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Neste domingo dia 5 de abril, seria o dia em que muitas igrejas celebrariam a Ceia do Senhor.

A Ceia é uma prática antiquíssima da igreja cristã. Ordenada pelo próprio Senhor Jesus aos seus discípulos, vem sendo observada pelos cristãos desde seus primórdios. Trata-se um ato público de culto a Deus, uma expressão da fé cristã e da unidade do corpo da igreja com Jesus Cristo. A Ceia do Senhor é um drama memorial que, através dos elementos do pão e do fruto da videira, que simbolizam o corpo e sangue de Jesus, representa a união da igreja com Cristo, morto e ressurreto, e a ligação pactual que o povo de Deus tem entre si pela confissão de Cristo. Seu rito é simples mas cheio de significado e, por mais de 2000 anos, se constitui como uma marca profunda da espiritualidade do povo de Deus.

Durante esses dias de distanciamento social e da consequente impossibilidade de se reunir para o culto, as igrejas não podem expressar adequadamente alguns dos aspectos fundamentais presentes na Ceia do Senhor, que é sua qualidade pactual, corporativa e pública. Por isso as igrejas não devem realizar a Ceia do Senhor e devem aguardar até que possam se reunir para este fim novamente.

Contudo, embora o povo de Deus não possa ainda desfrutar deste momento tão especial, isto não significa que não possa desfrutar da comunhão plena, verdadeira e profunda com Deus e uns com os outros. A comunhão dos verdadeiros crentes em Jesus continua viva e real, mesmo que o culto público não aconteça, pois na fé em Cristo, o povo de Deus comunga da unidade do Espírito no vínculo da paz, tendo sido chamados numa só esperança da nossa vocação e estamos debaixo do governo e cuidado de nosso Deus e pai, o qual é sobre todos e age por meio de todos e está em todos (Ef 4.1-6). A propósito da importância e extensão da comunhão cristã, o Rev. Heber Campos Júnior produziu uma tocante e instrutiva reflexão sobre intitulada “Em tempos de pandemia, como fica a comunhão?”, publicada no site da “Coalizão pelo Evangelho”.

Em sua boa e santa providência, Deus permitiu esta distância do culto, e quem sabem com isto esteja nos chamando a renovar nosso senso de valor das coisas essenciais, como o partir do pão e tomar o cálice, o canto congregacional, a comunhão experimentada no culto realizado por irmãos e irmãs que compartilham a mesma fé. Saudades do culto e da Ceia podem ser um forte encorajamento de Deus para que seu povo anele por esta experiência tão comum e ao mesmo tempo tão necessária para a vida cristã.

A igreja deve sim lamentar por estar distante do culto e da Ceia, e deve perseverar em suas orações, pedindo a Deus abrevie estes dias, mas, acima de tudo, deve renovar sua esperança e fé na promessa de Jesus, de que um dia tomaremos esta Ceia na presença dele mesmo. Que, afinal, o dia das bodas do cordeiro de Deus com sua noiva, a igreja, seja o maior anelo de seu povo e a sua maior fonte de alegria.

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