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Os livros proféticos do Antigo Testamento nem sempre se prestam à uma fácil aplicação. Quando eu prego, tento contextualizar estas antigas profecias, explicar seu significado e mostrar como algumas já foram cumpridas em Cristo.

Os profetas são bastante esclarecedores. Mas como aplicá-los de imediato? Nem sempre é possível. . . a menos que ampliemos nossa visão de aplicação e consideremos a história por trás dos símbolos.

Um Rebento Vindo de um Tronco

Recentemente preguei sobre Isaías 11, onde o profeta prediz a vinda de um futuro Governante que seria “um rebento do tronco de Jessé”. A audiência de Isaías teria reconhecido Jessé como o pai de Davi, o maior rei da história de Israel. Em outras palavras, um rei estava vindo, um descendente do grande rei Davi. Vemos o cumprimento desta profecia na vinda de Jesus.

Para aplicar este versículo, ponderei sobre as imagens de um broto vindo de um toco de árvore — uma imagem de vida nova surgindo do lugar da morte.

Originalmente, esta imagem indicava um futuro para Israel no qual as coisas piorariam antes de melhorar. Deus advertiu que Ele disciplinaria seu povo por sua persistente pecaminosidade. Por meio dos profetas, Ele previu que Ele reduziria o número de seu povo escolhido até que restasse apenas um pequeno remanescente.

Mas daquele toco, brotaria um renovo. Um talo. A vida vinda da morte! O exílio não seria a última palavra para o povo de Deus. Haveria um retorno.

Escuridão Antes do Amanhecer

Minha família passou pelo ano mais difícil de nossas vidas. Vivenciamos pesares inesperados e, às vezes, sentimo-nos oprimidos pela escuridão. Mas em meio à nossa tristeza, encontramos esperança nesta imagem de Isaías. A imagem de uma vida nova emergindo de um tronco velho nos ajudou a colocar as tristezas do ano passado dentro de um contexto maior.

As melhores histórias narram uma jornada em direção à redenção. Quando cremos que os personagens principais estão bem encaminhados em direção ao objetivo, seja ele em um relacionamento ou numa jornada física por meio do perigo em direção a um lugar seguro, sempre há um momento em que ocorre um terrível revés — algo tão dramático que faz o leitor pensar que a situação é totalmente sem esperança. Mas então o clímax causa uma completa reviravolta. Esta última surpresa é o que J. R. R. Tolkien chamou de “eucatástrofe”. É o oposto da catástrofe que iniciou o drama da história. É o momento em que tudo se inverte. É o que abre o caminho para a resolução da história.

Sabendo como as histórias funcionam, pode-se notar este arco narrativo por toda parte. Vê-se isto em comédias, nos filmes de super-heróis e até nos filmes românticos. (O cara e a menina estão quase juntos e então — bam! — a mãe do filme estraga tudo, ou algum segredo é descoberto e a esperança acaba novamente.)

As histórias funcionam desta maneira porque a verdadeira História do nosso mundo funciona desta maneira. O broto saindo do toco. A redução do povo fiel de Deus a um remanescente, quando parece que todas as promessas de Deus estão perdidas, e então, eis aqui Jesus! Um rebento está saindo do tronco. Vida nova vindo da morte.

Perseverando na Escuridão

Naquela simples imagem de um broto que sai de um toco, encontro esperança para perseverar nos tempos sombrios. Não posso aplicá-la, no sentido de que me dê uma tarefa que necessito fazer esta semana. Mas ela se aplica a mim porque reorienta meus pensamentos para que eu me veja como parte de uma história maior que Deus está escrevendo, uma história de sua glória e para o meu bem.

Grandes histórias sempre incluem momentos que parecem irremediavelmente escuros. Oh, que possamos confiar no Narrador durante tais tempos! Deus está tecendo uma obra-prima que fará sentido total no final. É a escuridão antes do amanhecer, como na canção de Andrew Peterson.

Talvez, ao ler isto, você esteja num ponto tão baixo que minhas palavras não lhe trazem nenhuma esperança. Não há volta, você diz. Talvez você esteja nas profundezas, ou encarando o fim de sua vida, e pensa: É o fim. Há apenas um toco. Nenhum broto.

Olhe para Jesus. Mesmo em sua história, houve ocasiões de desespero. No Getsêmani, orando ao Pai em agonia. Perante os governantes, espancado, machucado, esmagado e morto. Na cruz, clamando ao Deus que o havia abandonado. Se alguma vez houve um momento sombrio, uma catástrofe para um indivíduo inocente, foi quando Jesus foi crucificado, quando a luz do mundo se extinguiu na cruz, quando a árvore da vida foi abatida, de modo que apenas um toco permaneceu. O silêncio. A escuridão. A morte.

Mas então — surgiu o broto do toco, pouco antes do amanhecer no domingo de manhã. A ressurreição! Vida nova. A “eucatástrofe” que dá uma reviravolta em tudo!

Portanto, fique firme hoje. A história de Jesus também será verdadeira em nós, seja na vida ou na morte. Sua história é a nossa história. Nossa história é parte de Sua história. É por isto que podemos confiar nossas vidas a Jesus. Podemos confiar nele na nossa morte. Não importa o que possa estar acontecendo em sua vida agora, o dia está chegando quando não serão as forças do inferno sendo liberadas, mas todas as forças dos céus se abrindo para você, para sempre.

Traduzido por Raul Flores.

 

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