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Em décadas recentes, muitas pessoas têm reagido ao individualismo da cultura ocidental, enfatizando a sua membresia de um grupo, especialmente se o grupo tem experimentado injustiça e opressão. O individualismo e a filosofia política por trás disso, o liberalismo, são na verdade apenas uma máscara para as preferências de homens brancos, disseram vários feministas e teoristas de direitos de minorias no início dos anos 1960. Nossas instituições políticas, argumentaram estes escritores, precisam dar mais atenção ao que significa ser mulher, ou negro, ou latino.

Em geral, a ênfase em identidade de grupo tem ajudado a colocar a história de injustiça e opressão contra estes grupos na vanguarda dos diálogos políticos de nossos dias. Expor a injustiça é uma coisa boa. Observe, porém, que, neste diálogo, o amor fica preso ao grupo. E isso tem riscos e benefícios. Espera-se que você mostre amor pelo membro do grupo não meramente por considerá-lo como um indivíduo. Em vez disso, você afirma cada membro desse grupo como participante das injustiças feitas ao grupo.

Permita-me ilustrar. Muitos brancos se orgulham de não ligar para cor. “Eu não penso em você como negro. Penso em você apenas como meu amigo.” O homem negro pode, então, compreensivelmente responder: “Se você é meu amigo, me perguntará como tem sido minha experiência como um homem negro neste país”. Um amigo me disse isso certa vez. Ele identificou corretamente uma falha em amar bem o meu próximo.

O que essa resposta também sugere é que é fácil para os membros da maioria, como eu, dar preferência ao nosso grupo, mas não perceber isso. Estar na maioria permite que você trate suas próprias preferências culturais como a norma, de forma tão objetiva e tão natural como um peixe na água.

Se o individualismo tem o risco de transformar o indivíduo em deus, podemos também transformar o grupo em um deus. A identidade de grupo pode, também, ser idólatra. Essa é a ideia implícita na palavra tribalismo. A supremacia branca é uma ilustração óbvia. Mas existem muitas outras formas. Em geral, podemos dizer que a identidade de grupo incorre no risco de idolatria quando amo os membros de meu grupo, excluindo outros grupos. Estou em risco de idolatria quando a membresia de outra pessoa determina completamente minha perspectiva sobre ela, como se isso fosse a coisa mais importante a seu respeito e não o fato de que ela foi criada à imagem de Deus. Estou em risco quando esqueço o que une a humanidade e vejo apenas o que nos divide. Estou em risco quando insisto em que você me ame nos termos do meu grupo. Estou em risco quando tenho certeza de que a minha tribo está sempre certa e a sua está sempre errada e não estou disposto a ouvir críticas a respeito de meu grupo.

Minha opinião é que, na história do mundo, o tribalismo é a idolatria mais comum, e não a idolatria de individualismo. Quanto ódio, batalhas e guerras têm sido fomentados neste solo!


Trecho do livro A Regra do Amor, lançamento em breve pela Editora Fiel.

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