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História de Sam

Eu estava lá na semana em que aconteceu. A esposa dele pediu para falar comigo em lágrimas, ela me disse que naquela semana, ele havia entrado no prédio da igreja e anunciado à sua equipe que estava “acabado”. Disse que não conseguiria enfrentar a pregação de mais um sermão; que tudo o que ele realmente queria fazer era fugir de sua própria vida. Sam tinha 45 anos e era pastor de uma igreja vibrante e crescente.

Estou convencido de que mudanças importantes na cultura pastoral são necessárias e que o grande número de pastores que se encontram na faixa entre desanimados a deprimidos é evidência clara disso. Deixe-me sugerir quatro potenciais configurações deste ciclo desânimo/depressão no ministério.

Configuração Nº 1: Expectativas Irreais

Por anos dei um curso sobre cuidados pastorais no Seminário de Westminster e fiquei impressionado como invariavelmente as expectativas dos meus futuros pastores estudantes eram irrealistas. Todos os anos, meus alunos pareciam se esquecer das duas coisas que consistentemente dificultam o ministério pastoral. Quais são elas? A dura realidade da vida em um mundo dramaticamente danificado e aquilo que o pecado faz nos corações de todos nós. Estas duas coisas fazem do ministério pastoral uma guerra espiritual diária.

Mas há outra área de expectativas irreais. São as expectativas irreais da congregação sobre seu pastor. As igrejas se esquecem que chamaram uma pessoa que é um homem em meio à sua própria santificação. Isto tende a levar o pastor a se esconder, com medo de confessar aquilo que é verdadeiro nele e em todos a quem ele ministra. Existe uma ligação direta entre expectativas irrealistas e os ciclos de decepção se aprofundando.

Configuração Nº 2: Tensões familiares

Muitas vezes, há um abismo significativo entre a personalidade pública da família ministerial e as realidades das lutas diárias em seu lar. Quase presumimos que o pastor se sentirá regularmente dividido entre o ministério e sua família e muitas vezes será forçado a fazer escolhas tipo “menor dos dois males”.

No entanto, esta tensão não é um tema importante nas epístolas pastorais. Será que temos expectativas exorbitantes de nossos pastores? Será que, como pastores, estamos procurando obter coisas indevidas do ministério e por isto fazemos escolhas que potencialmente prejudicam nossas famílias? Esta tensão entre a família e o ministério rouba o ministério pastoral de sua alegria, e sua aparente insuperabilidade é uma configuração certa para a depressão.

Configuração Nº 3: Medo de Homens

A própria natureza pública do ministério pastoral a torna solo fértil para esta tentação. Eu sei como é estar bastante ciente das reações de pessoas críticas a mim ao pregar numa manhã de domingo. Conheço também a tentação de, ao preparar o sermão, pensar sobre o que convenceria aquela pessoa específica.

Temer a homens na realidade, é esperar que pessoas possam nos dar aquilo que só Deus pode. Está enraizado numa amnésia do evangelho, que nos faz buscar repetidamente aquilo que já nos foi dado em Cristo. Então, isto faz com que fiquemos de olho e nos importemos demais com as reações dos outros, e por fazer isto, sentir que recebemos muito mais críticas do que merecemos. Começamos a ver cada nova tarefa como mais um fórum para a crítica dos outros e com isso, a vida emocional do pastor começa a degringolar.

Configuração Nº 4: Confusão de Reinos

É muito tentador para o pastor realizar sua obra em busca de outras glórias que não a glória de Deus e para outros fins que não o reino de Deus. Aclamação pessoal e reputação, poder e controle, conforto e apreço, são os ídolos sutis de reinos menores que cada pastor. enfrenta No entanto, no ministério pastoral, o reino de si mesmo é um reino de fantasia. Ele se disfarça muito bem como sendo o reino de Deus, porque a maneira como buscamos construir nosso reino no ministério é através do ministério!

A realidade é que o Deus que o pastor serve não tem qualquer lealdade ao pequeno reino de si mesmo do pastor. Na verdade, estou convencido de que grande parte da oposição ministerial que atribuímos ao inimigo, na realidade, é Deus obstruindo as intenções do pequeno reino do pastor. É Deus, em graça, resgatando o pastor de si mesmo.

Enquanto o pastor está buscando ser estimado, seu Senhor busca para ele uma transformação do evangelho. Enquanto Deus está chamando o pastor para a guerra espiritual, aquilo que o pastor quer é ser amado. Enquanto o pastor busca um pouquinho de controle, Deus está demonstrando que Ele está no controle.

É desanimador e exaustivo servir a Deus não estando na mesma pauta que Deus. Esta confusão do reino rouba ao pastor o profundo senso de privilégio que deve motivar o serviço de cada pastor. Como um amigo meu pastor disse para sua esposa: “Eu só quero ir para algum lugar onde a vida seja fácil!”

Corra até Ele

Embora a depressão no pastor pode ser ocasionada pela cultura que o rodeia, ela é uma doença do coração, e para isso temos a presença, as promessas e a provisão do Salvador. Pastor, ele está em você, com você e é ao seu favor. Ninguém se importa mais com o uso de seus dons do que Aquele que os dá. Ninguém se importa mais com seu sofrimento do que aquele que sofreu por você. E ninguém conhece o fardo da igreja tão bem quanto aquele que é o cabeça da igreja e se entregou por ela.

Em seu desânimo, não fuja dele, corra até ele. Jesus realmente oferece a você a esperança e cura que não podemos encontrar em nenhum outro lugar.

Traduzido por Felipe Barnabé.

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