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A internet pode ser cansativa. E isto se refere aos dias bons.

A atração de nossas telas — e as interações que elas mediam — geralmente são mais estafantes espiritualmente do que imaginamos ou do que nos estamos dispostos a admitir. Ainda não ouvi alguém voltar de um jejum digital e dizer: “Uau, isso foi terrível”. Normalmente é mais como: “Uau, eu me sinto humano outra vez”.

As Escrituras nos conclamam a “tratar todos com honra” (1Pe 2.17). Jamais foi fácil obedecer a este mandamento, mas será que alguma vez já foi mais difícil do que na nossa era das redes sociais?

Felizmente, a Palavra de Deus nos dá orientação. Aqui estão quatro maneiras de ser um cristão fiel na internet.

1. Leve as Palavras (Digitadas) a Sério

A maioria dos crentes sabe que as Escrituras têm muito a dizer sobre o poder das palavras. As passagens são numerosas. — nós as conhecemos; não são confusas nem obscuras:

A morte e a vida estão no poder da língua. (Pv 18.21)

Digo-vos que de toda palavra frívola que proferirem os homens, dela darão conta no Dia do Juízo; porque, pelas tuas palavras, serás justificado e, pelas tuas palavras, serás condenado. (Mt 12.36-37)

Não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe, e sim unicamente a que for boa para edificação, conforme a necessidade, e, assim, transmita graça aos que ouvem. (Ef 4.29)

Será que alguns de nós ainda têm a ideia de que palavras tecladas são de alguma forma menos diretas, menos reais do que palavras proferidas verbalmente? Certamente Jesus não as submeterá ao mesmo escrutínio. Twitter é trivial demais para o dia do julgamento, certo?

A realidade é que quando estivermos diante do Rei Jesus, nosso “eu online” será responsabilizado. Afinal, as nossas pessoas online são nossas verdadeiras pessoas.

2. Humanize a Outra Tribo

Em seu livro How to Think: A Survival Guide for a World at Odds [“Como pensar: Um Guia de Sobrevivência para um Mundo em Desacordo”)][20 citações], Alan Jacobs reflete sobre a tendência humana de estar constantemente esclarecendo — e ampliando — o abismo entre os que consideramos oponentes e nós mesmos. Despersonalizamos para deslegitimar.

No entanto, tais hábitos sociais têm um custo muito elevado — e não apenas para nossos inimigos. Jacobs observa:

Perdemos algo da nossa humanidade militarizando a discussão e o debate; e perdemos algo da nossa humanidade demonizando nossos interlocutores. Quando as pessoas deixam de ser pessoas porque são, para nós, meramente representantes ou porta-vozes de posições que queremos erradicar, então nós, em nosso zelo por vencer, sacrificamos a empatia: recusamos a oportunidade de compreender os desejos, princípios e receios dos outros. E este é um preço enorme a pagar pela suposta “vitória” no debate.

Isto não significa que devemos minimizar a verdade. Mas o amor se lembra disto: as pessoas são muito mais do que a soma de suas posições, por vezes erradas. A imagem da qual são portadoras não depende de seus pontos de vista.

Além disso, algumas das nossas opiniões também estão erradas. Portanto, devemos prosseguir com humildade. Nem covardia, nem tepidez, nem silêncio. Humildade.

3. Dê o Benefício da Dúvida

As palavras de Jesus em Mateus 7.12 — “Tudo quanto, pois, quereis que os homens vos façam, assim fazei-o vós também a eles; porque esta é a Lei e os Profetas.” — são tão familiares que são facilmente esquecidas. Mas a Regra de Ouro está em vigência a cada vez que manuseamos nossos smartphones.

Algumas das tentações mais insidiosas hoje — ampliadas pelas mídias sociais — são caluniar e envergonhar. Por que presumir que algo está correto, pensamos em silêncio. Por que não pular em cima? Não é como se me conhecessem. Além disso, há que se conseguir retweets.

A palavra slanderer [caluniador] aparece 34 vezes na Bíblia como uma designação para o Diabo. Ele é o grande acusador. Espelhar seus métodos nas redes sociais não é lamentável. Não é um engano. É satânico.

A calúnia também é uma forma de vandalismo. Ela desfigura a propriedade mais valiosa de Deus na Terra — seres humanos, obras de arte divinas que levam sua assinatura. Não admira que Tiago diga que palavras imprudentes surgem do inferno (Tg 3.6). Não admira que ele baseie toda a discussão na imago Dei (Tg 3.8-9).

Criada à imagem de Deus, cada pessoa possui dignidade e valor infinitos — e deve ser tratada como tal. Isto pode ser fácil de esquecer quando navegamos por uma seção de comentários ou olhamos para uma pequena foto de alguém. Mas pixels jamais poderāo encolher uma pessoa. Nossas interações online devem refletir este fato.

4. Incentive Liberalmente

A Bíblia está cheia de mandados para contribuir, servir, nos sacrificar e renunciar a nossos direitos. Mas um mandamento é flagrantemente competitivo: “Amai-vos cordialmente uns aos outros com amor fraternal, preferindo-vos em honra uns aos outros.” (Rm 12.10).

Então, como estamos indo nesta competição?

O encorajamento bíblico é uma moeda rara nos dias de hoje; portanto, é profundamente valioso. Presumir o melhor, ver o melhor e identificar o melhor nos outros — para o louvor da graça de Deus — não é natural para pecadores egocêntricos como nós. Requer auto-esquecimento. Mas demonstra uma maneira mais excelente.

O puritano Thomas Watson escreveu que um cristão humilde “estuda suas próprias fraquezas e as excelências dos outros”. Se invertermos esta ordem — estudando nossas próprias excelências e as fraquezas dos outros — provavelmente obteremos uma plataforma, mas pode ser que percamos nossas almas.

Traduzido por: Raul Flores

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