×
Procurar

“O que você faz para o desenvolvimento pessoal?”

Fiz esta pergunta a vários pastores nos últimos anos. Como suspeitava, a maioria deles não está fazendo muita coisa. Citando as exigências urgentes do ministério, muitos simplesmente não priorizam a educação, a formação e a aprendizagem teológica contínua. Especificamente, isto significa que muitos não estão lendo intencionalmente livros teológicos, biografias, revistas ou outros materiais voltados para o desenvolvimento de profundidade teológica, a menos que estejam estudando para seus sermões.

Creio que esta prática está errada, que isto é ruim para o pastor e é ruim para a igreja. Se esta for sua situação, desejo convencê-lo a reconsiderar suas práticas.

Escrevo este post a partir de minhas próprias experiências. Estou no sexto ano de uma igreja sendo plantada. Vivenciei águas calmas, tormentosas e ameaçadoras. Como resultado, vi também práticas pessoais importantes serem ofuscadas por qualquer que fosse a necessidade urgente à minha frente. E creio que paguei o preço por esta negligência. Quando falo com outros pastores sobre isso, eles me encorajam a escrever algo sobre este assunto. Portanto, este artigo é um resumo de uma série de diferentes conversas com irmãos ao longo dos anos. É também uma conversa que eu adoraria ter com tantos outros pastores.

Aqui estão as realidades:

Ninguém vai fazer isso por você.

Você está encarregado de alimentar as ovelhas em sua igreja. Provavelmente é responsável pela maior parte da pregação e do ensino. Provavelmente não ouve muitos sermões ou escuta muitas aulas de capacitação. Para que você seja alimentado e possa crescer, provavelmente isto virá de tomar a iniciativa de planejar, adquirir e priorizar a leitura de livros. Isso exigirá autodisciplina para se sentar e se concentrar nos livros e depois para interagir com o que está aprendendo. Ninguém fará isso por você (e provavelmente ninguém o responsabilizará por não fazê-lo). Mas, como veremos, você não pode se dar ao luxo de não fazê-lo.

Você é limitado.

Sei que você provavelmente sabe mais do que a maioria das pessoas em sua igreja, mas você não conhece tudo aquilo que necessita saber. Você se lembra daquele sermão em que citou 2 Pedro 3.18? “Antes, crescei na graça e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo”. Você instou a congregação a priorizar o crescimento espiritual. Bem, irmão pastor, isto também se aplica a você. Você e eu temos algum trabalho a fazer.

É sua obrigação.

Não só é sua responsabilidade como cristão, mas também é sua obrigação, se você estiver no ministério em tempo integral. Como pastores, devemos procurar nos apresentar a Deus aprovados (2Tm. 2.15), estarmos imersos na doutrina, de modo que o progresso seja manifesto (1Tm. 4:15-16). Necessitamos progredir em nossa compreensão e aplicação da doutrina (e as pessoas devem notar!). Sei que como pastores, temos muitas coisas a fazer, mas você nunca tem menos a fazer do que estudar. (Nota: não estou dizendo que devemos nos sentar em nossos estudos e ler as Institutas de Calvino dia após dia e depois pregar aos domingos. Também temos muito trabalho com pessoas a fazer.)

Aqui estão algumas implicações da negligência:

Ela fecha sua abertura pessoal.

Na fotografia, a abertura é basicamente um orifício dentro de uma lente através da qual a luz entra dentro da câmera. É semelhante à pupila em nossos olhos; quanto mais dilatada a pupila, mais luz entra na retina. Se você e eu não nos entregamos ao desenvolvimento pessoal e ao treinamento, estamos fechando a nossa abertura. Como resultado, estamos reduzindo a quantidade de luz que entra. Como pastores, necessitamos de luz. Necessitamos estar crescendo não só no conhecimento, mas também na devoção ao Senhor. Tal crescimento não virá sem o treinamento na Palavra. Para nós, fechar a abertura significa diminuir a luz que entra em nossas almas. Isto tem implicações não só para nós, mas também para a igreja.

Ela limita sua influência.

Como pastores, nosso trabalho envolve a formação de pessoas no conhecimento e na aplicação da Bíblia (1Tm. 4.12; 2Tm. 2.2; 1Pe. 5.1-4). Se estivermos estagnados em nosso crescimento, iremos diminuir nossa influência no discipulado. Se queremos ter um ministério de longo prazo com influência a longo prazo, então teremos de nos entregar ao trabalho árduo a longo prazo. Isto é feito através da disciplina diária do treinamento e do desenvolvimento pessoal.

Ela promove uma cultura distorcida do ministério pastoral.

Muitas igrejas esperam que seu pastor seja um CEO, um coordenador de marca, um visionário, um administrador, um zelador e aquele que faz tudo no ministério. Portanto, muitas vezes, nos vemos presos a atividades que não fazem parte do nosso trabalho, às custas de não fazermos aquilo que realmente é o nosso trabalho. Veja, eu estive nessa situação. Tentei fazer tudo; mas para fazermos isto, inevitavelmente perderemos algo. E, irmãos, na maioria das vezes, somos tentados a deixar de lado as coisas importantes e essenciais. Em outras palavras, este tipo de negligência do desenvolvimento pessoal não apenas o machucaria, mas também prejudicaria a sua igreja. Este é o fato dolorosamente irônico: achamos que estamos fazendo o que é melhor, mas, a longo prazo, fazer tudo promoverá uma cultura distorcida sobre o ministério pastoral. Se esta é a realidade da sua igreja, sugiro passar algum tempo estudando as Escrituras sobre o que um pastor deve fazer, depois passar algum tempo ensinando isto à sua igreja. Comunique a importância de um ministério fielmente bíblico. Mova-se lentamente, mas diretamente.

Não estamos fazendo o nosso trabalho.

Já mencionei isto algumas vezes. Necessitamos ser claros sobre o que somos chamados a ser e fazer.

Como encontrar tempo para fazê-lo?

Diga “não”.

Há tantas coisas que podemos fazer todas as semanas. Mas a verdade é que há certas coisas que temos que fazer. Sempre que dizemos “sim” a algo, estamos dizendo “não” a outra coisa. Necessitamos aprender a ter mais princípios para fazer estas escolhas.

Tenha uma agenda.

Eu agendo tudo na minha vida a fim de garantir que não me desviarei do que necessito fazer. Muitas vezes, o “urgente” pode ofuscar o que é importante. Todas as segundas-feiras pela manhã, eu planejo o que devo fazer para a semana que está se iniciando. Eu agendo horários para o estudo teológico, oração, atividade física e até mesmo momentos de descanso. Todas essas coisas são importantes para mim no quadro geral. Se eu não agendar minha leitura e interação com meus estudos não relacionados aos sermões, então esta atividade acabará ficando de fora. Há algo impositivo em colocar algo em minha agenda.

Faça.

Depois de estar convencido, de priorizá-lo e agendá-lo, tudo o que resta é fazê-lo. E continuar fazendo-o!

Traduzido por Bruno Nunes.

 

CARREGAR MAIS
Loading