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Era hora de dizer alguma coisa. Depois de meses de comunicação desgastante, juntamente com táticas de negociação quase abusivas, eu precisava ter uma conversa franca com meu cliente. Somos todos adultos aqui, mas há um ponto em que você deixa de ser apenas um cliente exigente e se torna um antagonista.

Ela era gerente de obras de uma empresa global da qual você já ouviu falar. Ela gerenciava vários projetos que minha empresa estava construindo. Eu liguei para ela.

“Sharon, preciso falar com você sobre uma coisa. Nós realmente precisamos trabalhar na maneira como nos comunicamos um com outro. Suas constantes exigências a qualquer hora e seus gritos com a minha equipe não estão nos ajudando a terminar suas obras.. É uma distração. E nós realmente precisamos ter uma base de respeito entre nós”.

Silêncio.

Ela quase nos demitiu naquele momento. Ela me disse que não sabia o que fazer com o que eu lhe dissera.

Finalmente, Sharon mudou de ideia. Completamos as obras nas quais estávamos trabalhando de uma forma muito mais civilizada. Ela não nos dispensou. E depois que pensei um pouco mais a partir da perspectiva dela, percebi que ela era simplesmente o produto de uma cultura corporativa fria e desumana. Ela não estava tentando ser má; ela estava apenas sobrecarregada pela pressão. Seus superiores não se importavam com ela e, portanto, ela não se importava conosco.

Para Sharon, era “apenas negócios”. Ela tinha coisas a fazer, e ela as fazia. Simples assim.

Gostaria de poder dizer que nunca vejo meu próprio trabalho desta maneira, e que não vejo irmãos e irmãs em Cristo funcionando desta maneira no mundo dos negócios, mas observo isto frequentemente. Como crentes, nosso trabalho é de grande importância para Deus; e quando ignoramos o propósito do trabalho, perdemos a oportunidade de glorificá-Lo.

Como crentes, precisamos de uma cosmovisão bíblica que inclua o trabalho. Nossas vidas não consistem em trabalho, casa e igreja em categorias separadas. Nossa vida é apenas a nossa vida e o evangelho fala a cada aspecto.

Não Meras Pessoas

“É com os imortais que fazemos piadas, trabalhamos, casamos; esnobamos e exploramos, horrorosos imortais ou eternos esplendorosos,” escreveu C. S. Lewis em O Peso da Glória.

É uma coisa estranha considerar que as pessoas são seres imortais, especialmente quando algumas delas aparecem em nossas vidas apenas por um momento — por exemplo, a mulher servindo café ou o homem sentado atrás de você no trem.

Compare isso com seu chefe ou colega de trabalho. Passamos horas com as pessoas com quem trabalhamos e elas nos influenciam bem como nós as influenciamos. Esses imortais têm a mesma fome por amor, aceitação e redenção que nós temos. Eles necessitam da graça salvadora de Deus, assim como nós. E talvez — apenas talvez — o Senhor nos use para proferir uma palavra amável em um momento difícil ou para compartilhar a verdade de Cristo em um momento oportuno.

Propagandas do Evangelho

“Somos embaixadores em nome de Cristo, como se Deus exortasse por nosso intermédio.” escreveu o apóstolo Paulo. “Em nome de Cristo, pois, rogamos que vos reconcilieis com Deus” (2Co 5.20).

A luz de Cristo em nós pode ser a única centelha que os que trabalham conosco e nossos clientes alguma vez verão. Isso é assustador, porque nós carregamos sua imagem de forma distorcida. Mas o Espírito intercede por nós e nos ajuda em nossas fraquezas (Rm 8.26).

Charles Spurgeon chamou aqueles ungidos com o óleo da alegria, que vem do recebimento da salvação, de “propaganda do evangelho.” Essas pessoas, iluminadas pela verdade do que Cristo fez, andam por aí como lanternas da graça. Elas brilham com a luz de Cristo, exalando paz, amor, perdão e poder.

Como embaixadores de Cristo, devemos entender que nossas ações no trabalho pintam uma imagem dEle. Não se trata de desempenho, mas sim de um coração transformado, que vem da abundante adoração a Deus. Quando preenchemos nossas almas com adoração, mais naturalmente levaremos Jesus a todas as reuniões, teleconferências, entrevistas de emprego e visita de vendas.

Grande Propósito

Gostamos de pensar na vida marcada por grandes momentos, casamentos, funerais e aniversários. Mas, mais frequentemente, a vida se parece mais como uma manhã chuvosa de terça-feira. E portanto, muitos de nós estão entediados. Sentimos que estamos esperando por algo, quando na realidade estamos vivendo uma aventura divina neste exato momento.

“É apenas negócios”, dizem eles. Mas não é. Quando estamos lidando com seres imortais feitos à imagem de um Deus lindo, nunca é apenas negócios. É uma oportunidade divinamente apontada para mostrá-Lo e compartilhar Seu amor. Não se trata de ter um desempenho perfeito. Trata-se de desfrutar nossa posição como pecadores salvos pela graça e estarmos dispostos a oferecer o remédio espiritual com a qual Cristo nos tratou — Ele mesmo.

Traduzido por Vittor Rocha

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