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Não quero dar a impressão de que sou um especialista em oração. Não sou. Mas essa é uma razão porque acho que orar a Escritura é tão útil (vou desenvolver mais sobre isso).

Meu argumento é simples: você deveria orar a Escritura.

Três apreciações:

  • Não quero dizer apenas que você deve orar. Isso é um fato.
  • Não quero dizer que você deve apenas fazer orações citando acontecimentos bíblicos. Isso também é fato. Estou argumentando, especificamente, que você deve orar a própria Escritura.
  • Não estou afirmando que você deve apenas orar a Escritura toda vez que você orar. Pelo contrário, estou argumentando que você deve orar a própria Escritura frequentemente.

Então, por que você deve orar a Escritura? Por pelo menos doze motivos:

1. Você Deve Orar a Escritura Porque o Povo de Deus no AT e NT o Fez.

Nem sempre é lógico argumentar que devemos fazer algo simplesmente porque a Bíblia registra o povo de Deus fazendo. Às vezes as narrativas do AT ou o livro de Atos descrevem práticas sem ordená-las. Mas eu não consigo pensar em uma boa razão pela qual não devamos imitar estes dois exemplos.

Primeiro, um exemplo do AT: Quando os israelitas confessam seus pecados em Neemias 9, os levitas lideram o povo na oração (Ne 9:5–37). Toda a oração está citando acontecimentos bíblicos, (como por exemplo, no 9:11) [1]; e o versículo 17 cita uma passagem bíblica anterior:

Recusaram ouvir-te e não se lembraram das tuas maravilhas, que lhes fizeste; endureceram a sua cerviz e na sua rebelião levantaram um chefe, com o propósito de voltarem para a sua servidão no Egito. Porém tu, ó Deus perdoador, clemente e misericordioso, tardio em irar-te e grande em bondade, tu não os desamparaste, ainda mesmo quando fizeram para si um bezerro de fundição e disseram: ‘Este é o teu Deus, que te tirou do Egito’; e cometeram grandes blasfêmias. (Ne 9:17-18).

No meio de sua oração, eles citam Êxodo 34:6. Eles aplicaram a Escritura no seu contexto específico.

Em segundo lugar, um exemplo do NT: Após a prisão de Pedro e João pelo Sinédrio opositor, em Atos 4, como a igreja primitiva reagiu?

Ouvindo isto, unânimes, levantaram a voz a Deus e disseram: Tu, Soberano Senhor, que fizeste o céu, a terra, o mar e tudo o que neles há; que disseste por intermédio do Espírito Santo, por boca de Davi, nosso pai, teu servo: “’Por que se enfureceram os gentios, e os povos imaginaram coisas vãs? Levantaram-se os reis da terra, e as autoridades ajuntaram-se à uma contra o Senhor e contra o seu Ungido’…” (Atos 4:24–26).

No meio de sua oração, eles citaram Salmo 2:1-2. Eles aplicaram a Escritura em seu contexto específico.

2. Você Deve Orar a Escritura Porque Jesus o Fez.

Preciso mostrar melhor isso porque nem sempre é lógico argumentar que devemos fazer algo simplesmente porque Jesus fez. Jesus fez um monte de coisas que não podemos fazer – como andar sobre as águas e perdoar as pessoas de seus pecados. E Jesus fez algumas coisas que não devemos fazer – como morrer na cruz para satisfazer a ira justa de Deus contra os pecadores. Mas Jesus fez muitas coisas que devemos imitar. Orar a Escritura é uma delas.

Ambos os evangelhos de Mateus e de Marcos registram o que Jesus orou ao Pai quando estava morrendo na cruz: “Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?” (Mt 27:46; Mc 15:34). Isso está na primeira linha do Salmo 22.

Temos de ter cuidado aqui, porque Jesus cumpre a Escritura de uma maneira que não podemos cumprir. Jesus é singular [2]. Meu ponto é que Jesus orou a Bíblia. Para que Ele pudesse fazer isso, Ele teve de ler a Bíblia, compreendê-la corretamente, meditar sobre ela, e, em seguida, aplicá-la em seu contexto específico. Nós não cumprimos a Escritura na mesma condição em que Jesus fez, mas podemos e devemos, apropriadamente, orar a Escritura em relação aos nossos contextos. Por exemplo, podemos usar as orações inspiradas por Deus na Escritura à medida em que elas correspondem com as nossas próprias circunstâncias. O povo de Deus tem feito isso com os Salmos por milhares de anos.

3. Você Deve Orar a Escritura Porque Isso Glorifica a Deus, o Pai.

Jesus disse aos seus discípulos em João 15:7-8: “Se permanecerdes em mim, e as minhas palavras permanecerem em vós, pedireis o que quiserdes, e vos será feito. Nisto é glorificado meu Pai, em que deis muito fruto; e assim vos tornareis meus discípulos.” [3] Qual é o “fruto” no contexto de João 15?

Eu não vou ter tempo para mostrar isso aqui [4], mas é assim que entendo João 15:4: “Permanecei em mim, e eu permanecerei em vós” significa, essencialmente, “Obedeçam as minhas palavras, e deixem minhas palavras permanecerem em vocês”. Portanto, Jesus permanece em nós (crentes) à medida em que Suas palavras permanecem em nós, e permanecemos em Jesus à medida em que obedecemos as Suas palavras. Cada crente permanece em Jesus em algum grau, resultando em diferentes níveis de frutificação.

Então, quando internalizamos as declarações individuais de Jesus (ou seja, quando Suas palavras permanecem em nós), fazemos pedidos citando acontecimentos bíblicos e Deus irá respondê-los. Então, qual é o “fruto”? Eu acho que o fruto neste contexto é a resposta a essas orações. Isso não se refere exclusivamente a quando oramos a Escritura; refere-se a orações citando acontecimentos bíblicos. Mas isso certamente inclui o orar a Escritura. Quando oramos a Bíblia, demonstramos explicitamente que as palavras de Jesus estão permanecendo em nós.

E quando damos muito fruto, através do nosso ato de orar a Escritura, isso é uma maneira de nós glorificarmos a Deus, o Pai: “Nisto é glorificado meu Pai.”

4. Você Deve Orar a Escritura Porque Isso Te Ajuda a Concentrar no que é Mais Importante.

É muito fácil desviarmos nossas orações para uma lista de pedidos que dizem respeito, principalmente, a questões como doença, ansiedade, dinheiro ou sabedoria para tomada de decisões. E é certo orar sobre questões como estas. Mas o que pode acontecer é que essas preocupações legítimas tornam-se o conteúdo dominante e quase exclusivo do que oramos.

E daí, como fica o louvar a Deus? E o exultar, com as gloriosas verdades sobre Ele e Sua criação? E o agradecê-Lo pelas bênçãos especiais? E o pedir a Deus para que nos perdoe? A oração é muito mais do que simplesmente pedir coisas a Deus (embora isso também faça parte). Orar a Escritura nos ajuda a concentrar no que é mais importante.

5. Você Deve Orar a Escritura Porque Isso Te Ajuda a Concentrar na Oração.

Nós, seres humanos, somos fracos. Podemos ser como Pedro, Tiago e João, quando estavam com Jesus no Jardim do Getsêmani, e adormeceram três vezes, em vez de orar. Jesus reconheceu, “O espírito está pronto, mas a carne é fraca” (Mt 26:41 NVI).

Podemos ter as melhores intenções do mundo e, ainda assim, não orarmos, ou orarmos sem realmente orarmos. Nossa mente pode viajar, ou podemos até cair no sono. Orar a Escritura é uma forma prática de “impedir o desvio mental”. [5]

John Piper diz:

Se eu tentar orar por pessoas ou eventos, sem ter a Palavra na minha frente, guiando minhas orações, várias coisas negativas acontecem… [A primeira] coisa negativa é que a minha mente tende a viajar, e ao invés de concentrar na oração, penso no que estou vestindo, ou numa persiana que está meio aberta, ou numa sirene na rua que me faz perguntar o que está acontecendo. Minha desatenção me leva a todo lugar. Mas a Bíblia prende a minha atenção porque eu a estou buscando, lendo… Eu digo a todo mundo: “Você pode orar o dia todo, se você orar a Bíblia”. Algumas pessoas se perguntam como é possível orar mais do que cinco minutos, porque elas não saberiam mais pelo que orar. Mas eu digo que se você abrir a Bíblia, começar a lê-la e fizer uma pausa em cada verso, transformando-o em uma oração, então você pode orar durante o dia todo dessa maneira. [6]

6. Você Deve Orar a Escritura Porque Ela é Totalmente Verdadeira.

A Bíblia é como nenhum outro livro, porque ela não contém erro e é incapaz de errar. Portanto, isto te protege de errar. Não há como errar quando você ora a Escritura! [7]

7. Você Deve Orar a Escritura Porque Isso te Ajuda a Orar Com Confiança.

Já que a Escritura é totalmente verdadeira, você deve orar com confiança quando ora através dela. É seguro, firme e garantido. Você não precisa se perguntar: “Será que isso é uma coisa boa ou uma coisa ruim para orar?” A Bíblia expressa a vontade, o caráter e as promessas de Deus. Então, se você está orando a Escritura, você não precisa se preocupar em estar se enganando ou se animando para ter algo fugaz (como orar para se tornar um bilionário da noite para o dia). Obviamente, você precisará de sabedoria em relação a como orar a Bíblia, com respeito a pessoas e circunstâncias específicas, especialmente à luz das promessas extravagantes de Jesus sobre aquilo que pedimos com fé (cf. Mt 21:22; Mc 11:24). Ao orar a Bíblia, você pode ter certeza de que o que você está orando está de acordo com a vontade de Deus, que você está pedindo em nome de Jesus: “E tudo quanto pedirdes em meu nome, isso farei, a fim de que o Pai seja glorificado no Filho. Se me pedirdes alguma coisa em meu nome, eu o farei” (Jo 14:13-14). “E esta é a confiança que temos para com ele: que se pedirmos alguma coisa segundo a sua vontade, ele nos ouve” (1 Jo 5:14).

8. Você Deve Orar a Escritura Porque Isso Estimula Suas Afeições.

Ray Ortlund escreve: “Eu aprendi a ver a Bíblia como o acender de um fogo sagrado. A Escritura serve para nos informar, e, portanto, nos inflamar. Ela é destinada a iluminar nossos pensamentos sobre Deus, e, portanto, acalorar nossas afeições por Ele.”[8]

O capítulo de John Piper sobre a Escritura, no seu livro Em Busca de Deus, é chamado de “Escritura: O Arder do Hedonismo Cristão”.[9] Ele conclui compartilhando, da autobiografia de George Müller, como este começava seu dia:

O ponto é este: Eu vi mais claro do que nunca, que o maior e principal assunto a que eu deveria ocupar-me a cada dia era ter minha alma feliz no Senhor…Antes disto, minha prática havia sido, pelo menos durante dez anos, uma coisa habitual: orar depois de ter me vestido, pela manhã. Agora eu entendo que a coisa mais importante que eu tinha de fazer era entregar-me à leitura da Palavra de Deus e à meditação nela, para que, assim, meu coração pudesse ser confortado, encorajado, advertido, repreendido, instruído; e que, portanto, enquanto meditava, meu coração podia ser conduzido a uma experiência de comunhão com o Senhor. Comecei, portanto, a meditar no Novo Testamento, desde o início, de manhã cedo.

A primeira coisa que fazia, depois de ter pedido em, poucas palavras, a bênção do Senhor sobre a Sua preciosa Palavra, era começar a meditar sobre a Palavra de Deus; investigava, por assim dizer, cada verso, para alcançar a bênção dele; não por causa da exposição pública da Palavra, nem pela pregação, sobre o que eu havia meditado; mas por uma questão de obter alimento para minha própria alma. O resultado que eu descobri era quase invariavelmente este: depois de alguns minutos, minha alma era levada à confissão, à ação de graças, à intercessão ou à súplica; de modo que, embora eu não me dedicasse a oração, por assim dizer, mas à meditação, isso tornava-se, quase que, imediatamente, mais ou menos em oração.

Após ter meu momento de confissão, intercessão, súplica ou ação de graças, sigo para as próximas palavras ou versículo, transformando tudo, à medida que leio, em oração por mim ou pelos outros, visto que a Palavra pode conduzir-nos a isso; mas sempre mantendo em vista que alimentar minha própria alma ainda é o objetivo da minha meditação. O resultado disso é que há sempre uma boa dose de confissão, gratidão, súplica ou intercessão misturados à minha meditação, e meu homem interior, quase sempre, é igualmente e de forma sensata, alimentado e fortalecido; e assim ao café da manhã, com raras exceções, já estou em um estado de espírito tranquilo, quando não, feliz. Deste modo, o Senhor também tem o prazer de comunicar-me aquilo que, logo em seguida, descubro ser alimento para outros crentes, embora não fora por causa da exposição pública da Palavra que me dedicara a meditar, mas para o benefício do meu próprio homem interior[10].

9. Você Deve Orar a Escritura Porque Isso Ajuda a Expressar-te Adequadamente.

Quando você ora, você está se dirigindo ao Soberano Supremo do universo. Como exaltar adequadamente tal Pessoa? Como arrepender-se de seus pecados e pedir-Lhe para perdoá-lo apropriadamente? Como agradecer devidamente a tal Pessoa? Sim, você deve ser você mesmo. Não há nenhuma virtude inerente em fazer orações no estilo shakespeareano. Mas quando você ora a Escritura, você usa os verbos, substantivos, adjetivos, advérbios, preposições e conectivos inspirados por Deus. Você poderia orar: “Deus, o Senhor é realmente grande, bondoso e poderoso”. E isso é bom. Não há nada de errado com isso. Mas você pode ser mais expressivo. Você pode expressar-se ainda mais vividamente, mais intensamente. Por exemplo, você poderia orar o Salmo 145:1-3: Exaltar-te-ei, ó Deus meu e Rei; Bendirei o teu nome para todo sempre. Todos os dias te bendirei e louvarei o teu nome para todo o sempre. Grande é o Senhor e mui digno de ser louvado; A sua grandeza é insondável.

Ou, depois de pedir a Deus para agir, em alguns aspectos específicos, você poderia citar Daniel 9:18: “Não lançamos as nossas súplicas perante a tua face fiados em nossas justiças, mas em tuas muitas misericórdias”.

Ou se você não está muito certo do que fazer, você pode orar 2 Crônicas 20:12b: “Não sabemos nós o que fazer; porém os nossos olhos estão postos em ti”.

10. Você Deve Orar a Escritura Porque Isso Conserva Suas Orações Puras e Específicas.

Toda semana, as pessoas tendem a sentar-se no mesmo lugar em sua igreja. Estudantes tendem a se sentar no mesmo lugar de sua classe. O Google pode prever, com precisão assustadora, quando e quais sites você vai visitar online. Os supermercados que usam cartões de supermercado especiais podem prever, com precisão alarmante, quando e o que cada cliente vai comprar. Aqueles que me conhecem muito bem podem prever, com quase 100% de precisão, quando vou acordar todas as manhãs e o que vou pedir quando for comer no [restaurante] Chipotle.

Somos criaturas de hábitos. E isso não é ruim. Mas às vezes isso pode tornar-se uma coisa ruim. Às vezes, podemos entrar numa rotina ruim quando se trata de disciplinas espirituais, tais como a leitura da Bíblia e a oração: nossa rotina pode se tornar maçante e chata, até mesmo improdutiva.

Uma maneira útil de evitar uma rotina de oração ruim é orar a Escritura. Isso conserva suas orações puras e específicas.

John Piper diz:

Se eu tentar orar por pessoas ou eventos, sem ter a Palavra na minha frente, guiando minhas orações, várias coisas negativas acontecem. Uma delas é que eu tendo a ser muito repetitivo o tempo todo e simplesmente oro as mesmas coisas sempre… Mas a Bíblia… me fornece temas bíblicos para orar, para que eu não faça orações com pedidos vazios e vagos, como: “Deus, abençoe isso” e “Deus, abençoe aquilo”. Pelo contrário, estou pedindo coisas específicas que a Bíblia ordena [11].

Da mesma forma, Don Whitney observa:

Uma das razões pelas quais Jesus proibia a repetição vazia de orações é porque é exatamente assim que estamos propensos a orar. Embora não me limite, meramente, a fazer orações decoradas, minha própria tendência é orar, basicamente, as mesmas coisas de sempre, sobre as mesmas coisas de sempre. E não demora muito para que isto fragmente a atenção e congele a essência da oração. O problema não é orarmos sobre as mesmas coisas de sempre, pois Jesus nos ensinou (em Lucas 11:5–13; 18:1–8) a orar com persistência por coisas boas. O problema está em sempre orar por essas coisas com as mesmas palavras indiferentes e costumeiras.

Na minha experiência, a solução quase infalível para este problema é orar através de uma passagem da Escritura, particularmente uma dos salmos, ao invés de fazer uma oração do meu jeito. Orar desta forma é simplesmente tomar as palavras da Escritura e usá-las como minhas próprias palavras ou como pontos para o que dizer a Deus[12].

11. Você Deve Orar a Escritura Porque Isso Mantém Suas Orações em Proporção Bíblica.

Uma das muitas razões pelas quais a pregação expositiva é prudente é que ela, de maneira sistemática, explica e anuncia a Escritura proporcionalmente. Aqueles que pregam por tópicos, tendem a falar repetidamente sobre os mesmos assuntos limitados. Pregadores expositivos são impelidos a falar sobre uma variedade rica de assuntos na proporção das Escrituras, ou seja, o texto sempre levanta múltiplas questões.

Da mesma forma, tendemos a orar sobre as mesmas questões limitadas, repetidamente. Mas se orarmos a Escritura enquanto a lemos, isso nos impelirá a orar sobre uma variedade rica de assuntos, na proporção bíblica.

12. Você Deve Orar a Escritura Porque Isso Ajuda a Compreendê-la Melhor.

Quando você ora a Escritura, você deve pensar cuidadosamente sobre o que você está dizendo. Para orar a Escritura, você precisa ter uma ideia do que a Bíblia quer dizer em seu contexto. O processo de orar a Escritura impõe que você faça perguntas sobre ela que você não faria se estivesse simplesmente lendo. Ao invés de apenas ler uma passagem da Escritura para entender o que significava na época, quando você ora a mesma Escritura, você deve entender tanto o seu significado para a época quanto o significado que ela tem para você hoje. Isso constantemente requer o uso de teologia bíblica, especialmente ao ler o Antigo Testamento.

John Piper explica isso, quando oramos a Escritura:

Você ficará surpreso ao ver quantas ideias aparecem, à medida que você realmente leva as Escrituras a sério e tenta praticá-la em sua vida. Se você tiver problemas teológicos ou de interpretação, diga ao Senhor que você continuará a trabalhar nisso mais tarde e siga em frente. Se nos empenharmos em obedecer o que nós já entendemos, mais luz virá nas partes mais complicadas[13].

Conclusão

Estratégias

Você pode estar pensando: “Certo. Estou convencido. Eu devo orar a Escritura. Mas não sei como”. É muito simples. Conforme você lê e estuda a Bíblia, você pode responder:

  1. Louvando a Deus
  2. Exultando com as verdades gloriosas
  3. Agradecendo a Deus por bênçãos específicas
  4. Pedindo a Deus para perdoá-lo
  5. Pedindo a Deus para te ajudar ou a alguém, em relação a um assunto específico.

Kevin DeYoung usa “3 Rs” como um lembrete:

  1. Rejubilar
  2. Regenerar (arrepender-se)
  3. Rogar.

Ele afirma que você pode orar praticamente qualquer versículo da Bíblia usando essa estratégia[14].

John Piper observa que, uma vez que você lê sua Bíblia e aprende a orá-la, “Você consegue orar durante todo o dia, pela prática constante”[15]. Ele sugere uma técnica de dez passos para os iniciantes[16].

Uma maneira de aprender a orar a Escritura é orar as orações no livro de Ray Ortlund sobre Romanos, enquanto lê a carta de Paulo aos Romanos[17]. Ortlund parafraseia a carta de Paulo aos Romanos e, em seguida, em espírito de oração, medita nela, passagem por passagem. Ele nem sempre ora o texto diretamente, usando a linguagem da própria Escritura, então é um pouco diferente do que Piper e DeYoung sugerem. Mas esta abordagem pode te ajudar na caminhada, para que você possa fazer o mesmo com o restante das Escrituras.

Oração de Encerramento

Esta oração é uma adaptação dos Salmos 25:4–7; 31:3,15; Rm 15:13; e Fp 1:9–11:

Mostra-nos teus desígnios, Senhor,
Ensina-nos os teus caminhos.
Guia-nos na tua verdade e ensina-nos,
Pois tu és Deus, nosso Salvador,
E nossa esperança está em ti todo o dia.
Lembra-te, Senhor, da tua grande misericórdia e do teu amor,
Pois são desde os tempos antigos.
Não te lembres dos pecados da nossa juventude
e nem de nossos caminhos rebeldes;
Lembra-te de nós, segundo o teu amor,
Pois tu, Senhor, és bom.
Tu és a nossa rocha e a nossa fortaleza,
Guia-nos e conduza-nos por amor do Teu nome…
Nossas vidas estão em tuas mãos. Nosso futuro está em tuas mãos.
Que tu, ó Deus da esperança, nos encha de todo o gozo e paz, ao confiarmos em ti, para que possamos transbordar de esperança no poder do Espírito Santo.

Esta é a nossa oração: que o nosso amor aumente mais e mais em pleno conhecimento e toda a percepção, para que possamos ser capazes de discernir o que é melhor e sermos sinceros e inculpáveis para o Dia de Cristo, cheios do fruto de justiça, que vem por meio de Jesus Cristo, para a glória e louvor de Deus.

[1] Outro exemplo é a oração de Daniel, citando acontecimentos bíblicos, em Dn 9:2-3 (ARA, ênfase adicionada): “No primeiro ano de seu reinado [i.e., de Dario], eu, Daniel, entendi, pelos livros [NVI: compreendi pelas Escrituras], que o número de anos, de que falara o Senhor ao profeta Jeremias, que haviam de durar as assolações de Jerusalém, era de setenta anos. [NVI, NBV: Por isso] Voltei o rosto ao Senhor Deus, para o buscar com oração e súplicas, com jejum, pano de saco e cinza”. (Salvo indicação em contrário, as citações bíblicas são da Bíblia Sagrada, versão Revista e Atualizada®, copyright© 1993 por João Ferreira de Almeida, publicado pela Sociedade Bíblica do Brasil. Usado com permissão. Todos os direitos reservados). Então, Daniel leu a Bíblia (especificamente, Jeremias) e, portanto, respondeu com fervorosa oração. E sua oração em Dn 9 está citando acontecimentos bíblicos. Por exemplo, ele ora no v.13, “Como está escrito na Lei de Moisés”.

[2] O NT aplica o Salmo 22 tipologicamente. Jesus repete a experiência de Davi no Salmo 22 num nível mais profundo, culminando na história da salvação. Por causa de passagens como 2 Samuel 7 e o Salmo 2, Davi tornou-se um “tipo” ou um modelo de seu Filho maior, o Messias prometido. Isso não quer dizer que tudo o que aconteceu com Davi ecoa em Jesus, mas o Novo Testamento interpreta muitos dos grandes temas da vida de Davi dessa maneira (veja o Salmo 16:8–11 em Atos 2:24–28 ou o Salmo 45:6-7 em Hebreus 1:8-9), especialmente aqueles que focam o sofrimento, a fraqueza, a traição de amigos, e o desânimo de Davi (por exemplo, no Salmo 22, as narrativas da paixão).

Jesus repete a experiência de Davi no Salmo 22 num nível mais profundo, culminando na história da salvação. Jesus chama a atenção para o Salmo 22, citando o 1º versículo na cruz. E o Evangelho de João conecta o sofrimento de Jesus com o Salmo 22, referindo-se à sede do justo sofredor (veja João 19:28 com o Salmo 22:15) e as mãos e os pés perfurados (veja João 19:18,34,37; 20:25–27 com o Salmo 22:16).

[3] John Piper comenta João 15:7: “Existe uma conexão diretamente proporcional entre o quanto as nossas mentes estão moldadas pelas Escrituras e o quanto as nossas orações são respondidas”. (“Dicas para Orar a Palavra”, 09 de janeiro, 1984, http://www.desiringgod.org/articles/tips-for-praying-the-word?lang=pt).

[4] Ver Let Go and Let God? A Survey and Analysis of Keswick Theology, Andrew David Naselli (Bellingham, WA: Logos Bible Software, 2010), 236-47. [Sem tradução para o português].

[5] Um Chamado à Reforma Espiritual: Prioridades de Paulo e suas orações, D.A. Carson. (Editora Cultura Cristã, 2007).

[6] “Should I Use the Bible When I Pray?”, John Piper, 28 de setembro de 2007, http://www.desiringgod.org/interviews/should-i-use-the-bible-when-i-pray. [Sem tradução para o português].

[7] Na verdade, se você lidar erroneamente com a Escritura você pode se enganar ao orar. Mas não é possível errar ao orar a Escritura se você estiver lidando corretamente com a Escritura que você está orando.

[8] A Passion for God: Prayers and Meditations on the Book of Romans, Raymond C. Ortlund Jr. (Wheaton: Crossway, 1994), xiv. [Sem tradução para o português].

[9] Em busca de Deus (Teologia da Alegria) – A Plenitude da Alegria Cristã, John Piper (Ed. Vida Nova, Shedd Publicações, 2008).

[10] Autobiografia de George Müller (comp: Fred Bergen; London: Nisbet, 1906), 152-54; citado em Em busca de Deus, Piper.

[11] “Should I Use the Bible When I Pray?”, John Piper.

[12] Disciplinas Espirituais Para a Vida Cristã, Donald S. Whitney (Editora: Batista Regular, 2009).

[13] “How To Pray For Half-an-Hour,” John Piper, 05 de janeiro de 1982, http://www.desiringgod.org/resource-library/taste-see-articles/how-to-pray-for-half-an-hour. [Sem tradução para o português].

[14] “How to Pray Using Scripture”, Kevin DeYoung, 04 de janeiro de 2013, http://thegospelcoalition.org/blogs/kevindeyoung/2013/01/04/how-to-pray-using-scripture/. [Sem tradução para o português]. 

[15] “How To Pray For Half-an-Hour,” John Piper.

[16] “Dicas para Orar a Palavra”, John Piper.

[17] A Passion for God: Prayers and Meditations on the Book of Romans, Raymond C. Ortlund Jr. (Wheaton: Crossway, 1994).

Publicado originalmente em Themelios.

Traduzido por Alessa Mesquita do Couto.

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