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Recentemente, escrevi uma coluna sobre o prefácio da parábola de Jesus sobre o fariseu e o publicano e o que esse comentário introdutório nos diz sobre a conexão entre confiar em si mesmo e menosprezar os outros. Quando olhamos para a parábola em si, particularmente a descrição do fariseu, devemos observar quão fácil nos é enganarmos a nós mesmos sobre a justiça própria.

Hoje em dia, estamos acostumados a considerar os piores motivos possíveis no caráter do fariseu. Mas os ouvintes originais de Jesus não presumiam que o fariseu fosse o vilão, não a princípio. Eles viam o fariseu como um cidadão modelo — um homem religioso decente e honrado que era piedoso em sua prática.

A Oração do Fariseu

Primeiro, o fariseu foi ao templo orar. Ele estava buscando ao Senhor, e aparentava ser um homem de oração, certo? Não só isso, o fariseu agradeceu a Deus pelas boas coisas que ele havia feito. Isso também é bom. O fariseu não tomou crédito por suas próprias boas obras. Ele disse: Ó Deus, graças te dou!

Portanto, qual é o problema? A justiça própria que transpira das ações e palavras deste homem é evidente nos outros aspectos da sua oração.

Ele estava de pé no templo, provavelmente na frente dos outros, para ser visto por eles.

Ele expressa gratidão a Deus, mas não por Deus ser tão excelso e santo, mas porque ele vê a si mesmo separado dos outros. (O fariseu menciona pecadores que são “roubadores, injustos e adúlteros”, e então ele menciona o publicano presente no mesmo complexo do templo que ele: “nem ainda como este publicano.”) O fariseu pode não ter autoconscieência, mas certamente está consciente das pessoas ao seu redor. Ele não está realmente contemplando a Deus em oração porque está olhando de cima para as pessoas próximas a ele. Se ele realmente tivesse consciência da incrível majestade de Deus, ele veria a si próprio no mesmo nível do publicano — um humilde pecador necessitado de misericórdia.

O fariseu menciona suas práticas de jejum e seus dízimos.

Observe como os verbos estão na primeira pessoa singular durante a oração. O fariseu pode estar orando a Deus, mas está orando sobre si próprio.

Se alguém acusasse o fariseu de ter justiça própria naquele momento, como você acha que ele teria respondido? Ele teria negado a acusação. Não reconheceria a atitude em si mesmo. Viu como é fácil ser enganado?

Disfarces da Justiça Própria

Tudo isso deveria nos levar a pensar: de que maneiras podemos ter justiça própria sem saber disso? Afinal de contas, a justiça própria usa muitos disfarces. O mais assustador sobre a justiça própria é que geralmente não a reconhecemos em nós mesmos. Cremos que por causa de nossas práticas religiosas, estamos ok com Deus. Cremos que pela maneira como oramos estamos confiando nele, não em nós mesmos. Cremos que pela maneira como vivemos, estamos fazendo melhor do que as pessoas ao nosso redor. A justiça própria fede; infelizmente, somos os últimos a sentir seu odor em nós mesmos.

John Maxwell conta uma história engraçada sobre um avô visitando seus netinhos. À tarde, vovô tirava uma soneca. Um dia, os netos decidiram pregar-lhe uma peça. Eles colocaram queijo Limburger no seu bigode. Quando ele acordou, começou a fungar, e disse: “Este quarto está fedendo!” Então ele foi para a cozinha. “Aqui também cheira mal.” Então ele foi para fora para tomar um pouco de ar fresco, e depois de um minuto disse: “O mundo inteiro está fedendo” É assim que as pessoas que se baseiam na justiça própria são. Podem farejar os pecados e falhas de todos ao seu redor, e acham que todo mundo fede, exceto eles, mas às vezes, o fedor está neles mesmos.

A Justifiça Própria

Esta história que Jesus contou sobre o fariseu nos mostra como é fácil cair na armadilha da justiça própria. Apresentamos todas as nossas boas obras diante de Deus e diante dos outros, pensando que tais obras aumentarão nossa estatura. E quando somos exortados, em vez de reconhecermos nosso espírito de justiça própria, recuamos da acusação e nos justificamos a nós mesmos. Sou grato a Deus pelo meu bom coração! Sou obviamente religioso! Não nota que estou agindo melhor do que outras pessoas ao meu redor? Quer dizer que minha observância religiosa não tem importância?

Mas mesmo quando a nossa justiça própria é camuflada em palavras de gratidão ou se expressa em ações que, na superfície, parecem ser feitas por um desejo de glorificar a Deus, a justiça própria ainda é a justiça própria. É uma confiança equivocada que conduz a um julgamento equivocado. O presidente George W. Bush disse certa vez: “Julgamos os outros por suas ações e a nós mesmos por nossas intenções”. Julgamos as pessoas à nossa volta mais duramente do que nos atreveríamos a julgar a nós mesmos.

O Orgulho x A Humildade

A parábola do fariseu e do publicano nos dá um retrato vívido do orgulho x humildade, da justificação pelas obras x justificação pela fé. O teólogo do Novo Testamento, Darrell Bock, expõe a diferença:

“O orgulho prega o mérito; a humildade implora por compaixão. O orgulho negocia como um semelhante; a humildade se aproxima em necessidade. O orgulho se separa rebaixando aos outros; a humildade se identifica com os outros, reconhecendo que todos temos as mesmas necessidades. O orgulho destrói através do autoserviço alienante; a humildade abre portas com seu poder de solidarizar com a luta que compartilhamos. O orgulho levanta o nariz; a humildade oferece uma mão aberta e estendida”.

Traduzido por Cynthia Costa

 

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