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Nota dos editores: A coluna “Thorns & Thistles” [Cardos e Abrolhos] da Coalizão pelo Evangelho busca aplicar a sabedoria com conselhos práticos sobre fé, trabalho e economia.

Tem alguma dica sobre como ajudar um aluno do ensino médio a se empenhar nos trabalhos escolares? Meu filho faz o mínimo de esforço necessário para obter as notas que esperamos dele. Ele ama Jesus, mas nem sempre visualiza como ler obras tais como Bartleby, O Escrivão, é relevante fora da sala de aula. Ele está em uma escola cristã, e sei que seus professores estão fazendo essas conexões para ele, mas nem sempre isso é motivação suficiente para ele se aprofundar. Como podemos ajudá-lo a buscar a excelência piedosa e, ao mesmo tempo, dar-lhe espaço para ser criança?

Os estudantes do ensino médio não são tão diferentes dos adultos, ambos queremos encontrar sentido no que fazemos a cada dia Na escola e no trabalho, ambos nos envolvemos em trabalhos tediosos e enfadonhos. Ao mesmo tempo, queremos que aquilo tenha importância.

Não importa a sua idade, a tentação sempre será — nas palavras de Greg Gilbert e Sebastian Traeger — ou de idolatrar seu trabalho ou de ser indolente no seu trabalho. Ambas as tentações são, na raiz, uma desconfiança de Deus. Ou cremos que precisamos do nosso trabalho em prol da nossa identidade ou que não precisamos ter um bom desempenho porque o trabalho não importa. O apóstolo Paulo aborda essa dicotomia exortando-nos a trabalhar como se estivéssemos trabalhando para o próprio Senhor, não para os homens, porque é isso que significa ser um filho adotivo de Deus (Cl 3.23,24).

Trabalhamos para Jesus Cristo porque ele é o Trabalhador por excelência. Ele trabalhou para fazer com que o mundo existisse (Jo 1.1–3). Ele trabalha até agora como seu Salvador (2Pe 3.9), Intercessor (Hb 7.25) e Sustentador (Cl 1.17). E um dia, ele trabalhará toda a criação para a redenção plena e final, um mundo — trabalho santo e integral incluso — sem fim (Ap 21.1–5). Jesus venceu a tentação de idolatrar ou de ser indolente em sua obra, para que pudéssemos fazer o mesmo (Hb 4.14-16)

Levando em conta o assunto em questão, vamos começar dizendo que seu filho não está sozinho em lamentar sua peregrinação por Bartleby, o Escrivão. No entanto, o duplo erro da abordagem dele é o seguinte: nem todo trabalho é imediatamente gratificante, e é um passo em falso categorizar tal trabalho como irrelevante. Por causa da queda, alguns trabalhos parecerão fúteis, monótonos ou dolorosos. Contudo pelo fato de nossa recompensa pelo trabalho não ser limitada temporalmente, somos capazes de lutar e sofrer com alegria (Rm 5.23-25; Tg 1.2-4).

Eu também sou fruto de uma educação cristã no ensino médio. Lembro-me das “Conexões Cristãs” com o romancista americano Nathaniel Hawthorne nas aulas de Inglês e os apêndices apologéticos de nossas aulas de Biologia. Ouça-me quando digo que qualquer sistema educacional que procure mostrar como Cristo é tanto criativo como proeminente em todas as disciplinas acadêmicas é digno de elogio. Entretanto isso nem sempre leva um aluno apático a resplandecer em seus estudos. Ele precisa entender não apenas como Cristo está presente naquilo que ele está estudando, mas que Cristo está presente em seu trabalho em aprender.

Aqui estão quatro perguntas a serem consideradas na busca de transmitir um espírito de excelência piedosa ao seu filho:

1. Será que estabelecer um padrão de notas como a principal medida para o sucesso de seu filho o está programando a despender o esforço mínimo necessário? Uma excelência piedosa é uma busca digna e valiosa, mas não chegamos lá buscando alcançar um padrão de medida humana. Ela é fruto de persistir na vocação, o trabalho que Deus está fazendo no mundo através de nós. Tome cuidado ao treinar seu filho para estabelecer metas e padrões, e assegure-se de que sāo ambiciosos e atingíveis ao mesmo tempo.

2. Você está disposto a deixar seu adolescente ir contra a corrente da sociedade, se o Senhor assim o chamar a fazer? Seu filho pode não gostar da ideia de uma carreira tradicional depois de fazer a faculdade. Apenas 6% dos estudantes norte-americanos do ensino médio recebem exposição vocacional de trabalho no ensino médio, enquanto esse número na Europa é de quase 50%. Se a falta de gosto pelo aprendizado na escola continuar, o treinamento para trabalho técnico de alta qualificação pode ser algo a explorar.

3. Você como pai modela a excelência piedosa em sua própria abordagem ao trabalho? Testemunho com frequência pais implorando aos filhos para “trabalharem como para o Senhor” enquanto eles mesmos são governados pela perspectiva de uma promoção. Da mesma maneira como não podemos servir a Deus e ao dinheiro (Lc 16.13), não podemos servir ao sucesso mundano e também à santificação de nossos filhos. Trabalhe duro e trabalhe bem, mas não dê um exemplo de idolatria ou indolência que seu filho mais tarde precisará superar.

4. Você prioriza o envolvimento e o investimento do seu filho na igreja local? Não é bom vivermos ou trabalharmos sozinhos (Gn 2.18). Ao levar seu filho à igreja, você afirma que o trabalho dele não pode suportar adequadamente o peso de sua alma. Um dia de verdadeiro descanso, recreação e reflexão no contexto de uma comunidade da aliança é um poderoso antídoto tanto para a preguiça como para o vício em trabalho. Se Deus quiser, ele gradualmente começará a ver Jesus como belo e gracioso — digno de ser servido em todos os aspectos da vida.

A luta de seu filho adolescente com o trabalho não vai acabar tão cedo, e nem a sua. Abracem com determinação e perseverança esta luta e aprendam juntos. As pressões do mundo só aumentarão à medida que seu filho amadurecer e avançar em uma carreira. Treine-o agora sobre a maneira como ele deve ver o seu trabalho e ore para que ele se apegue à obra consumada de Cristo o tempo todo.

Traduzido por Mauro Abner.

 

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