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Apesar de não ter nascido em uma família protestante, comecei a frequentar uma igreja presbiteriana quando ainda era criança, por volta dos oito anos de idade. De lá para cá, já nem sei dizer de quantos cultos públicos eu participei. Não obstante, sei dizer que em muitas ocasiões, eu não me comportei no culto da forma devida. E não me refiro apenas a momentos nos quais, em minha infância e adolescência, deixei de prestar atenção ao que estava acontecendo e me permiti ser desviado para fazer outras coisas durante o culto.

E me refiro, de modo especial, aos cânticos entoados ao longo do culto público. Deixava de cantar para conversar com quem estava ao lado, saía para ir ao banheiro, beber água e ficar matando tempo do lado de fora. Também acontecia de eu cantar, porém, sem qualquer empolgação, sem qualquer alegria ou deleite. Cantava por cantar. Cantava porque todas as outras pessoas estavam cantando – ou pelo menos a maioria.

Eu acredito que o meu caso não é único. Certamente, existem inúmeras pessoas que congregam em nossas igrejas, que participam do momento do culto corporativo, até cantam, mas sem nenhum coração, sem nenhuma percepção do que realmente está acontecendo naquele momento. Pode ser o caso de ser algo que já fazemos há tanto tempo, que apenas seguimos no modo automático. Faz parte da nossa rotina. Todavia, a minha percepção mudou drasticamente. O meu entendimento quanto ao culto público foi transformado quando atentei para algo ensinado nas Sagradas Escrituras.

Em Hebreus 2, o autor está falando sobre a supremacia de Jesus Cristo sobre os anjos. Foi assim que ele concluiu o capítulo anterior e foi assim que ele iniciou o capítulo 2. No versículo 11, o autor chama a nossa atenção para algo extraordinário: “Por isso, é que ele não se envergonha de nos chamar irmãos”. O nosso Redentor, aquele que é mais alto que anjos, que é a expressão exata do Ser de Deus, ele não se envergonha de nós. Ele se identifica conosco. Ele assumiu a nossa carne, operou a nossa redenção e não tem nenhum rubor em se identificar conosco. Mas isso não é tudo. O autor de Hebreus diz que ele nos chama de irmãos ao se dirigir ao Pai com uma declaração igualmente extraordinária: “dizendo: A meus irmãos declararei o teu nome, cantar-te-ei louvores no meio da congregação” (v. 12). Foi isto que transformou, de modo substancial, a minha compreensão do que acontece durante o culto público.

O versículo 12 é uma citação do Salmo 22, um salmo claramente messiânico. O autor de Hebreus cita o versículo 22, que dá início à segunda parte do Salmo 22, que apresenta a exaltação do Messias. Agora, devemos observar atentamente o que Jesus fala, de acordo com o autor de Hebreus. Ele diz ao Pai que declarará a nós o santo nome do Pai, mas também afirma que entoará louvores ao Pai no meio da congregação. Congregação? Sim! Devemos lembrar que os destinatários dessa carta eram judeus. Eram israelitas. Palavras como “congregar” e “congregação”, na mente de um israelita, sempre fazem referência ao momento do ajuntamento solene, o culto público.

Jesus está dizendo que se junta ao povo de Deus, no momento do culto, e canta com esse povo em louvor a Deus, o Pai. Você já tinha percebido isso? Já tinha atentado para o fato de que, no culto, quando a igreja está cantando salmos, hinos e cânticos espirituais, o próprio Senhor Jesus Cristo está unido a você e aos seus irmãos, cantando ao Pai? Eu insisto: no culto nós cantamos a respeito de Jesus Cristo, sua pessoa bendita e sua obra salvadora. Nós cantamos para Cristo. Dirigimo-nos a ele, seguindo o exemplo dos cristãos neotestamentários (Filipenses 2.5-11; Colossenses 1.13-23). Não obstante, nós também cantamos com Cristo.

Mais uma vez: no culto público Cristo se faz presente, não apenas como aquele que é objeto da nossa adoração e a respeito de quem cantamos os poderosos feitos. Ele também está presente, um conosco, unido a nós no canto, em adoração ao Pai. E mais: Jesus Cristo é o adorador perfeito. Ele é quem possui todos os méritos. É ele quem torna a nossa falha e imperfeita adoração em uma adoração aceitável a Deus, o Pai.

Eu percebi que se Jesus se deleita em nos chamar de irmãos, identificando-se conosco e cantando conosco em louvor a Deus, o Pai, que desculpa eu teria para não me envolver com todo o meu coração e com toda a minha alma nessa santa atividade? A partir daí, o culto público ganhou um significado completamente novo para mim.

Oro para que você também perceba a beleza do culto e cante. Cante como nunca cantou!

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