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No dia 19 de junho de 1834 na vila Kelvedon, no condado Essex, Inglaterra, nasceu Charles Haddon Spurgeon, aquele que ficaria conhecido como “o príncipe dos pregadores”. Ele era neto de James e filho de John, ambos fiéis ministros congregacionais que exerciam com zelo o pastorado. 1

No começo de sua adolescência, na casa do seu avô na vila de Stambourne, Spurgeon teve contato com a literatura puritana. Ele leu livros como “O peregrino”, de John Bunyan; “Um guia seguro para o céu”, de Joseph Alleine, entre outros livros de autores puritanos. 2 A despeito de ter nascido em um lar cristão, e ter sido exposto a esse conteúdo, ele ainda não era convertido. 3

Após alguns anos, sob forte convicção de seu pecado, no dia 6 de janeiro de 1850, numa manhã de domingo, quando caminhava em direção a uma igreja no vilarejo de Colchester, foi impedido de prosseguir devido a uma tempestade. Para fugir da nevasca, à procura de abrigo, ele entrou em uma pequena capela metodista. Naquele lugar havia poucas pessoas, aproximadamente uma dúzia de irmãos ouvindo um humilde pregador ler o texto de Isaías 45:22, que diz: “Olhai para mim e sede salvos, vós, todos os limites da terra”. Aquele homem exortava a pequena congregação a olhar para Jesus Cristo, olhar para Ele pela fé, isto é, confiar somente em Jesus Cristo para a salvação. Sobre esse acontecimento, Spurgeon escreveu:

“imediatamente eu vi o caminho da salvação. Foi como quando a serpente de bronze foi levantada, as pessoas olharam e foram curadas – assim aconteceu comigo”. 4

Nesse dia Spurgeon, pela graça de Deus, foi convertido a Cristo aos 15 anos de idade. Como quando o peregrino do livro de Bunyan teve o encontro com a cruz e seu fardo caiu, Spurgeon olhou para Cristo e encontrou alívio para a sua alma aflita e perdão para os seus pecados.

Naquele mesmo ano foi estudar a poucos quilômetros da cidade de Cambridge. 5 No dia 04 de abril de 1850, foi batizado e participou pela primeira vez da ceia do Senhor na igreja Batista de St. Andrews. No ano seguinte, quando tinha 16 anos de idade, Spurgeon pregou o seu primeiro sermão em uma pequena casa de campo, em Taversham, e nessa ocasião seu dom de pregação já começou a ser notado. Aos 17 anos, tornou-se pastor auxiliar em uma pequena capela batista no pequeno vilarejo de Waterbeach, em Cambridgeshire, na Inglaterra. 6

Em 1854, quando tinha 20 anos, Spurgeon foi convidado para pastorear a maior e mais famosa igreja Batista calvinista de Londres, a capela de New Park Street. Essa igreja já havia sido pastoreada por batistas renomados como Benjamin Keach e John Gill. Porém, naquele momento estava em decadência a ponto de reunir aproximadamente duzentas pessoas em um auditório que comportava mil e duzentas pessoas. 7

Todavia, pela graça de Deus, com a pregação de Spurgeon em menos de um ano o auditório precisou ser ampliado devido ao grande número de ouvintes. Historiadores registram que naqueles dias, Londres presenciou um interesse tão grande pelo cristianismo que não se via desde os tempos de Wesley e Whitefield. É importante pontuarmos que embora a popularidade de Spurgeon fosse crescente, ele colecionava tanto admiradores quanto opositores.

Nessa época a quantidade de pessoas na Capela de New Park Street era tão grande que congestionava as ruas das proximidades, tornando-as intransitáveis. Ainda houve a tentativa de ampliar a capela em 1858; todavia, era necessário um local ainda maior. Por isso, foi construído o Tabernáculo Metropolitano, em Newington, que foi aberto em 25 de março de 1861 com a capacidade de receber cerca de doze mil ouvintes.

O pregador casou-se em 1856 com Suzannah Thompson e tiveram dois filhos gêmeos, chamados Thomas e Charles, e ambos se tornaram pastores. Spurgeon chegou a pregar trezentas vezes em um ano. No dia 7 de outubro de 1857 ele chegou a pregar para exatamente 23.654 pessoas. Ele era um dedicado evangelista, tanto nos púlpitos quanto individualmente. Certa vez um crente falou a seu respeito: “Tenho visto auditórios de 6.500 pessoas inteiramente levadas pelo fervor de Spurgeon. Mas ao lado de uma criança moribunda que ele levara a Cristo, o achei mais sublime do que quando dominava o interesse da multidão”. 8

Esse zelo evangelístico pode ser observado em trecho de um dos seus livros no qual orientou seus alunos dizendo:

De tudo que eu gostaria de dizer-lhes, o resumo é este: meus irmãos, preguem a CRISTO, sempre e para sempre, Ele é todo o Evangelho. Sua pessoa, seus ofícios e Sua obra devem constituir o nosso grande e todo-abrangente tema. O mundo continua precisando ouvir falar de Seu Salvador e do caminho para chegar a Ele. 9

Além de ser um reconhecido pregador, Spurgeon também atuou em outras áreas. Escreveu dezenas de livros os quais foram traduzidos em várias línguas, e, também, fundou e dirigiu um orfanato e um “Colégio dos pastores”. 10

Entretanto, apesar de sua notoriedade pública, o príncipe dos pregadores não tomava a glória do seu sucesso ministerial para si, pelo contrário, atribuía tudo a Deus em resposta às orações dos irmãos, como vemos na seguinte citação:

Na sala que está embaixo, há trezentos crentes que sabem orar. Todas as vezes que prego eles se reúnem ali para sustentar-me as mãos, orando e suplicando ininterruptamente. Na sala que está sob os nossos pés é que se encontra a explicação do mistério dessas bênçãos. 11

Nos seus últimos anos de vida, sofreu de muitas enfermidades, como doenças nos rins e gota. 12 Pregou pela última vez no Tabernáculo Metropolitano, no dia 6 de junho de 1891. Morreu no sul da França, em Nice, no dia 31 de janeiro de 1892, aos 57 anos. 13 Em sua lápide, no cemitério de Norwood, estão gravadas as palavras: “Aqui jaz o corpo de Charles Haddon Spurgeon esperando o aparecimento do seu Senhor e Salvador JESUS CRISTO.” 14

O presente texto é apenas um brevíssimo resumo da biografia de Spurgeon. Esse servo de Deus deixou um imenso legado para muitas gerações. Por meio de seu testemunho, pregações e escritos, inúmeros pecadores têm conhecido o evangelho de Jesus Cristo, e não são poucos os que têm sido estimulados a viverem vidas dedicadas ao Senhor, zelando especialmente pela propagação das boas novas de Jesus Cristo.

Sendo assim, espero que a vida desse fiel servo do Senhor também sirva de estímulo para a sua jornada cristã, enquanto você serve ao Senhor, rumo à cidade Celestial. Soli Deo Gloria.

 

1 LAWSON, Steven. O Foco Evangelístico de Charles Spurgeon . São José dos Campos, SP: Editora Fiel, 2012, p. 23.

2 FERREIRA, Franklin. Servos de Deus. São José dos Campos, SP: Editora Fiel, 2014, p. 348.

3 LAWSON, Steven. O Foco Evangelístico de Charles Spurgeon . p. 24.

4 Ibid., p. 24.

5 FERREIRA, Franklin. Servos de Deus.p. 384.

6 Ibid., p. 384

7 Ibid., p. 384

8 BOYER, Orlando. Heróis da fé. Rio de Janeiro: CPAD, 2010, p. 192.

9 SPURGEON, Charles H. Lições aos meus alunos : Homilética e teologia pastoral. Vol.2. Editora PES, 2002, p. 119.

10 BOYER, Orlando. Heróis da fé. p. 193.

11 Ibid., p. 193

12 LAWSON, Steven. O Foco Evangelístico de Charles Spurgeon . p.33

13 FERREIRA, Franklin. Servos de Deus. p. 356.

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