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Como Jesus Sofreu um Castigo Eterno em Apenas 3 Horas?

Mais por Andrew Menkis

A princípio, a lógica da expiação é simples.

Nós pecamos e, portanto, estamos sob a ira de Deus. Quando Jesus morreu na cruz, Ele sofreu o castigo que o pecado merece. Se colocarmos nossa fé em Cristo, teremos a vida eterna.

No entanto, se formos um pouco mais a fundo, nos deparamos com uma pergunta desconcertante revelada por dois ensinamentos bíblicos.

Primeiro, o pecado contra Deus exige o castigo eterno (Mt 18.8; 2Ts 1.9; Ap 14.11; 20.10).

Segundo, Jesus morreu, foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia. Ele não foi punido para sempre. Ele não está mais sofrendo sob a ira de Deus. Ele está assentado à direita de Deus Pai (Hb 9.25-26).

Estas verdades gêmeas levantam a questão: Como Jesus recebeu a punição total pelo pecado (condenação eterna) se Ele não sofreu eternamente? Para responder, devemos fazer quatro perguntas adicionais dirigidas à lógica da expiação.

1. O Que é a Morte?

Paulo escreveu: “O salário do pecado é a morte” (Rm 6.23). A morte é o castigo para a rebelião contra Deus: quando as Escrituras falam sobre isso, não é meramente uma categoria biológica. Deus advertiu Adão sobre comer o fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal: “no dia em que dela comeres, certamente morrerás” (Gn 2.17). Adão não caiu morto no dia em que comeu a fruta, mas foi expulso do Éden.

Portanto, a morte é fundamentalmente separação de Deus. E em seu caráter definitivo, a morte é a eternidade no inferno. Deus não estará completamente ausente; aos condenados Ele estará presente como juiz e algoz.

2. Por Que o Inferno é Eterno?

A punição eterna é adequada por pelo menos duas razões. Primeiro, Deus nos criou para existirmos para sempre, portanto, a escolha de permanecer em rebelião e incredulidade tem consequências eternas. Segundo, os pecados cometidos contra um Criador infinito são infinitamente graves. Pareceria, portanto, que, para tomar sobre si nossa sentença eterna, Jesus precisaria ser punido eternamente. Disto podemos deduzir que ou Jesus ainda está sendo punido pelo Pai (o que a Bíblia nega) ou sua morte não é suficiente para expiar nossos pecados, já que Ele não recebeu o castigo eterno que merecemos.

Há uma terceira opção.

A punição do pecado é eterna em relação ao tempo, mas também é infinita em um sentido qualitativo. Em outras palavras, há um componente temporal para a punição pelo pecado, bem como um componente de completude. Imagine um professor que pune um aluno fazendo-o escrever “Eu não vou usar palavrões” 100 vezes. Independentemente de levar 30 minutos ou três horas, a punição não está completa até que ele escreva a sentença pela centésima vez. Algo semelhante está acontecendo com a expiação. Se fizermos uma distinção entre a duração do castigo e o derramamento completo da ira de Deus sobre o pecado, podemos entender como Cristo, um ser infinito, tomou nosso castigo sem passar a eternidade sob a ira de Deus.

3. O Que é Propiciação?

Esta palavra “propiciação” é usada quatro vezes no Novo Testamento (Rm 3.23-25; Hb 2.17; 1Jo 2.2; 1Jo 4.10). Refere-se a um sacrifício que apazígua ou desvia a ira justa de Deus. Este sacrifício muda a relação dele conosco de uma relação de ira para uma de favor.

Cada passagem que contém esta palavra ensina que Cristo foi a propiciação por nossos pecados. Como sacrifício perfeito, sua morte é capaz de conciliar Deus com pecadores. A Bíblia nos diz que foi um evento único. Jesus tomou nosso castigo em sua plenitude; o sacrifício não acontecerá novamente, nem é uma realidade contínua (Hb 9.24-28). Isto nos leva de volta ao nosso dilema: Jesus pode ser nossa propiciação se Ele não for eternamente punido? Para responder, devemos ponderar a realidade do inferno.

4. Por Que Pecadores Estão no Inferno?

As pessoas estão no inferno não só por causa do que fizeram, mas por causa de quem são. Jesus ensinou que tudo o que fazemos flui de nossos corações. E todo pecado flui de um coração em rebelião contra Deus. Se as pessoas persistirem nessa rebelião sem arrependimento até a morte, seu destino será selado. Elas são entregues ao que desejaram em vida, uma existência em desacordo com Deus, em vez de submissão a Ele. Elas são entregues a uma eternidade de ódio a Deus em vez de adoração — que é exatamente o que elas preferiam em vida. Ninguém iria querer sofrer os tormentos do inferno, mas é verdade dizer que Deus só envia pessoas para o inferno que queriam ficar separadas dele.

É necessária uma distinção aqui. As pessoas entram no inferno por causa de sua escolha de pecar e sua recusa a se arrepender; as pessoas permanecem no inferno para sempre porque são pecadoras. Não é apenas o pecado passado, mas também sua atitude atual que torna o inferno eterno para os pecadores. Esta é a principal diferença entre homens pecadores e Jesus, o homem sem pecado. Ele era perfeito em todos os sentidos; portanto, a duração do castigo não precisava ser eterna para que Ele absorvesse o castigo completo pelo pecado.

A ira de Deus foi totalmente derramada sobre Cristo — e não devemos pensar que isso seja contradito ou negado pelo fato de ter ocorrido em um período finito de tempo. Pelo contrário, o fato de que Cristo não está mais sob a ira de Deus, mas assentado em glória à sua direita, dá-nos toda a confiança de que Ele é nosso Salvador.

Pregue o Estranho e Lógico Evangelho

O evangelho faz sentido. Deus não se contradiz nem comete falácias lógicas em seu plano de salvação. E nossa apresentação do evangelho deve fazer sentido para nossos ouvintes.

Quanto melhor entendermos a lógica do evangelho e aplicá-la em nossa própria vida, mais claramente poderemos explicá-la aos outros. Claro, nem todo mundo que ouve o evangelho crê. Mas todos os que o ouvem devem, pelo menos, ser capazes de compreender a sua mensagem.

Quando pregamos o evangelho, pode parecer estranho, ofensivo ou completamente idiota para nossos ouvintes. Mas nunca deverá ser incoerente, contraditório ou ilógico se tivermos tomado tempo para meditar sobre a lógica deslumbrante do plano de salvação de Deus.

Traduzido por Raul

 

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