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No fim, a gente cansa!

Chegamos a mais um fim de ano e o fim das coisas normalmente é um período em que sentimos maior cansaço, não é mesmo?

A sensação de cansaço é normal quando chegamos ao fim de algum momento ou atividade muito exigentes em nossa vida. Por exemplo, pense na sensação do fim de uma longa caminhada ou de uma corrida intensa. Sentimos cansaço! Pense ainda no caso dos atletas ou crossfiteiros mais animados, quando estão trabalhando seus corpos e mentes em algum exercício muito exigente, imagine a sensação de se empreender todas as forças, concentração e energia, daquele jeito que faz doer cada fibra do corpo, ao tempo em que o cérebro tenta acompanhar os estímulos emitindo tresloucadamente comandos rápidos, despejando adrenalina pelo corpo. No fim, muito cansaço.

É assim. O cansaço é uma reação física, mas há também uma dimensão emocional e espiritual que pode dar esta mesma sensação de esgotamento, abatimento, prostração e falência.

Por exemplo, ao fim de uma batalha renhida, o guerreiro sente cansaço físico, mas seu cansaço emocional pode se prolongar por muito tempo. O mesmo ocorre ao fim de um longo tratamento de saúde, no qual o enfermo se sente suas forças completamente drenadas. O cansaço bate quando se chega ao fim de relacionamentos turbulentos ou de conflitos intermináveis.

E a experiência é semelhante quando se enfrenta o refrega da vida, ao fim de um longo dia, de uma semana puxada de trabalho ou de um mês agitado. O cansaço é todo pervasivo: corpo e alma.

Então, ao chegarmos ao fim de mais um ano, é normal sentirmos cansaço.

E quando cansamos, queremos descanso.

Precisamos de descanso

Quando cansamos, precisamos de descanso.

Quando o cansaço bate, temos uma necessidade gritante dentro da gente que anela o descanso. Buscamos descanso, pois necessitamos parar para respirar. Precisamos de uma pausa para relaxar o corpo e a mente extenuados. Necessitamos tirar o fio do 220V e repousar.

Mas para falar de descanso em nosso contexto brasileiro, é preciso alguma cautela. Pois na cultura brasileira temos uma certa má fama que nos acusa de sermos a terra da sombra e da água fresca, a terra da rede preguiçosa pra deitar. Temos uma certa fama de preferirmos o descanso ao trabalho, de gostarmos de feriados prolongados e de que no Brasil só se trabalha depois do carnaval. Essa ideia de descanso ocioso e preguiçoso parece estar impregnada em nosso imaginário coletivo. Não é desse tipo de descanso que estou falando – o descanso do dorminhoco, do preguiçoso, do malandro. O tipo de descanso que alivia o cansaço da alma humana não tem à ver com mera inatividade, inércia ou complacência.

O descanso que precisamos é um descanso para a alma. Um tipo de descanso espiritual que só pode ser encontrado fora da gente, acima da gente e que é prometido por Deus na Palavra dele.

O Descanso de Deus

A ideia de descanso é muito presente na Bíblia. Há duas palavras especiais usadas na Bíblia para expressar a ideia de descanso. Uma delas é de onde tiramos nossa palavra “sábado” – a palavra Shabbat. Essa é a palavra usada para falar do descanso de Deus após concluir sua obra de criação. O sentido desta palavra é ativo: é deixar de fazer algo que está sendo feito e passar a fazer outra coisa. . Esta palavra não implica em inatividade, ao contrário, há nela um sentido de vigiar, de guardar, de observar.

Por isso essa palavra também foi usada para se referir ao dia que Deus separou e santificou para o culto de adoração que deveria ser dado a ele. Antes mesmo da entrega da lei dos Dez Mandamentos, lemos em Êxodo 17, na ocasião em que Deus entrega o maná para o povo no deserto, que este dia do sábado era separado e santificado por Deus – e o povo já sabia disto e já guardava o sábado.

Há também na Bíblia uma outra palavra para descanso: a palavra hebraica Nuwach. Esse descanso é aquele que significa “repousar”, “acalmar”, “aquietar”, literalmente, “colocar no chão”. Ela aparece em muitos lugares da Bíblia. Mas há um uso especial desta palavra, que aparece e Êxodo 33.14, quando Deus promete que ele mesmo daria esse tipo de descanso para seu povo. Para entender melhor o impacto desta promessa, é interessante lembrarmos o que estava acontecendo com o povo de Deus naqueles dias.

O povo de Israel estava cansado

O livro de Êxodo começa contando a história de que por séculos o povo israelita havia sido escravo de uma nação estrangeira. Eles já nem lembravam direito quem eram.

Escravos, não tinham direito a nada. Sua porção na terra era o sofrimento, a ignomínia, a indignidade que vinham acompanhados da dor da vergonha, da angústia do luto, do sofrimento das perdas, da aflição das dores, da frieza da desesperança. O povo estava cansado.

Mas aí aparece um homem já idoso, já cansado, com seus 80 anos. Alguém com muita história para contar, que na tenra infância escapou da ordem de assassinato de um rei tirano e acabou sendo criado no palácio desse mesmo rei e que depois de homem feito, perdeu as estribeiras e ao defender um conterrâneo seu, matando um homem. Alguém que largou tudo o que tinha e fugiu para o deserto e que lá escreveu a segunda parte de sua vida, como um homem simples, um pastor de ovelhas.

Este homem cansado, de nome Moisés, ouviu uma chamada sobrenatural em suas andanças pelo deserto. Ouviu uma voz celestial que lhe fez uma promessa, uma voz que disse que conhecia o cansaço do povo. Em Exôdo 3.4 -7, Deus diz a Moisés que “viu a aflição de seu povo; que ouviu o seu clamor e que conhece seu sofrimento”, e que resolveu descer até este lugar de opressão, de lutas e cansaço e conduzir seu povo até uma terra de descanso – uma terra que mana leite e mel.

Então, Deus usa Moisés poderosamente para livrar o povo da opressão do Egito. Deus faz promessas ao povo e Moisés, cheio de confiança, lidera o povo rumo à terra de descanso.

Ele sai com mão forte do Egito, passa pelo Mar Vermelho em triunfo, mas agora tem de enfrentar o deserto. Deus aparece a Moisés mais uma vez e renova suas promessas, chamando Moisés e seu povo a uma aliança, um pacto que seria representado na forma de uma lei escrita e entregue pelo próprio Deus ao seu povo.

Essa manifestação de Deus foi um grande grande e terrível espetáculo. Na entrega da lei, Deus se manifesta e, ao entregar a lei a Moisés, prometeu mais uma vez dar-lhe por possessão a terra onde encontrariam descanso, como se lê em Êxodo capítulos 20 a 24.

Moisés subiu ao monte Sinai enquanto o povo aguardava seu retorno. Mas Moisés demorou a voltar e o povo “cansou” de esperar. O povo resolveu achar uma outra solução para seu cansaço e fabricou sua própria religião e seus próprios deuses, representados num bezerro de ouro, achando encontrar nessa saída, afinal, algum descanso. Os homens amaram sua solução e fizeram festa. Para eles seu descanso estaria nos prazeres efêmeros; estaria nas respostas fáceis encontradas numa religião falsa e fabricada; estaria no autoengano, no hedonismo e no egoísmo.

Mas esse tipo de “descanso” só aumenta o cansaço. É um descanso falso, que, no fim, traz mais fadiga pra alma e não é descanso, mas tormento. Não renova as forças, mas, ao contrário, enfraquece. Não dá brilho ao rosto, mas traz vergonha, não reduz o fardo, mas o aumenta.

A história segue mostrando que Moisés se cansou da rebeldia do povo, mas buscou a Deus em oração e pediu que Deus não se cansasse do povo, mas que tivesse misericórdia. É nesse momento que Deus oferece a resposta de Êxodo 33.14, dizendo: A Minha presença irá contigo e eu te darei descanso.

É como se ele dissesse: Moisés, EU SOU o seu descanso.

Moisés, em minha presença, há verdadeiro descanso.

Moisés, a terra que mana leite e mel oferece descanso porque eu estarei nela, junto de vocês

Moisés, ouvir a minha voz é descanso; obedecer aos meus mandamentos, é descanso; seguir os meus passos, é descanso.

Só eu posso te fazer repousar seguro, Moisés.

Moisés entendeu que Deus oferece um descanso real e redentivo. Um descanso para a alma.

Descanso para a Alma

O descanso de Deus é um descanso diferente deste que estamos mais habituados em nossa cultura. É um tipo de descanso que, mesmo que estejamos muito atarefados, podemos experimentar, que mesmo que a batalha não tenha terminado, podemos sentir. É um descanso que mesmo que o dia, a semana, o mês ou o ano não tenham terminado, nos é concedido de graça.

O descanso de Deus é especial e faz parte das promessas de Deus na Bíblia. É o descanso que proporciona um senso de tranquilidade de alma, que nos liberta de apreensões e preocupações e que faz de nós pessoas mansas e serenas. É o tipo de descanso que alivia nosso fardo, que suaviza nosso dureza, trazendo paz e renovando nossas forças. É o descanso que significa andarmos na presença de Deus.

O autor da epístola aos Hebreus no capítulo 4, verso 3 de sua carta que “nós, os que cremos, entraremos no descanso de Deus” e ele insiste, no verso 11, a que “nos esforcemos para entrar no descanso de Deus”.

Então, se você crê em Deus, tenha confiança e seja fortalecido em sua fé lembrando-se que andar segundo a vontade de Deus é verdadeiro descanso. Lembre-se que estar no meio do povo de Deus, a igreja, é descanso. Lembre-se que ouvir a voz de Deus na Palavra, na pregação, no ensino fiel das Escrituras, é descanso. Lembre-se que em dia você verá Deus face a face e experimentará o descanso final de todas as suas batalhas.

Se você não expressou ainda sua fé e crença em Deus, lembre que ele promete descanso para a alma cansada. Creia em Deus e você encontrará descanso para sua alma. Jesus Cristo em Mateus 11.14 : “Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para a vossa alma. Porque o meu jugo é suave, e o meu fardo é leve.” Vá a Jesus, e você encontrará descanso verdadeiro para sua alma.

E que Deus te dê descanso!

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