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Acabei de terminar um jejum digital de uma semana. Algumas partes foram difíceis, e outras partes foram surpreendentemente fáceis, mas, acima de tudo, foi revigorante estar longe das minhas telas e longe da internet o máximo possível.

Como parte do curso de ministério pastoral no Seminário Teológico Reformado (RTS) onde leciono, estabeleci que todos os 30 alunos deveriam fazer um jejum digital, e disse a eles que eu iria me juntar a eles nesta experiência. Para agradar ainda a mais pessoas, fiz minha família toda se juntar ao jejum. Embora não fosse possível nos separarmos completamente da tecnologia digital, fizemos o melhor possível de 4 a 11 de março. As regras eram estas:

  • Durante a semana, os smartphones só seriam usados para ligações telefônicas e mensagens de texto. Permitia-se também o uso do Google Maps e um aplicativo do tempo. Mas nada de jogos ou outros aplicativos no telefone.
  • Nada de televisão ou filmes.
  • O uso do computador era permitido para fins de trabalho. Estamos amarrados demais aos nossos computadores para exigir dos estudantes (ou de professores!) que mantenham o computador desligado a semana inteira.
  • Não utilizar a internet no computador, a menos que fosse absolutamente necessário para fins de trabalho. Jogos ou transmissões de vídeos estavam proibidos.
  • Não se podia utilizar qualquer tipo de mídia social.
  • Permitia-se que todos (eu incluso) checassem seus e-mail apenas uma vez por dia (e não o mantivessem aberto o dia todo como se aquilo fosse a sua “uma” vez).
  • Se um estudante sentisse que havia razões essenciais para descumprir alguma destas regras, eles tinham que anotar isto num diário e reportá-lo no final da semana.

Então, como me saí?

Eu me daria um “A” com relação às regras relativas à televisão, filmes, jogos e mídias sociais. Não liguei nem verifiquei nenhuma destas coisas.

Quanto ao uso geral da internet, provavelmente um “B +”. Não entrei intencionalmente online, mas segui alguns links que me foram enviados por e-mail. Necessitei também de buscar algumas postagens de blog antigas para fins de estudo. Considerei que era um uso legítimo da internet (mais como usar uma biblioteca do que entretenimento ou distração).

Limitar-me a checar meu e-mail uma vez por dia foi um desafio. Segui as regras minuciosamente durante a maior parte da semana, mas houve uns dois dias em que eu necessitei (ou eu achei que necessitava) acompanhar alguns e-mails importantes com diálogos contínuos, e portanto chequei algumas vezes, mas mesmo assim menos do que a minha taxa habitual. Em geral, talvez um “B-” nesta categoria.

Meus filhos se sairam bem durante a semana, considerando que retirei seus celulares e iPads e desliguei a televisão. Não se queixaram (muito). Nós, no entanto, permitimos um ou dois lapsos, para crianças doentes ou para aqueles que estavam cuidando de seus irmãos.

Apesar de que costumo estar sempre ligado ao meu smartphone e e-mail, eu realmente estava aguardando ansiosamente o jejum digital. Sabia que seria bom para mim e bom para minha família. Não estou prestes a descartar todos meus dispositivos tecnológicos (afinal de contas, estou blogando estas reflexões!), mas há uma série de lições sobre a semana passada que estou ponderando . Estas não são lições que seriam surpreendentes para a maioria das pessoas, mas mesmo assim são importantes.

1. Na verdade, não senti falta nenhuma da mídia social.

Pensava que iria sentir falta, mas, em vez disso, me senti livre por estar longe do Facebook e do Twitter e dos mangues infestados da blogosfera. Não vou sair das redes sociais, mas, com certeza, passar menos tempo nelas me parece uma boa ideia. Já há algum tempo sinto que ficar verificando as mídias sociais (especialmente o Facebook e Twitter) não me tornam mais feliz ou mais santo. Além disso, pode ser um grande desperdício de tempo. O que aconteceu foi que as vezes peguei um livro para ler ou comecei a ajudar mais em casa nas pequenas lacunas do dia, em vez de levar 10 minutos para me atualizar com a última rodada de notícias quentes.

2. Até agora, temos deixado que nossos filhos passem um tempo demasiado olhando seus dispositivos.

Minha esposa e eu ainda estamos tentando determinar quais são algumas regras possíveis, mas sabemos que restrições de tempo mais rígidas estão em ordem. Foi ótimo ver as crianças montando um quebra-cabeça, jogando jogos de tabuleiro e chamando uns aos outros para brincar, ao invés de desaparecerem por detrás de suas telas. Foi bom também ficar livre de ter que monitorar constantemente o uso de dispositivos e de ter que chamar sua atenção.

3. Todos somos mais dependentes de nossos dispositivos do que nos damos conta.

Durante a semana várias vezes peguei meu smartphone para procurar algum fato ou procurar um artigo ou obter mais informações sobre alguma pessoa famosa, e então eu me lembrei, “Ah, certo, o jejum”. Estou acostumado a ter a informação total do mundo literalmente em minhas mãos. Fiquei “atrasado” em relação às notícias da semana (como se qualquer um de nós pudesse ficar “em dia”). Nem percebi que necessitava acertar os relógios para o horário de verão até que alguém que não estava participando do jejum me avisou no sábado.

4. Usamos nossos dispositivos como uma gratificação ao longo do dia.

Estou acostumado que meu smartphone ou a televisão sejam um descanso para o meu cérebro depois de um dia (ou de 20 minutos!) de trabalho árduo. Assisto muito pouco a televisão; um programa de perguntas e respostas (Jeopardy) e esportes, e pouco mais. Mas ainda assim, senti falta de poder ligar a TV num jogo à noite, usando como background ou de assistir às finais do campeonato universitário de basquete no meu quarto de hotel, ao final de um longo dia. No entanto, não senti falta da distração constante de olhar para meu smartphone a cada vez que minha capacidade de concentração vacilava.

5. Necessitamos de melhores hábitos de e-mail.

Ou pelo menos eu necessito. Por um lado, geralmente respondo aos e-mails rapidamente e mantenho minha conta (principal) em zero ou perto disso. Por outro lado, a maneira como faço isso é verificando meu e-mail uma multidão de vezes por dia. Embora fosse difícil limitar-me a um cheque por dia (e não creio que isto seja viável constantemente), esta abordagem certamente tem suas vantagens. Por só poder verificar uma vez por dia, me certifiquei de que esta uma vez seria eficaz. Portanto, não considerei checar meu e-mail enquanto aguardava na fila do supermercado, ou logo ao acordar, ou quando tinha cinco minutos entre reuniões. Checava quando sabia que tinha pelo menos 45 minutos para responder a quantos e-mails fosse possível. Isso resultou que cuidei de tudo o que podia no ato. Isso também significava que, depois de terminar, parei. Não senti pressão para manter minha caixa de entrada em zero. Todos os livros sobre produtividade falam sobre limitar o tempo gasto com e-mail. Nisto não há nada de revolucionário. Mas tendo vivenciado isto por uma semana, quero limitar-me a um número determinado de olhadas a cada dia, em vez de ficar ligado constantemente no e-mail. Pode ser que eu perca algumas brincadeiras que teriam sido agradáveis, e talvez eu responda atrasado a alguns e-mails mais urgentes. Mas, mais do que nos damos conta, a maioria dos e-mails podem aguardar ou simplesmente ser ignorados.

Então, ao final, o que aprendi com o jejum digital é simples: menos é mais. Todos sabemos disto, mas muitos poucos de nós estão dispostos a fazê-lo. Estou convencido de que todos nós seríamos mais felizes, saudáveis, mais santos e mais produtivos se verificássemos menos e-mail, reduzíssemos as mídias sociais, ligássemos menos a televisão, frequentássemos menos o cinema e pegássemos menos nossos telefones. Com certeza, há liberdade cristã em tudo isto, mas tendo feito este jejum, estou mais decidido a não usar minha liberdade como uma licença para maus hábitos que não me ajudam como pastor, como marido, como pai ou como cristão buscando a Cristo.

Traduzido por Marq.

 

 

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