Jovens cristãos, homens e mulheres, que “ainda não casaram” lidam com muitas perguntas. A fase de vida deles desperta muitos desejos e esperanças, incertezas e inseguranças, e questões pastorais complicadas. Matt Chandler que é um marido, pai, pastor e autor de vários livros tirou um tempo para para fazer uma entrevista e responder 10 perguntas sobre o namoro.
As perguntas são o seguinte:
- O meu namorado (ou a minha namorada) é piedoso (ou piedosa) o suficiente?
- Existe “rápido demais” no namoro cristão?
- O Facebook arruína o namoro?
- A minha igreja deveria me ajudar a casar?
- Devo namorar uma garota piedosa que não considero atraente?
- Um namorado deveria “liderar” sua namorada?
- Quais são as chaves para a pureza sexual no namoro?
- Quando um solteiro deveria parar de namorar?
- Como fica o namoro e o casamento para vítimas de abuso no passado?
- Que esperança Deus oferece para solteiros solitários?
1. O meu namorado (ou a minha namorada) é piedoso (ou piedosa) o suficiente?
A Bíblia ordena os cristãos a se casarem “no Senhor”, isto é, casarem-se com outros cristãos (1 Coríntios 7:39; 2 Coríntios 6:14). Mas, numa época em que o nominalismo tem aparência de maturidade autêntica, dê-nos algumas características simples de crescimento espiritual que um homem ou uma mulher deveria procurar em um cônjuge em potencial.
Creio que o que se deve buscar, é a seriedade sobre o crescimento na fé da pessoa. E, então, creio que a igreja realmente serve e ajuda os cristãos solteiros a considerarem o casamento e a considerarem o namoro. Dentro da comunidade da aliança de fé, devem existir aqueles em torno de uma pessoa que possam falar de sua reputação e se ela leva a sério o crescimento no Senhor e a mortificação de pecados. É isto que se deve buscar. Esta pessoa leva a sério o desejo de crescer em seu relacionamento e entendimento com o Senhor?
O que tragicamente tenho visto, são cristãos solteiros que chegaram a um nível de desespero, em particular as mulheres jovens, e pensam: “Sim, ele é um cristão, ele frequenta a igreja”. E realmente o que elas estão dizendo é que este cara vem à igreja algumas vezes por mês, mas, a não ser por comparecer ao culto, não leva realmente a sério o objetivo de crescer em seu entendimento do Senhor, crescer em sua compreensão da Bíblia, ser uma pessoa de oração; não há vivificação ou mortificação que possam ser observadas, nem há alguém que realmente o conheça suficientemente para falar a respeito do crescimento de seu caráter.
Agora, em termos práticos, isto significa que os solteiros estão procurando pessoas para os aconselharem em suas vidas. Eles estão sendo discipulados, seja organizacionalmente, seja organicamente, quer façam parte do sistema de discipulado de uma igreja, quer simplesmente encontraram um homem mais velho ou uma mulher mais velha e convidaram a esta pessoa a os aconselharem em suas vidas. Creio que estes indicadores são uma medida muito mais segura do que se eles marcam passagens em suas bíblias e comparecem ao culto a cada semana.
2. Existe “rápido demais” no namoro cristão?
Existe “rápido demais” ou algo assim no namoro cristão? Como saber se um relacionamento de namoro está se movendo emocionalmente rápido demais, ou rapidamente demais para o casamento?
Serei realmente cauteloso sobre dizer que há coisa como “rápido demais”. O que eu preferiria perguntar é o seguinte: o que está controlando a velocidade? Se for a mera atração física ou algum tipo de estranheza emocional, que tem enfeites, que considera que aquela pessoa é “a única”, então, sim. Se o relacionamento está andando mais rápido do que o conhecimento de caráter, reputação e piedade, então ele está rápido demais.
Mas se você estiver num contexto em que observou a piedade da pessoa, ficou maravilhado com o caráter dela, alegrou-se com o que Deus tem feito nela e por meio dela, então a velocidade não é um grande fator.
Temos uma pessoa da equipe aqui que conheceu e casou com seu marido em uma questão de meses. Ela tinha visto este homem ministrar na The Village. Conhecia sua reputação. O que definiu a velocidade não foi um incêndio de emoções, nem um medo da solidão, ou desespero, como “talvez esta seja a minha única chance”. Nada disso. Em vez disso, houve conhecimento de sua fidelidade a Deus, de seu desejo de servir ao Senhor, e de sua seriedade sobre as coisas de Deus.
Eu nem sabia que eles estavam namorando antes deles ficarem noivos.
3. O Facebook arruína o namoro?
Em sua experiência, de quais formas a tecnologia mudou a maneira como os jovens namoram hoje? Estas tendências o encorajam ou o preocupam?
Se estamos falando de um jovem homem e uma jovem mulher que estão se namorando, que têm seu relacionamento definido, e que sabem que estão em um relacionamento crescente e comprometidos um com o outro, então creio que a tecnologia cria uma avenida para encorajar um ao outro e para se conectarem com mais frequência. Então, dessa forma, estou encorajado pelo que a tecnologia tem a oferecer.
Se, no entanto, estamos dizendo que a tecnologia mudou o jogo no que diz respeito à forma como homens e mulheres solteiros jovens se aproximam um do outro, antes que o relacionamento seja definido, então tenho muita preocupação sobre a tecnologia.
A capacidade de mandar mensagens de texto, tweets ou apenas escrever no mural de alguém possibilita que se possa flertar e provocar sem existir um momento para avaliar “o que, exatamente, é este relacionamento”. E assim, a este respeito, quando ainda não se estabeleceu qual é a relação, penso que pode ser prejudicial estar constantemente envolvido no campo tecnológico ao invés de face a face.
Portanto, pensando a respeito de minhas filhas, se há um jovem constantemente enviando a elas mensagens de texto e envolvendo-as constantemente na mídia social, sem qualquer um claro “eu estou te cortejando”, qualquer real desejo claro de querer estabelecer um conhecimento compartilhado desta relação, tenho inquietações.
Vejo um monte de nossas mulheres jovens na igreja serem atraídas por caras que simplesmente “curtem” cada postagem delas no Facebook, ou constantemente mandam mensagens de texto à jovem, sem nunca ter definido o relacionamento.
4. A minha igreja deveria me ajudar a casar?
O que membros de igrejas locais podem fazer praticamente para ajudar a fim de que aconteçam casamentos piedosos, em vez de apenas dizer aos homens “sejam homens e organizem suas vidas”, e dizer às mulheres “parem de esperar ao léu e sejam ativas em suas vidas de solteira”? Que papel deve a comunidade da igreja ter na decisão de quem e quando casar? Algum conselho para convidar outras pessoas a um relacionamento com este objetivo?
Gostei muito desta pergunta, porque creio muito naquilo que Deus chamou a comunidade da aliança do seu povo a ser, num contexto local. Creio que a maneira que as igrejas locais podem ajudar de maneira prática para que aconteçam casamentos piedosos, além de dizer a homens solteiros “sejam homens”, e dizer às mulheres solteiras “deixem de apenas esperar ao léu e sejam ativas em suas vidas de solteira” (embora eu pense que há um espaço para dizer isto aos homens e mulheres solteiros).
Creio que o que se quer fazer é trabalhar muito duro em nossas igrejas para criar uma cultura de discipulado. Nesta cultura, a norma, o ar que respiramos, é que os homens mais velhos levam a sério a procura de homens mais jovens para treiná-los, não apenas treiná-los na Bíblia, mas realmente treiná-los em relação ao que significa aplicar as Escrituras em suas vidas. O que significa servir, amar e encorajar sua esposa? O que significa corteja-la? O que significa ser um homem de Deus em relação a sua esposa?
Pessoalmente, tento fazer isto, recebendo homens solteiros em nossa casa. Lauren quase sempre prepara a refeição. Ajudo a arrumar a mesa, e, depois, o jovem homem me ajuda a lavar os pratos. Isto é apenas minha maneira de dizer: “Olha, esta é uma maneira como sirvo à minha esposa.”. E, então, enquanto lavamos os pratos, tenho a tendência de falar sobre as maneiras como tento dar espaço aos dons de Lauren.
Portanto, este é um tipo intencional e orgânico de cultura de discipulado que espero faça parte do feitio da igreja onde eu sirvo como pastor, The Village. Além disso, minha esperança é que os jovens procurem homens mais velhos. E já lhes disse: “Assediem homens mais velhos. Perguntem: ‘Posso entrar em seu espaço? Posso vir e juntar-me a você em algo que você faz normalmente’?”.
O apelo da juventude nas igrejas é tão pesado e celebrado, mas descobri que, sem uma boa mistura de gerações, haverá desequilíbrio e tolices. E a pior coisa possível de imaginar em minha mente é um bando de pessoas de 24 anos de idade reunidas para falar sobre a vida. Se eu puder juntar aquele cara solteiro de 24 anos de idade com um homem casado de 38 anos de idade, então tenho grandes esperanças sobre como aquela pessoa de 24 anos de idade, irá ver, compreender e desejar o casamento.
Mas, acima disso, creio que há que celebrar e como se celebra é importante. Por isso, queremos celebrar casamentos na The Village. E quero celebrar as mulheres e os homens que se dedicaram a fazerem discípulos, sejam eles casados ou não.
Na série de sermões que terminei recentemente, retornei constantemente a mulheres e homens solteiros que se dedicaram a fazer discípulos e celebrei os seus esforços. Isso vai além de eu dizer: “Por favor, supere sua falta de esposo”. É celebrar aqueles que não ficam sentados em casa no Dia dos Namorados, desejando serem convidados para ver um filme, mas que estão dedicando suas vidas para fazerem discípulos, para a sua própria alegria. Ainda desejam se casar, e desejando um cônjuge, mas não estão de braços cruzados até que isto aconteça.
5. Devo namorar uma garota piedosa que não considero atraente?
Uma pergunta comum de homens solteiros: “Se não sou fisicamente atraído por uma mulher de Deus, deveria ainda tentar corteja-la a fim de cultivar estes sentimentos?”. Se sim, por quanto tempo, até se tornar tolice ou mesmo prejudicial?
Não incentivo um jovem a cortejar uma mulher piedosa se ele não sentir atração física no momento. Mas sou taxativo em incentivar homens solteiros jovens a se aproximarem de mulheres piedosas como amigos, na esperança de que isto se torne em algo mais.
Realizei um casamento no ano passado de um homem que passou um tempo na minha casa e que teve muito contato com Lauren e eu, e ele viu uma jovem em nossa igreja que era fiel ao Senhor e uma mulher piedosa — mas a parte física não estava lá. Mas ele gostava muito de conversar com ela. Então, eu o encorajei a ficar por perto, deixar crescer a amizade com ela, e esperar que algo surgisse a partir disto.
Em respeito a ela, eu não gostaria que ele falasse: “Vou te cortejar na esperança de que um dia seja fisicamente atraído por você”.
Sempre digo isto: a piedade é atraente para pessoas piedosas. Por isso, se você se aproxima e vê a santidade e o caráter de uma mulher, você começa a levar a compatibilidade, a piedade e a parceria no evangelho mais a sério do que apenas a atração física.
Na primeira parte de meu livro “Mingling”, abordo realmente a atração como uma coisa boa, mas não no nível em que nossa cultura a coloca. A lei da gravidade é inexorável. Estamos todos ficando enrugados. Nosso nariz e orelhas não param de crescer. É apenas uma questão de tempo até que aquele pequeno componente no qual estamos baseando tanto, comece a desaparecer e necessita ser substituído por atração fundada no caráter e na aliança.
Quando tive câncer, tudo o que era sexualmente atraente em mim desapareceu — minha força, minha vitalidade, meu senso de humor e a minha capacidade criativa para cortejar a Lauren. Tudo isso sumiu por dois anos. Meu cabelo desapareceu. Tornei-me uma versão murcha do que era antes de ter câncer. A Lauren havia feito um pacto comigo, havia amado o caráter que Deus tinha formado em meu coração, e foram meu caráter e minha piedade que abasteceram sua atração por mim fisicamente.
A cultura nos diz que a atração física ou sexual tem primazia e, em seguida vêm, caráter, piedade, e compatibilidade. Penso que isto está de trás pra frente. Creio que uma vez que caráter, compatibilidade, e piedade estão presentes, estas características servem como combustível para uma atração da maneira que agrada a Deus, e isto é muito mais seguro para as nossas almas.
Mas, ao mesmo tempo, quero proteger os corações, especialmente das jovens, em relação a homens piedosos que as cortejam sem maiores intenções. Portanto, procurem-nas como amigas e esperem que isto se torne em algo mais. Desejem que isto se torne em algo mais. Estou confiante de que, com o tempo, o caráter e a piedade triunfarão.
6. Um namorado deveria “liderar” sua namorada?
Pensa que é sábio um namorado “liderar” sua namorada? Um namoro deveria refletir, em algum grau, a estrutura de complementação do matrimônio? Isto aparenta ser biblicamente e praticamente sábio, mas também parece não ser um pacto apropriado para esta fase. Qual é a sua opinião?
Sim, um namorado deve liderar sua namorada em alguns aspectos, mas definitivamente não na mesma medida em que um marido lidera sua esposa. Em relação ao pacto de aliança que tenho com a Lauren, o que eu tenho é uma posição de liderança. Sou chamado por Deus para conduzir, cobrir, prover e proteger a Lauren, de uma maneira que um namorado não o é. No entanto, um namorado deve estar liderando sua namorada no que diz respeito à piedade, encorajando-a em relação aos seus dons. Creio que deve encorajá-la em espírito de oração, um incentivo para uma compreensão e um crescente conhecimento da Palavra de Deus.
Posso estar expressando aqui, minhas próprias preferências misturadas, então deixe-me colocar um pequeno asterisco. O que Lauren quer de mim é que eu pergunte: “Ei, você gostaria de sair quinta-feira?”. Se sim, então o que ela quer é que eu diga é: “Ei, vamos jantar fora e vamos fazer isto”. Ela não quer que eu chegue em casa na noite de quinta-feira e diga: “Então, o que você quer fazer?”. Portanto, um namorado pode ser líder no planejamento de jantares, na proteção da pureza do relacionamento e na compreensão crescente deles sobre o que o relacionamento deles é. Penso que o homem deveria estar liderando estas coisas, até mesmo como um namorado.
7. Quais são as chaves para a pureza sexual no namoro?
Falando de pureza sexual, quais são alguns conselhos práticos que realmente funcionam para se manter sexualmente puro em um relacionamento de namoro?
Talvez por eu ser casado há 15 anos, mas esta questão da pureza parece ser uma questão de bom senso. Uma das coisas que digo repetidamente é que nada de bom vem de um namorado e namorada se aconchegarem no sofá, assistindo a um filme das 23h à 1h. Em toda a história de assistir filmes em sofás, isto nunca terminou numa discussão sobre cinematografia. Colocar-se nesta posição é, no mínimo, tolice.
O que funciona é estar em público, ser vigilante sobre espaços solitários, não se colocarem em situações impróprias. Creio que solteiros têm uma tendência de pensar que têm mais auto-controle do que realmente têm. Portanto, creio que sair em grupos, ou namorar em público, é importante, e vemos isto na Bíblia. Em Cantares, nota-se um crescente desejo de ter intimidade física, e ainda assim ela descreve seu encontro como sendo sob vigas de cedro e caibros de cipreste (Cantares 1:16–17). Eles estão fora de casa. Estão num parque. Estão numa floresta. Estão em público, porque têm uma paixão crescente de ter intimidade física. E, no entanto, fica claro que não querem despertar o amor antes de seu tempo (Cantares 2:7, 3:5, 8:4). Portanto, eles se encontram em público de modo a não se entregarem à lascívia.
8. Quando um solteiro deveria parar de namorar?
Se um homem ou uma mulher está tentando parar de ver pornografia, mas parece que não consegue (muitos homens cristãos lutam com isto), esta pessoa está pronta para namorar ou não? Se não, qual é a linha entre estar pronto e não estar pronto para namorar, para um cristão viciado em pornografia?
Esta é uma questão extremamente complexa, que é difícil de responder sem realmente conhecer as pessoas envolvidas. Minha reação instintiva é: “Não, você não está pronto”. Vamos lidar com isto. Mas penso que gostaria de saber mais sobre o que está acontecendo. Onde está acontecendo a mortificação? Onde está acontecendo a vivificação?
O que queremos dizer com “viciado em pornografia”? Estamos dizendo que este cara, ou esta menina, tropeça uma vez por ano ou algumas vezes por mês? E qual é a situação em relação à frequência, à cura e à vitória? Penso que todas estas questões entram em jogo sobre se eu encorajaria alguém a ter um relacionamento, enquanto ainda luta.
Portanto, por falta deste tipo de informação, torna-se difícil dar uma resposta. A verdade é que cada um de nós entra em relacionamentos com o sexo oposto necessitando de mais santificação, necessitando de crescimento, necessitando de nossa identidade em Cristo, e necessitando de ter partes de nossa carne mortificadas.
Li quase tudo o que podia sobre os problemas terríveis que o vício da pornografia está trazendo à capacidade de um homem ou uma mulher se conectarem emocionalmente com as pessoas. Portanto, se isto for grave — várias vezes por mês, e você está procurando isto ativamente —, então não penso que esteja pronto para namorar.
Existem outras circunstâncias em que você, como um pastor, diria a alguém que não está pronto para buscar um relacionamento de namoro?
Quando digo a alguém ou utilizo meu relacionamento com alguém no que tange a namorar ou não namorar, estou sempre fazendo isto dentro do pacto de eu ser seu pastor e ele ser um membro da igreja. Desde o início, nosso relacionamento não é apenas um em que tenho uma visão superficial de sua vida, mas aquele em que sei onde ele está.
Muitas vezes recomendei a alguém a não namorar, até que mudasse a temporada que ele se encontrava com o Senhor. Disse a um jovem no ano passado que, por causa de onde ele estava em seu relacionamento com o Senhor, ele deveria adiar a busca de uma namorada, até que ele se entregasse ao crescimento de seu relacionamento com o Senhor. Não era apenas que ele estivesse no deserto ou simplesmente estagnado, mas creio que ele estava realmente, andado em pecado. Ele não estava na Palavra de Deus, não estava orando, não era assíduo na reunião semanal, nem assíduo em seu grupo de estudo bíblico. Homens crentes o estavam procurando e ele estava evitando estas pessoas. Ele teve um conflito relacional com alguns homens, e se recusava a se conectar com eles e a reconciliar-se. Disse a ele que este seria um momento muito tolo para namorar, e que acabaria em desgosto, quer em seu coração, quer no coração de alguma pobre menina de nossa igreja.
9. Como fica o namoro e o casamento para vítimas de abuso no passado?
Se você está disposto a abordar isto, como é que o evangelho ajuda aqueles que estão namorando, que foram vítimas de abuso sexual no passado? Um grande número de homens e mulheres na Igreja representam esta população. Como é que Jesus Cristo ajuda pessoas nas lutas singulares que estes cristãos enfrentam em um relacionamento de namoro e a sua expectativa de casamento?
Em primeiro lugar, fico agradecido pela pergunta, porque isto me toca pessoalmente. No lar em que fui criado havia quase todo tipo de abuso que se possa imaginar. E isto deixa algumas marcas e cria alguma bagagem, não só para o namoro, mas, em seguida, para o casamento, que terá de ser moldado de acordo com o evangelho.
Para a pessoa que não sofreu abuso, e está livre daquele tipo de bagagem, o evangelho deve criar paciência, compaixão e empatia para caminhar ao lado da pessoa que sofreu o peso deste abuso.
Para aquele que sofreu abuso, o evangelho começa a reformular a nossa identidade, a reformular nossos corações e feridas, e isto nos permite começar a confiar de novo, lenta, mas seguramente.
Então, quando o evangelho está operando, tanto no que não foi abusado, quanto no que foi, temos uma pessoa que é paciente, compreensiva e compassiva, e uma pessoa que está sendo remodelada e curada pelo evangelho de tal forma que há uma oportunidade para crescer em intimidade que não seria possível fora do evangelho.
É assim que o evangelho tem operado em minha vida e em meu próprio casamento. A Lauren foi capaz de ser muito compreensiva, compassiva, graciosa e não exigente enquanto evangelho fazia o trabalho de cura e conserto das partes quebradas em mim.
10. Que esperança Deus oferece para solteiros solitários?
Muitos cristãos solteiros que não conseguem encontrar um cônjuge, acabam namorando incrédulos e se comprometendo. O que Cristo oferece a um cristão que está cansado da estranheza do namoro cristão, que deseja se casar, que está cansado de ficar sozinho, mas que não tem qualquer candidato cristão e se sente envelhecendo O que você diria a eles?
Em primeiro lugar, quero apenas afirmar totalmente, o desejo de se casar. Não quero que alguém se sinta culpado por ter este desejo. Tenho a sensação de que particularmente mulheres solteiras — Deus as abençoe — muitas vezes se sentem como se a única mensagem que recebem é: “Encontre seu contentamento em Cristo. Cristo não lhe é suficiente?”.
Creio que esta é uma resposta terrível, porque o desejo de se casar é um bom desejo. Pode até ser um desejo tecido nelas pelo Criador do universo. Se a Bíblia diz: “Quem encontra uma esposa acha uma coisa boa” (Provérbios 18:22), isto é tudo que preciso para afirmar um desejo de casamento em homens e mulheres.
Mas, como todos os desejos, devem ser colocados aonde pertencem. Quero afirmar o desejo pelo casamento e quero alertar contra a possibilidade de que o medo da solidão se torne algo tão forte em sua lista de desejos que você estaria disposto a se comprometer e colocar-se em uma situação que seria mais horrível e muito mais solitária para você no futuro.
Infelizmente, muitas mulheres piedosas chegam a um ponto em que estão cansadas da “estranheza” do namoro cristão e da apatia de homens cristãos para realmente cortejá-las, e isto tem levado algumas a se casarem — não vou ir tão longe ao ponto de dizer “com caras perdidos” — mas com “agradáveis meninos cristãos” que vão à igreja um par de vezes por mês e possuem uma Bíblia. E com base nisso, uma mulher justifica entrar em um relacionamento com um homem — um homem que não liderará, que não ama realmente o Senhor, mas que vem à igreja.
Isto acaba quase todas as vezes em desgosto. Agora eles estão em uma aliança, ela se sente presa naquela relação de aliança, e, então, ela tenta “consertar” seu marido. Isto não funciona, então ela espera que ter filhos talvez conserte o seu casamento. Eles têm filhos, e agora o pai está levando seus filhos não em direção ao Senhor, mas para longe dele.
Assim, considerando tudo isto, o jeito que tento aconselhar nossos solteiros na igreja The Village é em favor da entrega deles mesmos ao ministério e a servir ao Senhor.
Mulheres, dediquem-se ao ministério. Há uma mulher que vive conosco. Tem cerca de 35 anos. Ela lidera um ministério, gerenciando grupos de discipulado de mulheres em todo o país, em 11 ou 12 estados, derramando sua vida por 50 ou 60 líderes. Ela liderou estes grupos de discipulado no estudo da Teologia Sistemática de Wayne Grudem, e, mais recentemente, do livro de Gênesis num estudo robusto da palavra de Deus. E ela gostaria de se casar, mas não está esperando se casar para sentir útil e satisfeita.
E até mesmo pensando na jovem mulher que ajudou a moldar algumas destas perguntas, ela se dedicou a servir ao Senhor, escrever, ensinar, discipular, abrir sua casa para cuidar de outras mulheres e encorajar outras mulheres a crescerem em conhecimento bíblico. E creio que é isto que Cristo tem para elas: ministério evangélico que preenche, alegra e satisfaz a alma.
Este artigo foi publicado primeiramente pelo Desiring God: https://www.desiringgod.org/articles/10-questions-on-dating-with-matt-chandler
