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Salmo de Davi, quando estava no deserto de Judá.

Ó Deus, tu és o meu Deus forte; eu te busco ansiosamente; a minha alma tem sede de ti; meu corpo te almeja, como terra árida, exausta, sem água. Assim, eu te contemplo no santuário, para ver a tua força e a tua glória. Porque a tua graça é melhor do que a vida; os meus lábios te louvam. (Salmo 63.1-3)

O salmo foi escrito por Davi, quando ele era rei (v. 1 e 11). A situação é que alguém estava procurando destruir sua vida (v. 9). Isso corresponde ao tempo em que Absalão, seu próprio filho, levou-o a sair de Jerusalém (2 Samuel 15.23). Coloque-se no lugar de Davi. Seu filho não é apenas alienado, mas hostil o suficiente para querer ver seu próprio pai morto. Vemos aqui um perigo mortal misturado com a devastadora separação de seu filho.

Aprenda com Davi o que fazer nesse momento aterrorizante e desolador. Ele ora. O salmo inteiro é dirigido a Deus. Ele pede uma única coisa — não proteção, nem vitória, mas o próprio Deus, satisfazendo sua alma como a água satisfaz a sede em uma terra árida e exausta. “Ó Deus, tu és o meu Deus forte; eu te busco ansiosamente; a minha alma tem sede de ti; meu corpo te almeja, como terra árida, exausta, sem água” (v. 1). Há períodos de dor, perda, tristeza e escuridão, quando não vale a pena pedir por nada, exceto pelo próprio Deus. Todo o resto parece trivial, até mesmo a vida.

É por isso que Davi diz no versículo 3: “Porque a tua graça é melhor do que a vida; os meus lábios te louvam”. Davi pode muito bem ser morto durante a noite por algum traidor vendido para Absalão, em conchavo com ele. Como você dorme? Você se lembra de que o amor de Deus, na presença de Deus, é melhor do que não ser esfaqueado até a morte no meio da noite. Mas esse descanso na benignidade de Deus não é sentido facilmente. Podemos até pronunciar as palavras. Mas sentimos a realidade disso? Davi não sentiu esse descanso como gostaria. É por isso que ele clamou: “Eu te busco ansiosamente; a minha alma tem sede de ti”. Davi desesperadamente precisava que Deus respondesse o seu clamor para vir e ajudá-lo a provar, e não apenas saber, mas experimentar, que a benignidade de Deus é melhor do que a vida.

Oh, conhecer a Deus assim! Não seria tudo para nós? Não seria isso mais do que todas as riquezas, toda a fama, todo o sucesso e toda a saúde; tudo, aliás, que o mundo pode oferecer? O próprio Deus aproximando-se e fazendo nossas almas beber do seu amor até que todo o resto desapareça de vista, e o medo seja engolido na segurança inabalável do gozo eterno à mão direita de Deus. Oh, que cheguemos nesse ponto em nossa caminhada com Deus! Quando o salvamento da sua própria vida e o resgate de seu próprio filho deixam de ser os seus deuses, e só Deus o envolve na sólida alegria de um amor inabalável, então Davi começa a cantar em meio às tristezas dessa noite, e até mesmo, talvez, se Deus permitir, reconquistar seu filho.

De que modo veio Deus a Davi e despertou seu paladar espiritual, para que ele pudesse ver a Deus e sentir que “de banha e de gordura farta-se a minha alma” (v. 5)? A resposta é que Davi se lembrou dos dias de adoração na casa de Deus: “Assim, eu te contemplo no santuário, para ver a tua força e a tua glória” (v. 2). Davi tinha sido expulso de Jerusalém, o lugar de adoração corporativa com o povo de Deus. E, na sua angústia, ele se lembra de como era e do que ele via de Deus na adoração.

Eis aqui algo que anelo grandemente para a adoração corporativa: que quando nos encontrarmos para cantar, orar e ouvir a palavra de Deus, o próprio Deus seja tão manifestamente presente em “poder e glória” que, nos anos por vir, quando algum de vocês for removido desse privilégio imensurável, a própria memória de ver a Deus na adoração possa fazê-lo sentir-se presente novamente.

Você oraria comigo para que Deus nos encontre assim? Você oraria por por mim e pelo seu pastor, para que Deus nos dê canções, orações, momentos de quietude, Escrituras e sermões que sejam tão cheios da verdade e do Espírito de Deus, que todos nós provaremos e veremos que a benignidade de Deus é melhor do que vida — e tudo o que a vida pode dar?

E vocês orariam por si mesmos e por todo o povo, a fim de que as noites de sábado e as manhãs de domingo se tornem átrios para o encontro com Deus? Orem com Davi: “Ó Deus, tu és o meu Deus forte; eu te busco ansiosamente; a minha alma tem sede de ti; meu corpo te almeja, como terra árida, exausta, sem água”. Se isso estivesse em nossos lábios no sábado à noite e no domingo pela manhã, Deus não abriria as fontes celestiais e não nos mostraria poderosamente que a sua graça é melhor do que a vida?

Publicado originalmente em DesiringGod.org.

Traduzido por Raul Flores.

 

 

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