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Ninguém gosta de estar inadequada ou inapropriadamente vestida. É por isso que, quando vamos a um evento, ligamos para nossas amigas perguntando o que elas vão vestir, e por isso que ficamos envergonhadas quando achamos que estamos vestidas bem demais ou mal demais.

Quando a história da Bíblia inicia no Éden, não há sinal de constrangimento por estarem despidos. Lemos em Gênesis 2.25: “o homem e sua mulher estavam nus e não se envergonhavam”. Afinal de contas, eles foram feitos à imagem de Deus, sobre quem o salmista afirma ser “sobrevestido de glória e majestade, coberto de luz como de um manto” (Sl 104.1-2) Evidentemente, Adão e Eva estavam revestidos em certo grau com o brilho da justiça, beleza e glória de Deus, e é por isso que não havia motivo para vergonha.

Mas isto não significa que não havia necessidade de roupas adicionais. Os antigos leitores de Moisés no Oriente Próximo teriam reconhecido a nudez como uma condição indesejável para os seres humanos, particularmente para os representantes da realeza. Adão e Eva eram representantes do grande Rei, e representantes reais na Bíblia estão sempre vestidos a altura. Considere a túnica colorida de José indicando que ele seria o chefe da família, Jônatas dando a Davi seu manto real para reconhecer que ele seria o próximo rei, e Daniel recebendo um manto de púrpura de Belsazar quando proclamado o terceiro no governo do reino.

Ao apontar que Adão e Eva estavam nus, é como se Moisés pretendesse despertar alguns questionamentos na mente de seus leitores, ele não estava tão preocupado se Adão e Eva seriam vestidos, mas como e quando seriam vestidos.

Possibilidade de Estar Vestido

Em Gênesis 1 e 2, lemos uma história que mal começa e já é interrompida e redirecionada. A intenção de Deus para o seu reino santo era que fosse não apenas bom, mas glorioso. Da mesma forma, Deus pretendia que seu povo fosse transformado em uma imagem mais completa dEle, sendo revestido da sua beleza e glória. Se Adão e Eva tivessem obedecido ao mandamento de Deus sobre a árvore proibida, eles seriam transformados de glória em glória, de um estado de justiça não testada para um estado de justiça testada e confirmada. Eles estariam completa e eternamente vestidos com uma santidade que nunca seria manchada, uma beleza que nunca seria arruinada e uma glória que nunca desapareceria.

Mas, claro, sabemos que não foi isto que aconteceu. Eles careceram da glória que Deus pretendia para eles. E então veio o ruído de passos no jardim. Eles entenderam que o pior cenário possível para um pecador é ser encontrado nu diante de Deus, então eles se apressaram para fazer roupas para si mesmos, juntando algumas folhas. Era para eles serem vestidos por Deus com vestes reais de sua justiça e glória, mas o melhor que puderam fazer foi vestirem-se de folhas da figueira no quintal.

E as folhas de figueira simplesmente não cumpriram seu papel. Eles estavam tentando esconder sua vergonha, mas sua solução incômoda, inadequada e auto estilizada claramente não funcionou.

Então, o que Deus fez? “E fez o Senhor Deus a Adão e à sua mulher túnicas de peles, e os vestiu” (Gênesis 3.21). Ao vesti-los com as peles de um animal inocente, Deus demonstrou como seria possível o seu povo um dia ser vestido no esplendor real que Ele pretendia para Adão e Eva. Um dia Ele lidaria com o pecado humano de maneira abrangente e permanente por meio da morte expiatória de um Cordeiro precioso e perfeito.

Esta esperança de ser vestido — retratada nas roupas de peles feita para Adão e Eva, mais tarde nas roupas do sumo sacerdote, e prometida pelos profetas — começou a se tornar uma realidade quando Jesus se submeteu não apenas a nascer como um bebê nu, mas para ser despido em sua crucificação. Jesus vivenciou a humilhação da nudez para que você e eu pudéssemos vivenciar a glória de estarmos vestidos.

Processo de Se Vestir

E isto não é relegado apenas ao futuro. Agora mesmo, se você está em Cristo, você está sendo santificado e ficando maravilhoso, você está sendo revestido pela justiça de Cristo. Ao nos colocarmos diante da Palavra de Deus nus e expostos, essa Palavra viva e ativa opera no interior de nossas vidas. O Espírito realiza sua obra de transformação, de modo que estamos cada vez mais envoltos nas vestes da justiça de Cristo — não simplesmente em um sentido judicial, mas na realidade de nossas vidas.

O Espírito nos capacita a deixar para trás nossa determinação rebelde de ostentar nossa vergonhosa pecaminosidade e nossa determinação de nos revestirmos de nossa própria glória, retidão e beleza. Passamos a querer colocar o “novo eu, criado à semelhança de Deus em verdadeira justiça e santidade” (Ef 4.23) Que guarda-roupa fenomenal! Quem necessita de boutiques de luxo? Quando nos concentramos em nos vestirmos desta forma, nos tornamos menos ansiosos sobre nossa aparência com as roupas físicas. Sabemos que se aquele que está vestindo os lírios do campo é o mesmo que nos veste, só podemos começar a imaginar o quão maravilhosos estamos nos tornando.

Por causa da obra do Espírito em nós, mudando a forma como pensamos sobre a nudez e vestimenta, preferimos a modéstia em vez da exposição. Ao invés de tentarmos criar um impacto com roupas que farão as cabeças se voltarem em nossa direção, queremos criar um impacto com nosso caráter, o que fará as cabeças se voltarem a Cristo. Queremos que os outros olhem para nossas vidas e perguntem onde conseguimos esta vestimenta, porque querem se tornar tão lindos quanto estamos nos tornando.

Antecipação de Estar Ainda Mais Vestida

Em 1 Coríntios 15, Paulo descreve o dia em que teremos todo o guarda-roupa pelo qual ansiamos: “A trombeta soará, os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados. Porque é necessário que este corpo corruptível se revista da incorruptibilidade, e que o corpo mortal se revista da imortalidade. (vv 52 e 53) Esta será a vestimenta final: a imortalidade.

Quando eu estava grávida da minha filha, Hope, uma amiga organizou um chá de bebê para mim. Entre as muitas coisas bonitas que recebi naquele chá, havia uma roupinha para criança de nove meses, comprada em uma das melhoras lojas de roupas infantis de Nashville. Quando Hope nasceu algumas semanas depois, descobrimos que sua vida seria muito curta. O geneticista disse que nossa expectativa deveria ser de tê-la por cerca de seis meses.

Uns dois meses depois, estávamos nos preparando para uma ocasião especial, e eu queria vestir Hope com algo particularmente lindo. Então eu levei a roupa de nove meses até a loja e perguntei se poderia trocar por outra coisa. A mulher meiga que trabalhava na loja disse: “Ah, mas você não quer guardar isso para quando ela crescer neste inverno?” Tive que explicar que Hope não viveria até o próximo inverno (o tipo de conversa estranha que tive muitas vezes durante a breve vida de Hope). Eu saí da loja com um lindo vestidinho e ela o usou no dia seguinte. Então, alguns meses depois, quando Hope morreu e eu entreguei seu corpo, o agente funerário perguntou se eu tinha uma roupa especial com a qual eu queria que Hope fosse enterrada, e eu dei a ele o vestidinho.

Hope estava lindamente vestida na sua morte. Mas, oh, quão mais lindamente vestida ela estará na ressurreição! Ela e todos os que estão em Cristo serão revestidos de pura santidade, beleza impressionante e glória radiante. No momento, apenas Jesus está completamente vestido com esta glória da ressurreição. Mas Ele é apenas o primeiro.

Nosso futuro não é um retorno à nudez do Éden. Em vez disso, Cristo tornou possível que todos os que estão unidos a Ele sejam revestidos da imortalidade. Seremos santos dos pés à cabeça, tão gloriosos que precisaremos de novos olhos para podermos olhar um para o outro. Seremos tão, tão maravilhosos — maravilhosos como Jesus.

Nota dos editores: Este é um trecho adaptado de “Even Better than Eden: Nine Ways the Bible’s Story Changes Everything about Your Story” [Ainda Melhor do que o Eden: Nove Maneiras como a História da Bíblia Muda Tudo Sobre Sua Própria História] (Crossway, 2018), e é publicado aqui em parceria com a Crossway.

Traduzido por Juliana Reimer.

 

 

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