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Detesto admitir que o título desta postagem frequentemente descreve o meu lar. Nunca perco a calma com minha esposa, com minha equipe ou com minha congregação (bom, pelo menos é o que parece para mim). Mas, infelizmente, muitas vezes me sinto (e ajo?) como aquele personagem (Raiva) de Divertida Mente, quando se trata de meus filhos. Muitos suspiros frustrados, vozes alteradas e tons agudos (e me refiro somente aos pais!).

Em Efésios 6.4, Deus diz aos pais (embora tudo bem que as mães ouçam também) para criarem os filhos na disciplina e instrução do Senhor. Ele também alerta sobre não provocar nossos filhos à ira. Então, como fazer uma coisa sem esbarrar na outra? Como disciplinamos filhos mal-comportados sem, por sua vez, irritá-los desnecessariamente?

Ao comentar Efésios 6.4, Martyn Lloyd-Jones, em seu livro (Vida no Espírito, ed. PES), oferece sete princípios para controlar nossa ação disciplinar como pais. As observações e os comentários são meus. As citações são do Doutor Lloyd-Jones.

1. Autocontrole

“Seremos incapazes de exercer verdadeira disciplina, a menos que antes sejamos capazes de exercer autocontrole e disciplinar nossos próprios ânimos.”

O objetivo é que as crianças fiquem menos irritadas, não que os pais se juntem à elas em sua fúria. Uma explosão de raiva geralmente dá uma sensação boa, e pode realmente produzir resultados a curto prazo, mas o fruto será condicionamento, e não a doçura do evangelho. Lembro-me das muitas vezes em que tive de voltar a meus filhos mais tarde e dizer-lhes que estava arrependido por responder aos seus pecados de maneira pecaminosa.

2. Previsibilidade

“Para que um pai exercite esta disciplina do jeito certo, ele nunca deverá ser inconstante. Não há nada mais irritante para quem sofre disciplina do que a sensação de que a pessoa que a está disciplinando é inconstante e insegura. Não há nada mais irritante para uma criança do que o tipo de pai cujos humores e ações você nunca pode prever, é instável e cuja condição é sempre incerta. Não há pior tipo de pai do que aquele que um dia, de modo gentil, é condescendente e permite que a criança faça quase tudo o que gosta, mas que no dia seguinte, se inflama de raiva se a criança não faz praticamente nada.”

Bem, Lloyd-Jones acertou em cheio ao me descrever como pai. Gostaria que não fosse assim, mas tem dias em que sou todo doces e pirulitos (literalmente, para o desgosto de minha esposa). Mas quando estou cansado e estressado o pavio fica curto rápido demais. Como meus filhos saberão como quero que eles ajam, se eles não sabem o que esperar de minhas ações?

3. Disposição Para Ouvir

“Outro princípio muito importante é que o pai nunca deve ser insensato ou estar indisposto a ouvir o lado da criança. Não há nada que aborreça mais aquele que está sendo disciplinado do que a sensação de que todo o procedimento é totalmente inadequado. Em outras palavras, um pai completamente ruim não levará em consideração nenhuma circunstância, ou não ouvirá nenhuma explicação aceitável.”

Sei que Lloyd-Jones está certo na teoria, mas daí eu penso: Ele nunca conheceu nenhuma criança americana do século XXI. Parece que nossos filhos sempre têm uma desculpa para seu pecado. Eles estão sempre prontos a racionalizar. Quando percebem a disciplina chegando, as crianças de repente se transformam nos lógicos mais perspicazes do mundo, preparados com a argúcia legal de um grande sábio. Elas certamente podem tornar este princípio difícil de cumprir. Ainda assim, não devemos pensar que sempre sabemos de tudo. Se ouvirmos com calma (somente por um minuto e depois seguirmos em frente), podemos aprender algo, e nossos filhos podem ficar mais confiantes.

4. Sem Egoísmo

“Mas há outro princípio a ser considerado: O pai e a mãe nunca devem ser egoístas. Minha acusação aplica-se a pessoas que não reconhecem que a criança tem sua própria vida e personalidade; parecem pensar que elas são inteiramente para seu prazer ou para seu uso.”

Essa é uma boa lembrança. Meus filhos não são meras distrações para o meu progresso ou obstáculos à minha tranquilidade, mesmo em seus piores momentos. Eles são feitos à imagem e semelhança de Deus, e amados por Ele. Eles sentem as coisas, assim como eu. Eles são seres humanos, não restrições ou projetos pessoais.

5. Sem Ser Mecânico

“Correção e disciplina nunca devem ser administradas de maneira mecânica. Há pessoas que acreditam na disciplina por si só. Isso não é ensinamento bíblico, mas filosofia de Sargento-mor… Isso nunca deve ser pensado em termos de apertar um botão e esperar um resultado óbvio a se seguir. Essa não é a verdadeira disciplina; isso não é nem humano. Faz parte do campo da mecânica. A verdadeira disciplina é sempre baseada na compreensão; ela tem algo a dizer por si mesma, tem uma explicação para dar.”

Se seu livro favorito sobre como educar filhos tiver fórmulas simples e à prova de erros em todas as suas páginas, para transformar desobediência em correção, para então chegar à submissão sincera, o melhor que você pode fazer com essas páginas (provavelmente) será rasgá-las e usá-las como lenços umedecidos. Não dá para treinar nossos filhos como o cara que treinou os pássaros predadores de Jurassic World. Nossos filhos são mais complicados do que esses pássaros (e menos violentos, espero).

6. Sem Severidade

“A disciplina nunca deve ser severa demais. Aqui está, quem sabe, o perigo que muitos pais enfrentam atualmente, ao verem a total indisciplina sobre eles, e ao corretamente lamentarem e a condenarem. O perigo é ser tão profundamente influenciado por essas aversões e acabar indo direto para o outro extremo e tornar-se severo demais. O contrário de nenhuma disciplina não é crueldade, mas sim, disciplina equilibrada, controlada.”

É possível ser rígido demais em nossa disciplina. Filhos precisam de limites, não de hematomas. Precisam ser admoestados, não repreendidos severamente.

7. Deixando-os Crescer

“Nunca devemos falhar em reconhecer o crescimento e o desenvolvimento das crianças. Este é outro defeito alarmante dos pais que, graças a Deus, não se vê tão frequentemente agora como antigamente. Mas ainda há alguns pais que continuam a tratar seus filhos, por toda a vida, como se nunca tivessem superado sua infância. Os filhos podem estar com 25 anos, mas ainda as tratam como se tivessem cinco.”

Seus filhos serão sempre seus filhos. Mas eles nem sempre serão crianças bagunceiras, pré-adolescentes respondões, colegiais temperamentais ou universitários sabichões. Pelo menos assim me disseram. Precisamos deixar Deus fazer o trabalho que somente Ele pode fazer, e confiar que Ele fará todo o trabalho que não podemos. Filhos crescem. E pais também.

Traduzido por Marq.

 

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