir com obras de caridade e com os esforços da comunidade por justiça, a educar os filhos na fé cristã, a cultivar o ânimo e a prática da penitência para, assim, implorar, dia a dia, a graça de Deus.

O Sínodo dos Bispos Católicos recentemente debateu esta questão, com bispos liberais argumentando que exceções a essa regra devem ser feitas numa base pastoral, caso-a-caso. O sínodo não funciona como um órgão de tomada de decisão dentro da Igreja, mas sim, fornece ao Papa reflexões e conselhos por meio de suas deliberações e do relatório final. Enquanto o Papa Francisco parece estar do lado dos bispos liberais quanto a isso, é claro para mim (como observador protestante de fora) que não haverá qualquer alteração à doutrina ou à prática da Igreja.

Os evangélicos estão divididos sobre a questão de quais exceções, se é que existem, permitem o divórcio e, em seguida, um novo casamento. No entanto, eles tendem a unir-se contra a visão católica de que um novo casamento pecaminoso também deve ser interrompido.

Em seu livro Casamento Temporário: Uma Parábola de Permanência (Cultura Cristã: 2ª edição, 2013), páginas 170-71, John Piper oferece três motivos para isso. Eu separei essa parte, logo abaixo.

Eu não acho que uma pessoa que se casa novamente contra a vontade de Deus e, assim, comete adultério desta forma [Lucas 16:18], deve, mais tarde, interromper o segundo casamento. O casamento não deveria ter acontecido, mas já que aconteceu, ele não deve ser desfeito pelo homem. É um casamento real. Votos reais de compromisso foram feitos. E esse pacto real do casamento pode ser purificado pelo sangue de Jesus, separado para Deus. Em outras palavras, eu não acho que um casal que se arrepende, busca o perdão de Deus e recebe Sua purificação deve pensar em suas vidas como um adultério contínuo, mesmo que, aos olhos de Jesus, o relacionamento tenha começado assim. Existem várias razões pelas quais eu acredito nisso.

1. Deuteronômio 24:4 fala contra voltar ao primeiro marido depois de casar-se com um segundo.

Em primeiro lugar, em Deuteronômio 24:1-4, onde a permissão para o divórcio foi dada na lei de Moisés, fala-se da mulher divorciada estar “contaminada” pelo segundo casamento, de modo que seria uma abominação para ela voltar para seu primeiro marido, mesmo que seu segundo marido tenha morrido. Esta linguagem de contaminação é semelhante à linguagem de adultério usada por Jesus. Mas mesmo assim o segundo casamento estava valendo. Foi contaminado, em certo sentido, mas ainda era válido.

2. Jesus parecia considerar os casamentos múltiplos como errados, mas reais.

Outra razão pela qual eu acho que casais que se casaram de novo ​​devam ficar juntos é que, quando Jesus encontrou a mulher de Samaria, Ele disse a ela: “Porque cinco maridos já tiveste, e esse que agora tens não é teu marido” (João 4:18). Quando Jesus diz: “Esse que agora tens não é teu marido”, Ele parece sugerir que os outros cinco eram. Não que seja certo divorciar-se e casar-se cinco vezes. Mas a maneira como Jesus fala soa como se Ele considerasse esses casamentos reais. Ilícitos. Adúlteros em seu início, mas reais. Válidos.

3. Mesmo os votos que não devem ser feitos, em geral, devem ser mantidos.

A terceira razão pela qual eu acho que casais que se casaram novamente ​​devam ficar juntos é que, mesmo os votos que não devem ser proferidos, uma vez feitos, em geral, devem ser mantidos. Eu não quero fazer disso um absoluto para todas as situações concebíveis, mas há passagens na Bíblia que falam de votos que foram feitos e que não deveriam ter sido feitos, mas que era correto mantê-los (como o voto de Josué aos gibeonitas, em Josué 9). Deus julga em alta conta que mantenhamos nossa palavra, mesmo quando isso nos deixa em apuros: “[O homem piedoso] jura com dano próprio e não se retrata”, Sl. 15:4. Em outras palavras, seria melhor manter-se em harmonia com a vontade revelada de Deus em não casar-se novamente, mas acrescentar o pecado de outra aliança quebrada não faz com que Deus se agrade mais.

Há casamentos, na igreja onde sirvo, que são ‘segundos casamentos’ para um ou ambos os parceiros, e que, na minha opinião, não deveriam ter acontecido, mas hoje são casamentos piedosos – casamentos que são limpos e santos, casamentos em que maridos e esposas, justificados e perdoados, agradam a Deus pela maneira como se relacionam entre si. Os seguidores de Jesus, guiados pelo Espírito, não estão cometendo adultério em seus casamentos, pois já foram perdoados e purificados. Estes casamentos começaram de uma forma que não deveriam, mas se tornaram santos.

Traduzido por Alessa Mesquita do Couto

CARREGAR MAIS
Loading