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Nota do editor: A nova coluna “Thorns & Thistles” [Cardos e Abrolhos] da Coalizão pelo Evangelho busca aplicar a sabedoria, com conselhos práticos sobre a fé, o trabalho e a economia.

Quais são algumas maneiras úteis de encorajar outros cristãos que lutam para integrar sua fé ao trabalho? Para evitar ser, nas palavras de Dick Keyes, ou como o boi-almiscarado que se junta a outros cristãos e expulsa os forasteiros, ou como o camaleão que jamais dá alguma pista de que é crente?

Antes de responder a esta pergunta sincera e comum, precisamos reconhecer uma pressuposição importante. Nosso trabalho não é capaz de suportar o peso de nossa fé. Embora nossas vocações sejam tremendamente importante para que possamos cumprir o primeiro e o segundo maiores mandamentos, elas não tem capacidade para abranger o comprimento, a altura e a profundidade da pessoa e obra de Jesus Cristo e de nossa identidade como seus discípulos.

Vamos estabelecer de antemão que não podemos integrar nossa fé ao nosso trabalho; em vez disso, necessitamos integrar nosso trabalho à nossa fé. Esta reorientação, de submeter a totalidade de nossas vidas — corpo e alma — ao senhorio de Cristo, fornecerá a estrutura de que necessitamos para evitar tanto as “panelinhas santas” quanto sermos como candeias sob o alqueire.

“Panelinhas Santas”

Jesus disse que o mundo saberá que somos seus discípulos pelo nosso amor uns pelos outros (Jo 15.35). E, certamente, trabalhar com irmãos e irmãs cristãos é uma dádiva (especialmente se eles exibem os dons do Espírito) e um testemunho (já que nossas interações podem mostrar uma maneira diferente de viver).

No entanto, nossa unidade em Cristo deve ser muito mais centrífuga do que centrípeta. Jesus nos impulsiona para fora em encontros desconfortáveis e conversas difíceis. Do Gênesis ao Apocalipse, o Pai, o Filho e o Espírito operam para transformar pessoas de fora em pessoas de dentro.

Como NT Wright escreveu, “Ele não queria resgatar seres humanos para fora da criação como também nāo queria resgatar Israel dos gentios. Ele queria resgatar Israel para que Israel pudesse ser uma luz para os gentios, e da mesma maneira, ele quis resgatar seres humanos para que estes seres humanos pudessem ser seus mordomos no resgate sobre toda a criação ”.

Não fomos somos salvos de ter interações com colegas de trabalho incrédulos, mas para que tenhamos tais interações.

Candeias Sob o Alqueire

Há um certo fascínio e apelo legítimo em assistir, beber, ler e consumir as mesmas coisas que nossos colegas de trabalho. É uma alegria singular compartilhar os frutos da criação com aqueles que o Criador está chamando ao arrependimento.

Paulo ilustra isto bem. Afinal, ele procurou fazer-se tudo para com todos. Mas necessitamos nos lembrar que o apóstolo fazia isto por causa do evangelho para que ele pudesse ganhar mais pessoas para a fé (1Co 9.19-23). Nosso chamado não é para sermos transformados pela cultura. Nosso chamado é para transformar a cultura através do evangelho.

Uma coisa é adotar um passatempo, assistir a um concerto ou assumir o erro de outrem para fazer amizade com um colega de trabalho. É outra coisa, uma coisa mais sagrada, conhecê-los tão bem quanto eles nos permitirem — chorar com os que choram, nos regozijarmos quando se regozijarem. Isto leva tempo — talvez caminhar com ela na hora do almoço ou jantar com ele após o expediente — mas cultivar um relacionamento autêntico vale a pena. A confiança construída sobre coisas além do que nossas semelhanças ou estratégias missionárias, gera oportunidades naturais para testemunhar sobre a bondade e a graça de Deus.

Caminho Sobremodo Excelente

Terminamos onde começamos: nosso trabalho não foi feito para suportar o peso de nossa fé. O livro “O Peregrino”, de John Bunyan, conta a história de Cristão largando seu fardo de pecado ao olhar para o peso da cruz. Eu os encorajo a contemplar o Senhor crucificado, ressuscitado e que retornará.

Como podemos contemplar a Cristo em nosso trabalho? Ao priorizarmos a imagem de Deus em nossos colaboradores.

  • Orando por eles quando estivermos cansados e for inconveniente.
  • Comprometendo-nos com uma igreja local saudável que nos irá impulsionar e fazer parceria conosco ao amarmos nossos colegas de trabalho.
  • Convidando aquele funcionário temporário para assistir ao jogo com seus amigos.
  • Oferecendo-nos para ajudar nossa chefe a se mudar para a casa nova.
  • Sendo suficientemente ousados para dizer a nossos empregados que seu trabalho tem significado cósmico, quer eles vejam isto ou não.

E lenta mas seguramente, o fardo de equilibrar as “panelinhas santas” e as “candeias sob o alqueire” desaparecerá de vista.

Jesus está tornando novas todas as coisas, trazendo todas as coisas sob seu governo e reinado. Nosso trabalho e relações de trabalho são de extrema importância para ele, e ele não descansará até que ele os arranque de nossas mãos. Descobriremos que seu jugo e seu fardo são mais fáceis e leves do que o peso de nos preocuparmos e trabalharmos para ele em auto-suficiência. Portanto, acheguemo-nos à cruz ( Mt 11.28-30). E tal como o Cristão de Bunyan, também começaremos a cantar:

Deve aqui o fardo cair de minhas costas? Devem aqui as amarras que me prendiam a ele, romperem-se? Abençoada cruz! Abençoado sepulcro! Mais ainda, seja abençoado o Homem que foi envergonhado por mim.

Traduzido por Luiz Santana

 

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