×
Procurar

Neste texto trabalharemos tanto as semelhanças quanto as diferenças entre a teologia bíblica batista e a pedobatista. Muitos pensam que a teologia pactual batista é idêntica à pedobatista e, portanto, os batistas seguem inconsistentemente o credobatismo. Até mesmo pastores batistas, frequentemente, só tiveram contato com a teologia pactual pedobatista e acabam seguindo exatamente a mesma estrutura dela, modificando apenas a parte do batismo — o que, de fato, poderia ser considerado uma inconsistência. Entretanto, considerando os distintivos da teologia batista pactual entenderemos como sua estrutura redunda, lógica e inescapavelmente, no credobatismo.

Passaremos, então, a considerar como as diferenças entre batistas pactuais e seus irmãos pedobatistas, no que diz respeito ao batismo, surgiram devido ao seu entendimento pactual. Para os batistas reformados, antes de perguntar “Quem pode ser batizado”, há uma questão mais fundamental: “Quem está no pacto?”,[1] ou seja, quem compõe o povo de Deus.

Notaremos a diferença nas duas confissões de fé, a Confissão de Fé Batista de Londres de 1689 e a de Westminster, e quais são os pontos de semelhança e diferença entre elas, no que tange às alianças divinas. Logo, percebemos que o debate acerca do batismo, no século XVII, envolvia mais do que a ordenança em si — envolvia, principalmente, o modo como cada grupo entendia o relacionamento de Deus com Seu povo pactual.

As semelhanças entre as duas confissões são enormes e bem maiores do que suas diferenças. Na realidade, os batistas se esforçaram muito para manter uma unidade e harmonia com seus irmãos na fé, inclusive ao estruturar sua confissão tomando como base outras confissões reformadas, principalmente a de Westminster. A maioria dos batistas reformados era irênica e buscava manter uma forte comunhão com seus irmãos pedobatistas.

Portanto, ao estudarmos os distintivos da teologia pactual credobatista, nosso objetivo não é, de modo algum, nos separarmos de nossos irmãos na fé que têm um pensamento diferente nesse aspecto, mas apenas esclarecer um ponto que pode ser obscuro para muitos e demonstrar qual é a razão dos batistas pactuais entenderem que a maneira bíblica correta da observação da ordenança é o credobatismo. Eles chegaram a essa conclusão através da sua compreensão dos aspectos de continuidade e descontinuidade entre as alianças bíblicas.

Além disso, atualmente, muitos batistas têm redescoberto a teologia reformada e, consequentemente, sua estrutura pactual, e pensam que necessariamente terão que se tornar pedobatistas ou sair de suas igrejas, chegando a essas conclusões por desconhecerem a confessionalidade histórica dos batistas e sua preciosa herança pactual. Logo, faz-se necessário apresentá-la.

Por outro lado, existem aqueles que são contra o pedobatismo e afastam-se da teologia batista pactual por pensarem que “teologia pactual ou aliancismo é sinônimo de batismo infantil”, e então, por vezes, criticam os batistas confessionais por entendimentos que, na realidade, dizem respeito à teologia pedobatista. Eles também fazem isso por desconhecerem os distintivos da teologia pactual dos batistas confessionais.

Portanto, para elucidarmos essas questões, examinaremos o assunto um pouco mais de perto, comparando as confissões de fé e destacando as semelhanças e diferenças entre elas. Começaremos observando os pontos em comum entre elas.

 1. SEMELHANÇAS ENTRE A TEOLOGIA PACTUAL DOS BATISTAS E DOS PEDOBATISTAS[2]

Existem várias semelhanças entre ambas as confissões nesse aspecto. Por exemplo, as duas concordam com a existência de um Pacto de Obras feito com Adão antes da queda. Micah Renihan afirma que “não há nenhuma discussão sobre o Pacto de Obras, plenamente afirmado pelas confissões Batista de Londres e Westminster, e não há nenhuma discussão sobre a definição de um pacto, que de acordo com a definição básica formulada por Meredith G. Kline é “um compromisso com sanções divinas entre um senhor e um servo”.[3] Além disso, ambas vislumbram um único povo eleito nos dois testamentos, como Pascal Denault afirma:

Assim, não existe dualidade entre Israel e a Igreja, como há no dispensacionalismo, nem há uma substituição de Israel pela Igreja. A Igreja existiu desde o começo do Pacto da Graça; a diferença entre o Antigo Testamento e as igrejas do Novo Testamento consistia na extensão das nações às quais o Pacto da Graça foi anunciado, e não na identidade da Igreja sendo diferente de um Testamento para outro.[4]

Pascal explica que os reformados entendiam que Deus possui um único povo e que não há dualidade entre Israel e a Igreja, tampouco uma substituição de um pelo outro, mas uma substituição de uma aliança pela outra. Ou seja, na Nova Aliança os gentios são enxertados na oliveira, o Senhor derruba as paredes de separação que havia entre judeus e gentios, e o Evangelho é propagado para todas as nações. Observemos seu comentário:

Os dispensacionalistas acusaram os reformados de criarem uma teologia da substituição ao dar à Igreja o lugar que deveria pertencer a Israel permanentemente. De fato, historicamente, os reformados não ensinaram que a Igreja substituiu Israel, mas que os pagãos se juntaram a Israel no Pacto da Graça no momento em que a Nova Aliança substituiu a Antiga Aliança. Assim, as promessas de uma aliança perpétua entre Israel e Deus não apenas se mantiveram, mas foram cumpridas e estendidas aos pagãos. Portanto, não se trata de um povo substituindo outro povo, mas sim de uma aliança substituindo outra aliança, uma vez que as promessas reveladas pelo Pacto da Graça em Gênesis 3:15 foram cumpridas quando a Antiga Aliança se findou e um grande grupo de judeus e não judeus entraram na Nova Aliança. Deve-se rejeitar a oposição entre Israel e a Igreja e enfatizar o escopo do Pacto da Graça no Antigo Testamento (Israel) e o escopo do Pacto da Graça no Novo Testamento (todas as nações). Os gentios não substituem Israel, mas são acrescentados como herdeiros das bênçãos de Israel. A oposição encontrada no Novo Testamento é entre a Antiga e a Nova Alianças, não entre Israel e a Igreja, que é, na verdade, uma oposição artificial originada do dispensacionalismo.[5]

A relação de Israel no Antigo Testamento com a Igreja no Novo pode ser ilustrada com a metáfora de um andaime que é utilizado na construção de um prédio. O andaime é utilizado para a construção e tem seu valor e utilidade, mas, a partir do momento que o prédio é construído, o andaime é desmontado e guardado. Samuel Renihan explica:

O reino de Israel e o reino de Cristo (a igreja), embora distinguidos por seus pactos, estão tão relacionados quanto um andaime está com um prédio. Os descendentes naturais de Abraão eram trabalhadores arrendatários, construtores, receberam uma promessa do nascimento do Messias e foram encarregados de preparar o caminho para o Seu advento (Mateus 20:1-16, 21:33-46). No entanto, embora o Messias pertencesse à Israel, Israel não pertencia automaticamente ao Messias. O reino de Israel terminou no reino de Cristo e foi desfeito, como um andaime. Jesus não era a principal pedra angular do reino de Israel, nem os apóstolos eram sua fundação (Salmo 118:22; Isaías 28:16; Mateus 21:42; Atos 4:11; Efésios 2:20; 1 Pedro 2:6-7). Jesus estabeleceu o reino de Deus com base na regeneração, no arrependimento e na fé. Ele pregou para Seu próprio povo, Israel, mas Seu povo verdadeiro e permanente era de um reino que não é deste mundo. Jesus acolhe como Seu todo aquele que nEle crê, e os demais são condenados por sua incredulidade pecaminosa. A fé em Cristo, dada somente por Deus, define o povo de Cristo.[6]

Outra similaridade entre ambas as confissões é o entendimento da revelação progressiva do Pacto da Graça a partir de Gênesis 3:15, pois ambas compreendem e unificam a salvação através da promessa do Evangelho em toda a história. Além disso, as duas compreendem que na Antiga Aliança havia tanto regenerados quanto não regenerados. Os regenerados estavam tanto sob o Pacto da Graça quanto sob a Antiga Aliança, e os não regenerados estava somente sob a Antiga Aliança (Romanos 9:6-8).

2. AS DIFERENÇAS ENTRE A TEOLOGIA PACTUAL DOS BATISTAS E DOS PEDOBATISTAS

2.1. Observemos o Quadro Pedobatista:

Gráfico 4. In DENAULT, Pascal: Os Distintivos da Teologia Pactual Batista: uma comparação entre o federalismo dos batistas particulares e dos pedobatistas do século XVII. São Paulo: O Estandarte de Cristo, 2018, p. 114.

Em relação às diferenças entre os dois modelos, elas estão primeiramente relacionadas ao Pacto da Graça. Para os pedobatistas, o Pacto da Graça diz respeito a tudo o que veio após a queda. Eles entendem que o Pacto foi estabelecido em Gênesis 3:15 e que as duas alianças, a Antiga e a Nova, são como duas administrações do mesmo Pacto da Graça, e não duas alianças substancialmente diferentes. Ou seja, não entendem que há uma diferença substancial entre a Antiga e a Nova Alianças, apenas duas administrações diferentes do mesmo Pacto. Logo, nessa perspectiva, há uma estreita continuidade entre essas administrações.

Portanto, os pedobatistas adotam uma teologia pactual cujo modelo pode ser descrito na seguinte maneira: uma única aliança, o Pacto da Graça, administrado através de outras alianças, especialmente a Antiga e a Nova. Seguindo essa linha, John Murray, em seu livro “O Pacto da Graça”, expressa seu entendimento de que as características da Antiga e da Nova Aliança são substancialmente as mesmas:

A evidência mais conclusiva, entretanto, deriva de um estudo do Novo Testamento com respeito à natureza da Nova Aliança. Veremos que as características dessa aliança são as mesmas que estão ligadas à Aliança no Velho Testamento.[7]

Turretini também explica a visão pedobatista de seu tempo, acerca do Pacto da Graça, de maneira clara:

Os ortodoxos mantêm que a diferença entre o Antigo e o Novo Testamento (amplamente considerada) é apenas acidental, não essencial (como a circunstância, e maneira, e grau da coisa); não como sendo a coisa em si, a qual era a mesma em ambas.[8]

Notemos, então, o texto da Confissão de Fé de Westminster sobre o assunto:

Esse pacto no tempo da Lei não foi administrado como no tempo do Evangelho. Sob a Lei, foi administrado por promessas, profecias, sacrifícios, pela circuncisão, pelo cordeiro pascoal e outros tipos e ordenanças dadas ao povo judeu, prefigurando, tudo, Cristo que havia de vir; por aquele tempo essas coisas, pela operação do Espírito Santo, foram suficientes e eficazes para instruir e edificar os eleitos na fé do Messias prometido, por quem tinham plena remissão dos pecados e a vida eterna: essa dispensação chama-se o Velho Testamento.

Sob o Evangelho, quando foi manifestado Cristo, a substância, […] é chamado o Novo Testamento. Não há, pois, dois pactos de graça diferentes em substância, mas um e o mesmo sob várias dispensações.[9]

 2.2. Observemos o quadro Credobatista:

Gráfico 5. In DENAULT, Pascal: Os Distintivos da Teologia Pactual Batista: uma comparação entre o federalismo dos batistas particulares e dos pedobatistas do século XVII. São Paulo: O Estandarte de Cristo, 2018, p. 114.

Em relação ao modelo credobatista, os batistas reformados entenderam que a Antiga Aliança não era o Pacto da Graça, tam-pouco uma administração desse pacto. Embora o Pacto da Graça tenha sido revelado em Gênesis 3:15, como uma promessa, somente na Nova Aliança o Pacto da Graça foi completamente estabelecido e selado com o sangue de Cristo. No entanto, é importante observar que, embora a Antiga Aliança não seja, ela mesma, uma administração do Pacto da Graça, o Pacto da Graça foi eficazmente administrado sob ela aos eleitos, embora não por meio dela. É o que chamamos de efeito retroativo do Pacto da Graça, consumado e estabelecido apenas na morte e ressureição de Cristo; ou seja, embora a Nova Aliança, ou Pacto da Graça, tenha sido estabelecida apenas no Calvário e na tumba vazia, seus efeitos foram administrados retroativa e soberanamente aos crentes de épocas passados, os quais olhavam para o Messias que viria e o contemplavam pela fé. Sobre isso, a Confissão de 1689 afirma:

Embora o preço da redenção não tenha sido realmente pago por Cristo senão depois da Sua encarnação, contudo a virtude, a eficácia e os benefícios dela foram comunicados aos eleitos, em todas as épocas sucessivamente desde o princípio do mundo nas e através das promessas, tipos e sacrifícios em que Cristo foi revelado, e que O apontavam como a descendência da mulher que esmagaria a cabeça da serpente (1Coríntios 10:4; Hebreus 4:2; 1Pedro 1:10-11), e como o Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo (Apocalipse 13:8), sendo o mesmo ontem, hoje e para sempre (Hebreus 13:8).

Este é um ponto fundamental do entendimento pactual dos batistas: para eles, o Pacto da Graça corresponde à Nova Aliança, e somente a ela. Logo, os batistas compreenderam que há uma diferença substancial entre a Antiga e a Nova Aliança. Os batistas possuíam um entendimento bem semelhante ao que John Owen esboçou em sua exegese de Hebreus 8 sobre esse ponto. É notável o fato de que um dos mais influentes batistas do século XVII, Nehemiah Coxe, deixou de publicar um tratado sobre a aliança sinaítica devido ao lançamento do comentário de Hebreus de John Owen, o qual indicou seus leitores — especialmente o capítulo 8:

A noção (que muitas vezes é alegada neste discurso) de que a Antiga e a Nova Alianças diferem em substância e não apenas no modo de sua administração, certamente requer uma abordagem maior e mais particular para livrá-la daqueles preconceitos e objeções lançados contra ela por muitas pessoas dignas, mas que pensam de maneira diferente. Assim, planejei dar um relato adicional sobre esse assunto no tratado sobre o pacto feito com Israel no deserto e sobre o estado da igreja sob a lei. Mas quando eu terminei este tratado e providenciei alguns materiais para o que também escreveria a seguir, percebi que meu trabalho que deveria tratar desse tema foi felizmente evitado pela publicação do terceiro volume do comentário do Dr. Owen sobre a epístola aos Hebreus. Ali, o assunto é discutido longamente e as objeções que parecem militar contra ele são totalmente respondidas, especialmente na exposição capítulo 8. Eu agora encaminho o meu leitor para essa obra onde poderá aprender satisfatoriamente sobre a diferença substancial entre a Antiga e Nova Alianças, tal obra atende completamente as expectativas que se poderia ter acerca de uma pessoa tão eminente e erudita.[10]

Em seu comentário, Owen destacou claramente que a Nova Aliança era substancialmente distinta da Antiga:

Se a reconciliação e a salvação por Cristo fossem obtidas, não apenas sob a Antiga Aliança, mas em virtude dela, então ela deveria ser a mesma que a Nova, no que diz respeito à sua substância. Mas isso não é assim; pois nenhuma reconciliação com Deus nem salvação poderia ser obtida em virtude da Antiga Aliança, ou da administração dela, segundo o que nosso apóstolo contesta de forma geral […] Assim, mostrei em que sentido o Pacto da Graça é chamado de “a nova aliança”, nessa distinção e oposição com a antiga ou primeira aliança. Então eu proporei várias coisas que se relacionam com a natureza da primeira aliança, as quais manifestam que ela é uma aliança distinta, e não uma mera administração do Pacto da Graça.[11]

Portanto, Owen ensinou a diferença essencial entre a Nova Aliança e todas as outras alianças feitas no Antigo Testamento. Uma vez que a Nova Aliança é selada no sangue de Cristo e produz salvação e reconciliação para com Deus. Assim como Owen, os batistas entenderam que essa aliança é diferente e superior a todas as alianças do Antigo Testamento, pois trata-se do Pacto da Graça concluído, e não apenas de mais uma administração dele. Pascal Denault demonstra como esse entendimento foi extraído das Escrituras:

Já vimos que a leitura batista do Pacto da Graça (um pacto revelado progressivamente e formalmente concluído sob a Nova Aliança) foi explicada pela exegese de Hebreus 8:6: antes da Nova Aliança, o Pacto da Graça foi somente revelado; quando a Nova Aliança foi introduzida, o pacto foi νενομοθετηται. Esse verbo é usado apenas duas vezes nas Sagradas Escrituras; uma para falar da promulgação da Antiga Aliança (Hebreus 7:11) e outra para relatar a promulgação da Nova Aliança (Hebreus 8:6). Essas duas alianças foram estabelecidas (νενομοθετηται) sobre dois fundamentos completamente diferentes. A primeira foi estabelecida (νενομοθετηται) no sacerdócio Levítico com o sangue de bezerros e bodes (Hebreus 8:18-19), ao passo que a segunda foi estabelecida (νενομοθετηται) no sacerdócio eterno, de acordo com a ordem de Melquisedeque e com o próprio sangue de Cristo (Hebreus 9:12). Como poderiam duas alianças com tão diferentes fundamentos ter a mesma essência? Não é objetivo do autor da Epístola aos Hebreus demonstrar que a Antiga Aliança não era nada além de uma sombra do que viria, uma aliança tipológica, temporária e terrena, enquanto que a realidade deve ser encontrada na Nova Aliança em Jesus Cristo?[12]

Vejamos o texto da Confissão de Fé Batista de Londres de 1689:

Essa Aliança é revelada no Evangelho; primeiramente a Adão na promessa de salvação pela descendência da mulher, e depois por etapas sucessivas, até que a sua plena revelação foi completada no Novo Testamento; e é fundada naquela transação pactual eterna que houve entre o Pai e o Filho para a redenção dos eleitos; e é somente pela graça dessa Aliança que todos da posteridade do caído Adão, que já foram salvos, obtiveram a vida e a bem-aventurada imortalidade. O homem é agora totalmente incapaz de ser aceito por Deus naqueles termos em que Adão permanecia em seu estado de inocência.

3. A COMPARAÇÃO ENTRE OS DOIS MODELOS

Este gráfico, elaborado por Brandon Adams, demonstra uma comparação entre a teologia pactual batista (Federalismo de 1689) e a de Westminster (Federalismo CFW). No centro, encontramos os pontos em que ambas concordam:

Gráfico 6. Elaborado por Brandon Adams e postado no site 1689Federalism.com. Traduzido por: RupertTeixeira.com. Estandarte de Cristo, 2016.

 3.1. Ambas concordam com o Pacto de Obras e que os santos do Antigo Testamento e do Novo Testamento são salvos através do Pacto da Graça.

Tanto batistas quanto pedobatistas concordam que houve um Pacto de Obras feito com Adão antes da queda (pré-lapsariano). Além disso, ambos concordam que os crentes do Antigo e do Novo Testamento são salvos através do Pacto da Graça. Não há outra maneira de salvação para o pecador a não ser pela graça mediante a fé em Cristo. Os crentes do Antigo Testamento criam na promessa a respeito do Messias que viria, os crentes do Novo Testamento creem no Cristo que já veio e vai voltar, e ambos são salvos pela fé em Cristo pelos benefícios do Pacto da Graça.

3.2. Para os credobatistas o Pacto da Graça foi revelado em Gênesis 3:15 e concluído na Nova Aliança, para os pedobatistas o Pacto da Graça foi estabelecido em Gênesis 3:15 e administrado nas alianças subsequentes.

Entretanto, notamos que há uma diferença em relação ao entendimento do Pacto da Graça. Os batistas afirmaram a unidade da substância do Pacto da Graça de Gênesis a Apocalipse. Porém, eles notaram a descontinuidade da substância entre a Antiga e a Nova Aliança. Eles entenderam que o Pacto da Graça foi revelado em Gênesis 3:15 como uma promessa e concluído somente na Nova Aliança em Cristo, e uma vez que a entrada na Nova Aliança se dá pelo novo nascimento, então somente os eleitos estão no Pacto da Graça. Já os pedobatistas entenderam que o Pacto fora estabelecido em Gênesis 3:15 e que as demais alianças feitas foram administrações desse mesmo pacto; portanto, para eles, não há diferença substancial entre Antiga e Nova Aliança, apenas diferentes administrações.

3.3. Os credobatistas entendem que os membros do Pacto da Graça são apenas os regenerados, os pedobatista entendem que a membresia do Pacto da Graça é mista, composta por regenerados e não regenerados.

Portanto, nesse ponto, a membresia do Pacto da Graça é diferente nas duas confissões. Westminster fala de Cristo, os crentes e seus filhos.[13] Os pedobatistas separaram a substância interna da administração externa desse pacto, ou seja, a administração interna diz respeito àqueles que estão espiritualmente no pacto, e a administração externa consistia em todos que, externamente participaram do sacramento, mas não necessariamente eram regenerados, uma vez que isso incluiu seus bebês. Eles viam uma natureza mista no povo do pacto.

Por outro lado, na Confissão Batista de 1689 o Pacto da Redenção se torna o padrão para o Pacto da Graça, o que quer dizer que os membros do Pacto da Graça são aqueles a quem Cristo traz a Si mesmo, são aqueles que o Pai Lhe prometeu e comissionou para ir e conquistar através de Sua vida e morte, e atrair para Si através do Espírito Santo — ou seja, os eleitos. E a manifestação prescrita nas Escrituras para identificarmos quem está na aliança é a resposta que esses dão ao Evangelho. Cristo ordenou Seus discípulos a fazerem discípulos de todas as nações e batizá-los em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, e os candidatos ao batismo são aqueles que respondem ao Evangelho com arrependimento e fé. Esse ponto está de acordo com a natureza da Nova Aliança e o exemplo dos apóstolos por todo o Novo Testamento (Mateus 28:18-10; Atos 2:41).[14] Paul Washer afirma corretamente que “a verdadeira igreja é composta somente daqueles que foram regenerados, se arrependem e creem, que estão sendo conformados à imagem de Cristo. Essa é a principal diferença entre a Antiga e a Nova Aliança, e devemos manter e proclamá-la”.[15]

Portanto, os batistas entenderam que somente aqueles que demonstram arrependimento e fé em Cristo devem ser batizados conforme as instruções do Novo Testamento. Como já vimos, os batistas entenderam que a entrada na Antiga Aliança também se dava por meio de geração natural e da circuncisão da carne ao oitavo dia, ao passo que a entrada na Nova Aliança ocorre pelo novo nascimento e por meio de geração espiritual, ou seja, a circuncisão do coração, a regeneração. Sendo assim, o batismo deve ser aplicado somente àquele que fizer uma profissão de fé crível no Evangelho. Renihan conclui:

A única forma prescrita nas Escrituras para avaliar se alguém está na aliança é uma profissão de fé. Após a profissão de fé, o batismo é administrado. Esse é precisamente o padrão que vemos no Novo Testamento: o batismo acontece após uma profissão de fé.[16]

A Confissão de 1689 entende que os membros do Pacto da Graça são os eleitos, ou seja, os regenerados. Logo esses são o povo do reino, os que têm direito de participar das ordenanças do reino, a saber, o batismo e a ceia. A Nova Aliança é feita entre Cristo e os eleitos, então apenas aqueles que demonstram arrependimento e fé, os frutos da regeneração que todos os eleitos terão, são as pessoas que devem ser batizadas. Alguém poderia questionar sobre as falsas conversões, os falsos crentes que acabam entrando na membresia das igrejas. Samuel Renihan responde:

Não, eu não estou dizendo que os batistas reformados podem saber quem são os eleitos, porque nós devemos lidar com os homens através de profissões, através dos frutos que eles produzem e de nossas perspectivas falíveis. Faremos o possível para batizar aqueles que professam a fé e o arrependimento. E se alguém o faz falsamente, com um coração descrente e sem arrependimento, o castigo recairá sobre sua cabeça por ter feito uma profissão falsa. Por exemplo, se eu vou para um país e obtenho ilegalmente a cidadania daquele país, quando for descoberto que eu sou um cidadão ilegal, eu serei tratado como um cidadão ilegal. Alguém me dirá: “Você nunca foi cidadão do nosso país” e então eu serei considerado culpado disso. Eles não vão apenas me mandar embora. Eu serei punido naquele país por ter violado suas leis. Da mesma forma quando alguém vem à igreja, professa falsamente uma fé e um arrependimento que não possui e é batizado, um julgamento recai sobre ele. Existe um real julgamento para isso. Entretanto, nós, como ministros, como detentores das chaves do reino, devemos lidar com os homens através das confissões que eles fazem.[17]

Portanto, não é porque há cidadãos ilegais nos países que se deve incentivar tal prática, pelo contrário, ela deve ser evitada.

3.4. O modelo pedobatistas utiliza o Antigo Testamento para compreender o Novo. O modelo credobatista utiliza o Novo Testamento para compreender o Antigo.

Outro ponto de divergência é que o modelo pedobatista acaba, de certo modo, usando o Antigo Testamento para interpretar o Novo em relação à questão do batismo. Notemos o que o renomado pedobatista B.B. Warfield argumentou em favor do batismo infantil:

É verdade que não existe nenhum comando expresso para batizar bebês no Novo Testamento, não há registro expresso do batismo de bebês, e não há quaisquer passagens que impliquem rigorosamente que devemos inferir a partir delas que bebês foram batizados. Se tal fundamento for necessário para justificar a prática, nós deveríamos deixá-la completamente injustificada. Mas a falta desse comando expresso está muito longe que proibir o rito; e se a continuidade da igreja através de todas as eras passadas for consi-derada e consultada, será visto que o mandamento para o batismo infantil não deve ser procurado no Novo Testamento, mas no Antigo Testamento, quando a igreja foi instituída, e nada menos do que uma real proibição dele no Novo Testamento implicaria em um comando para abandonarmos o batismo de bebês agora.[18]

Warfield admite que não há prescrição para o batismo infantil no Novo Testamento e defende que é necessário encontrá-la no Antigo Testamento.[19] Os batistas discordariam da conclusão de Warfield, pois entenderiam que precisamos olhar para o Novo Testamento para entender a prática correta dessa ordenança. O batista do século XVII, Nehemiah Coxe, explicou que “o melhor intérprete do Antigo Testamento é o Espírito Santo falando por meio do Novo Testamento”,[20] e os batistas reformados defenderam o princípio interpretativo da prioridade do Novo Testamento, como Tom Hicks explica:

O princípio interpretativo da prioridade do Novo Testamento é derivado de um exame das próprias Escrituras. Ao lermos a Bíblia, percebemos que textos anteriores nunca interpretam explicitamente textos posteriores. Os textos anteriores fornecem o contexto interpretativo para textos posteriores, mas textos anteriores nunca citam textos posteriores e os explicam diretamente. Em vez disso, o que encontramos é que textos posteriores fazem referência explícita a textos anteriores e fornecem explicações sobre eles. Além disso, a parte posterior de qualquer livro sempre deixa clara a parte anterior. Quando você começa a ler um romance, por exemplo, você ainda está conhecendo as personagens, a configuração, o contexto etc., mas, mais tarde, à medida que a história avança, as coisas que aconteceram no início do livro fazem mais sentido e tomam um novo significado. Mistérios são resolvidos. As conversas anteriores entre personagens ganham novo significado à medida que o romance se desenrola. Partes posteriores da estória têm o principal poder explicativo sobre as partes anteriores.[21]

Micah Renihan e Samuel Renihan explicam que: “se seguirmos Warfield e olharmos para o Antigo Testamento como a base para o modo como devemos administrar o batismo, nós violaremos este princípio fundamental da hermenêutica”.[22] Tom Hicks comenta que, com essa compreensão, os pedobatistas entendem que o texto de Gênesis 17:7 diz respeito ao Pacto da Graça feito com Abraão e todos aqueles que são seus filhos físicos. Essa percepção os leva ao batismo de infantes no Novo Testamento e a igrejas com uma membresia intencionalmente mista composta por crentes e incrédulos.[23] Hicks prossegue:

Se, no entanto, permitirmos que o Novo Testamento interprete Gênesis 17:7, então evitaremos o erro cometido pelo dispensacionalismo e pelo pedobatismo. Gálatas 3:16 diz: “Ora, as promessas foram feitas a Abraão e à sua descendência. Não diz: E às descendências, como falando de muitas, mas como de uma só: E à tua descendência, que é Cristo”. Note que Gálatas 3:16 nega explicitamente uma descendência plural. A promessa é apenas para um filho e não para muitos. “Não diz: E às descendências” (Gálatas 3:16). Portanto, à luz do ensinamento claro do Novo Testamento, devemos concluir que tanto dispensacionalistas como pedobatistas interpretam mal o Antigo Testamento porque não conseguem permitir que o Novo Testamento tenha prioridade de interpretação. Ambos os sistemas concluem que a promessa à semente de Abraão é uma promessa aos descendentes físicos, e não a Cristo. Esse erro leva os pedobatistas a enfatizarem excessivamente uma igreja visível propagada por uma geração natural com sua leitura das Escrituras e leva os dispensacionalistas a enfatizarem excessivamente Israel, quando o Novo Testamento claramente nos ensina a enfatizarmos Cristo. A promessa da “descendência” é uma promessa a Cristo, não aos homens. Essa não é uma negação de qualquer aspecto coletivo em relação à descendência; em vez disso, reconhece que a descendência é Cristo e que, pela união salvífica com Ele, os eleitos também são descendência nEle (Gálatas 3:7, 14, 29). Assim, todas as promessas feitas a Abraão em Gênesis 17:7 foram feitas a Cristo e a todos os que estão unidos salvificamente a Ele, judeus e gentios. A promessa é, portanto, centrada em Cristo, não centrada no homem, como os batistas históricos sempre ensinaram.[24]

Hicks explica que, se observarmos o que o texto do Novo Testamento explica sobre a profecia do Antigo, e não vice-versa, encontramos a maneira adequada de entender o texto — neste caso, que o descendente de Abraão por meio de quem todas as nações da terra seriam abençoadas é Cristo, e aqueles que estão em Cristo são os que herdam as promessas feitas a Abraão (Gálatas 3:29).

Uma vez que os pedobatistas não viam diferença substancial entre a Antiga e a Nova Aliança, apenas diferentes administrações, eles entenderam que os seus descendentes naturais estavam incluídos no pacto da mesma maneira que ocorria na Antiga Aliança. Sendo assim, Denault reitera que eles compreenderam que “a igreja normal inclui, como parte da instituição, professos que podem ser regenerados e não regenerados, bem como os descendentes naturais dessas pessoas”.[25]

Samuel Renihan explica que os batistas entenderam que existe uma dificuldade ao incluir os filhos dos crentes nessa aliança. Eles levantaram questões como: Qual é a natureza dessa união pactual, entre os não regenerados e Jesus Cristo? Qual é a natureza da união federal deles com Jesus Cristo? Uma vez que ou alguém está ligado a Cristo ou a Adão como cabeça federal, não há como misturar as membresias. Os batistas entenderam que não há possibilidade de se estar em ambos os cabeças federais ao mesmo tempo, ou seja, alguém que não é regenerado e faz parte da “administração do Pacto da Graça” está sobre a representatividade de Adão, porque ele está carregando a maldição do pecado. Como, porém, ele pode estar nessa condição e, ao mesmo tempo, sob o Pacto da Graça, sob a representatividade de Cristo? Os batistas entenderam que, nesse ponto, há uma inconsistência na teologia pactual pedobatista e que não há uma clareza obre à união pactual com Jesus Cristo de alguém que não tenha sido regene-rado, uma vez que a Bíblia diz, em Romanos 9:8b: “E, se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele”.[26]

3.5. Os pedobatistas sustentaram o modelo de um pacto da graça sob duas administrações, os credobatistas entenderam a diferença substancial entre Antiga e Nova Aliança.

Fundamentados em passagens bíblicas como Gálatas 4:24-31, Hebreus 8, Jeremias 31 etc., os batistas discordaram do entendimento pedobatista de um pacto sob duas administrações, por entenderem que ela contradiz a terminologia bíblica que fala claramente de duas alianças. Como notamos na alegoria mencionada por Paulo sobre as duas mulheres relacionadas a Abraão e as alianças que elas representavam, a primeira aliança representada por Agar, e a outra, representada por Sara. A aliança representada por Agar diz respeito à aliança do Sinai, da qual Moisés é o mediador, e a aliança representada por Sara, que gera os filhos da promessa como Isaque, diz respeito à Nova Aliança, estabelecida no sangue de Cristo Jesus, o supremo Mediador.

Portanto, os batistas entendem que a Escritura as trata como duas alianças diferentes, não simplesmente como administrações da mesma aliança, e por isso tiveram problemas com a terminologia pedobatista. Os pedobatistas tentam conciliar as alianças históricas da Bíblia e as entendem como cosubstanciais, administrações do mesmo Pacto da Graça, enquanto os batistas reconheceram que existem diferenças significativas e substanciais entre essas alianças e que existe uma progressão histórica de uma à outra. Pascal Denault resume:

Ter Deus de acordo com os termos definidos pela Antiga Aliança era condicionado à obediência de Israel. Sob a Nova Aliança, Deus também prometeu ser o Deus de seu povo, e que esse será: “[…] geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa” (1 Pedro 2:9), mas, ao contrário da Antiga Aliança, sob a Nova Aliança essa promessa é incondicional: “eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo. […] porque lhes perdoarei a sua maldade, e nunca mais me lembrarei dos seus pecados” (Jeremias 31:33-34). Ser povo de Deus, sob a Nova Aliança, é ter garantido o perdão de pecados obtido pelo mediador dessa aliança; é por isso que Cristo é apresentado como o único fiador (Hebreus 7:22). Ser o povo de Deus, sob a Antiga Aliança, estava condicionado à obediência desse povo. Além disso, ter o Senhor como Deus na Antiga Aliança não garantia as mesmas bênçãos da Nova Aliança: a primeira garantia bênçãos terrenas, a segunda, bênçãos celestiais: a vida eterna.[27]

Os batistas, como já consideramos, abordam a teologia pactual compreendendo que o Pacto da Graça foi prometido no Antigo Testamento, mas não formalmente consumado até a Nova Aliança em Cristo, logo eles igualaram o Pacto da Graça com a Nova Aliança. A Nova Aliança é o Pacto que foi progressivamente revelado através de etapas sucessivas desde Gênesis 3:15 até sua consumação na Nova Aliança em Cristo. O Pacto da Graça não foi concluído antes da morte e ressurreição de Cristo; as alianças formais que precederam esse evento tiveram uma essência diferente e foram, portanto, abolidas e substituídas pela Nova Aliança. Johnson afirma:

A teologia pactual pedobatista conduz ao batismo infantil porque falha em manter a Antiga e a Nova Aliança separadas. Por causa disso, eles [pedobatistas] combinam os aspectos físicos e exteriores da nação de Israel com o reino espiritual de Deus — a igreja. Ao mesclar essas duas alianças, eles misturam a circuncisão infantil — o sinal de ter nascido em uma nação física, com o batismo nas águas: o sinal de ter nascido em uma nação espiritual. Considerar o pacto mosaico como uma manifestação do Pacto da Graça é uma peça importante do quebra-cabeças da teologia pactual pedobatista, mas é também a sua falha fatal.[28]

Pascal Denault afirma que no modelo batista, há tanto continuidade quanto descontinuidade na distinção revelado/concluído do Pacto da Graça:

Existe uma continuidade, porque o Pacto da Graça foi revelado a partir de Gênesis 3: 15 até sua completa revelação no Novo Testamento, mas há também descontinuidade, porque o Pacto da Graça não foi concluído antes da morte e ressurreição de Cristo; as alianças formais que precederam esse evento tiveram uma substância diferente e foram, portanto, abolidas e substituídas pela Nova Aliança.[29]

Concordamos com a conclusão de Samuel Renihan:

Concluindo, tudo começa e termina com Jesus Cristo. Devemos ser fiéis ao Seu Pacto e às Suas ordenanças. Os batistas creem que as Escrituras ensinam que o Pacto de Cristo perdoa os pecados de todos os seus membros, que as falsas ovelhas são simplesmente falsas ovelhas e que o batismo é um símbolo das realidades objetivas da Nova Aliança e da participação dos crentes nela. Sabendo que todos aqueles que invocam o nome do Senhor serão salvos, esforcemo-nos juntamente com nossos irmãos pedobatistas, quaisquer que sejam nossas diferenças nesse ponto, para proclamar esse precioso nome ao mundo.[30]

Sendo assim, notamos as semelhanças e diferenças entre credobatistas e pedobatistas em relação à teologia pactual. Vimos que seu entendimento difere principalmente em relação ao Pacto da Graça e a compreensão da diferença substancial entre a Antiga e a Nova Aliança. Isso redundou em um entendimento diferente sobre a membresia no Pacto da Graça e consequentemente, a quem o batismo deve ser administrado. Para os pedobatistas, os crentes e seus bebês devem ser batizados, e para os credobatistas somente aqueles que professam fé em Cristo devem participar dessa ordenança. Entretanto, apesar de suas diferenças, ambos são irmãos e devem cooperar em prol da propagação do Evangelho de Jesus Cristo.

CONCLUSÃO

Após essa breve comparação entre o modelo credobatista e pedobatista de teologia pactual, destacamos os seguintes pontos:

1) Existem muito mais semelhanças do que diferenças entre Westminster e Londres, e isso deve ser levado em conta para a promoção de nossa unidade como irmãos em Cristo.

2) Os pedobatistas entendem que o Pacto da Graça existe sob várias administrações e que a Nova Aliança é mais uma administração do Pacto da Graça; logo, eles entendem que não há diferença substancial entre a Antiga e a Nova Aliança.

3) Os credobatistas entendem que o Pacto da Graça foi revelado em Gênesis 3:15 como uma promessa, mas estabelecido somente na Nova Aliança.

4) Os batistas compreendem a diferença substancial entre a Antiga e a Nova Aliança.

5) Os pedobatistas assemelham a entrada no Pacto da Graça à circuncisão física no nascimento e, portanto, entendem que seus filhos recém-nascidos devem ser batizados e que fazem parte do Pacto da Graça.

6) Os batistas entendem que a entrada na Nova Aliança se dá pela circuncisão do coração. A regeneração é o correto antítipo da circuncisão, portanto, somente os regenerados estão no Pacto da Graça e somente eles podem participar das ordenanças desse pacto.

7) A diferença entre credobatismo e pedobatismo emerge de uma compreensão diferente dos pactos divinos.

8) Independente de nossas diferenças, credobatistas e pedobatistas são irmãos em Cristo e devem trabalhar juntos pela propagação do Evangelho de Cristo.

Fonte: Baseado no capítulo 10 do livro “Teologia Bíblica Batista Reformada” de Fernando Angelim.

Link do livro na Amazon: https://amzn.to/4f4a4lz

[1] DENAULT, Os Distintivos da Teologia Pactual Batista, p. 34.

[2] Não teremos como esgotar o assunto, nem seremos exaustivos em relação a esse debate. Entretanto, indicaremos alguns livros que podem ajudar o leitor a se aprofundar nessa questão. São eles: “Os Distintivos da Teologia Batista Pactual”, escrito por Pascal Denault, para um entendimento mais aprofundado do assunto, recomendo enfaticamente a leitura desse livro. Outro livro chama-se “A Falha Fatal”, por Jeffrey Johnson, que também traz uma importante contribuição sobre o assunto, bem como o livro “O Mistério de Cristo, Seu Pacto e Seu Reino” de Samuel Renihan. Finalmente, o livro “Teologia Pactual: De Adão a Cristo”, por Nehemiah Coxe e John Owen. Esses materiais terão muito a contribuir para um bom entendimento sobre o debate do ponto de vista da teologia batista pactual. A exposição desse capítulo foi baseada em alguns argumentos desses livros e em alguns artigos e publicações do Dr. Samuel Renihan, entre outros conteúdos que serão mencionados.

[3] RENIHAN & RENIHAN, Teologia Bíblica Reformada Batista Pactual.

[4] DENAULT, Os Distintivos da Teologia Pactual Batista, p. 114-115.

[5] DENAULT, Os Distintivos da Teologia Pactual Batista, p. 115.

[6] RENIHAN, Samuel. O Argumento em Favor do Credobatismo. O Estandarte de Cristo, 2019. Disponível em: <https://oestandartedecristo.com /2019/03/21/o-argumento-em-favor-do-credobatismo-%E2%94%82-por-samuel-renihan/>. Acesso em: 22 de nov. de 2019.

[7] RENIHAN, Mike. O Pacto da Graça.

[8] TURRETINI, Compêndio de Teologia Apologética. Vol. 2., p. 293.

[9] CONFISSÃO DE FÉ DE WESTMINSTER. Disponível em: <http://www.monergismo.com/textos/credos/cfw.htm>. Acesso em: 09 abr. 2020.

[10] COXE & OWEN, Covenant Theology: from Adam to Christ, p. 30. (Tradução própria.)

[11] Ibidem, p. 187-188.

[12] DENAULT, Os Distintivos da Teologia Pactual Batista, p. 56.

[13] CONFISSÃO DE FÉ DE WESTMINSTER 25.2 e 28.4. Monergismo. Disponível em: <http://www.monergismo.com/textos/credos/cfw.htm>. Acesso em: 02 de mar. de 2020.

[14] RENIHAN, Samuel. O Argumento em Favor do Credobatismo.

[15] WASHER, O Chamado ao Evangelho e a Verdadeira Conversão, p. 143.

[16] RENIHAN & RENIHAN, Teologia Bíblica Reformada Batista Pactual.

[17] Baseado em: RENIHAN, James; RENIHAN, Samuel; BARCELLOS, Richard. Federalismo Batista – Federalismo Batista x Federalismo Westminster (Parte 3). Vídeo (13 min). Publicado pelo canal: Batista 1689. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=fkzUXsvo3GM>. Acesso em: 22. de nov. de 2019.

[18] WARFIELD, Benjamim B. Studies in Theology. Grand Rapids: Baker, 2003. p. 399-400. Apud RENIHAN & RENIHAN, Teologia Bíblica Reformada Batista Pactual.

[19] RENIHAN & RENIHAN, Teologia Bíblica Reformada Batista Pactual.

[20] COXE & OWEN, Covenant Theology: from Adam to Christ, p. 36. (Tradução própria.)

[21] HICKS, Tom. Hermenêutica: A Prioridade do Novo Testamento.

[22] RENIHAN & RENIHAN, Teologia Bíblica Reformada Batista Pactual.

[23] HICKS, Tom. Hermenêutica: A Prioridade do Novo Testamento.

[24] Ibidem.

[25] DENAULT, Os Distintivos da Teologia Pactual Batista: Uma Comparação entre o Federalismo dos Batistas Particulares e dos Pedobatistas do Século XVII. p. 78.

[26] Baseado em: RENIHAN, James; RENIHAN, Samuel; BARCELLOS, Richard. Federalismo Batista – Federalismo Batista x Federalismo Westminster (Parte 3). Vídeo (13 min). Publicado pelo canal: Batista 1689.

[27] DENAULT, Os Distintivos da Teologia Pactual Batista: Uma Comparação entre o Federalismo dos Batistas Particulares e dos Pedobatistas do Século XVII. p. 154.

[28] JOHNSON, A Falha Fatal da Teologia por Trás do Batismo Infantil e o Dicotomismo Pactual, p. 300.

[29] DENAULT, Os Distintivos da Teologia Pactual Batista: Uma Comparação entre o Federalismo dos Batistas Particulares e dos Pedobatistas do Século XVII. p. 123.

[30] RENIHAN, Samuel. O Argumento em Favor do Credobatismo.

CARREGAR MAIS
Loading