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A temporada de formaturas está chegando.

E isso significa que, além de muita pompa e circunstância, muitos jovens estão pensando no que vem a seguir. Eles estão fazendo a pergunta (e provavelmente continuarão a fazer pelos próximos anos): qual é o meu chamado?

Como o cara que escreveu Faça alguma coisa, não será nenhuma surpresa eu dizer que acho a linguagem do “chamado” muito exagerada nos círculos cristãos. Eis o que eu encontro nas Escrituras:

Temos um chamado superior em Cristo para estar com Jesus e ser como Jesus (Fp 3.14). Nós fomos chamados à liberdade, não à servidão (Gl 5.13). Deus nos salvou e nos chamou para um chamado sagrado (2 Tm 1.9). Ele nos chamou para Sua própria glória e excelência (2 Pe 1.3). Muitos de nós não foram chamados a coisas nobres (aos olhos do mundo), mas, surpreendentemente, fomos chamados a Cristo (1 Co 1.26). E se chamados, então justificados, e se justificados, então glorificados (Rm 8.30).

Em outras palavras, eu não vejo nas Escrituras onde nos é dito para esperar ou procurar por um chamado específico para uma tarefa específica na vida.

E isso inclui o ministério pastoral e o serviço missionário.

Embora eu tenha contado a história do meu “chamado ao ministério” centenas de vezes, não vejo alguma garantia bíblica de pensar que Deus use o telefone de uma forma especial para comissionar pastores e missionários para o trabalho de sua vida. Além disso, eu me preocupo que ao enfatizar a necessidade de um chamado sobrenatural do Senhor para o ministério, nós acabamos convencendo algumas pessoas que ministério e missões são para eles (quando não são), enquanto involuntariamente levamos outras pessoas (que deveriam estar servindo em uma igreja ou no exterior) a concluir que eles não podem ir sem uma palavra especial de Deus.

Isso significa que devemos abandonar a linguagem do “chamado”?

Não necessariamente. Não há nenhuma regra que diga que não podemos tirar uma palavra de nossas Bíblias em português e usar essa palavra de uma maneira diferente em conversas normais (por exemplo, é correr atrás do vento pensar que proibiremos o uso de “igreja” em referência a um prédio). Mas se vamos usar a linguagem do “chamado” fora do padrão bíblico, tenhamos cuidado sobre como usar a palavra.

Adoro conversar com seminaristas sobre como discernir um chamado para o ministério, se queremos dizer: “Como eu sei que esse é um passo sensato e apropriado para tomar?” ao contrário de “Como eu sei que recebi uma palavra especial do próprio Deus que devo ser pastor?” A maioria dos livros de ministério fala sobre três aspectos de um chamado: chamado interno (eu desejo isso), chamado externo (eu tenho dons reconhecidos por outros para o ministério e fruto discernível de maturidade) e chamado formal (me ofereceram uma posição em uma igreja particular ou ministério). Esses três elementos fazem sentido como uma abordagem prudente para tomar boas decisões.

De fato, esses três fatores podem ser usados ​​para determinar quase qualquer tipo de “chamado”. Eu deveria ser um médico? Bem, você está realmente interessado em medicina e em ajudar as pessoas? Seus amigos e familiares de confiança acham que isso combina com você? Existe uma oportunidade para você entrar nesta profissão? É claro que, às vezes, avançamos diante da oposição e tentamos forçar a abertura de portas fechadas. Mas, em geral, em uma sociedade em que temos muitas opções à nossa frente, é um bom conselho encontrar algo de que gostamos, algo em que somos bons e algo que os outros nos pedem para fazer.

Em suma, se é isso que significa “chamado” – conheça a si mesmo, ouça os outros, descubra onde é necessário, então, absolutamente, vamos tentar discernir nosso chamado. Mas se “chamado” envolve esperar ser tocado, ouvir sussurros do coração e anexar autoridade divina às nossas decisões vocacionais, então seria melhor abandonar a linguagem completamente (exceto como é usada na Bíblia) e trabalhar menos misteriosamente para nos ajudarmos a crescer em sabedoria.

Traduzido por Felipe Barnabé

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