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Se nós somos tão pecadores como a Bíblia diz, então, toda vez que sentimos uma inclinação para orar, um milagre está acontecendo. Não desperdicemos esses momentos! Por outro lado, quando não temos vontade de orar, devemos perseverar na disciplina com honestidade diante de Deus e na expectativa de como Seu Espírito pode avivar-nos novamente.

Em outras palavras, não podemos fazer o vento do Espírito soprar em nós, fazendo-nos desejar mais o nosso Pai em oração, mas podemos abrir as velas esperando nEle.[1] Podemos obedecer agora buscando a face de Deus em oração, confiando no que Ele pode fazer para que oremos e O amemos com maior dedicação e fervor.

Pensando nisso, a seguir compartilho (com a ajuda de alguns dos meus escritores preferidos) quatro lições práticas para buscar orar com mais intensidade e persistência.

1. Aprofunde-se na Palavra

As disciplinas de aprofundar na Palavra e orar caminham juntas porque, em essência, a oração é a resposta de nosso coração à revelação de Deus.

Oramos porque Ele veio até nós primeiro. Nós O tratamos como nosso Pai porque Ele se revelou dessa forma, e como Pai Ele nos adotou. Expressamos louvor por termos visto a revelação de Sua glória. Procuramos Ele em busca de força porque sabemos o quão forte Ele é. Nos apegamos às Suas promessas e as apresentamos a Ele porque as conhecemos e as valorizamos. Em suma, conhecer mais e melhor a Deus nos leva a buscar viver em oração.

Na verdade, a razão pela qual os pagãos não oram bem e veem a oração mais como um fardo para impressionar a Deus do que como um deleite, é porque eles não conhecem verdadeiramente a Deus (Mt 6.7-8). Precisamos esquadrinhar à Bíblia e orar de acordo com ela. Nossa teologia é importante para termos uma vida de oração de acordo com o Seu coração.

Aprofundar nas Escrituras incentivará mais oração em nós. Como disse Jesus à mulher samaritana: Se conheceras o dom de Deus e quem é o que te pede: dá-me de beber, tu lhe pedirias…” (Jo 4.10). John Piper escreve sobre isso:

“Há uma relação direta entre não conhecer bem Jesus e não pedir-lhe muito. Fracassar em nossa vida de oração geralmente é fracassar em nosso conhecimento de Jesus… Um cristão que não ora é como um motorista de ônibus que tenta empurrar seu ônibus sozinho para fora de um buraco porque não sabe que o Super-homem está ao lado dele”. [2]

Quanto mais sabemos sobre a natureza, as promessas e as obras de Deus, e quanto mais bíblica nossa forma de aproximarmos a Ele, maior a alegria que sentiremos ao orar e ver as respostas às nossas orações.

2. Ore a palavra

Orar a Bíblia tem sido valioso para muitos crentes ao longo da história. Donald Whitney escreveu um livro excelente sobre isso que eu recomendo: Praying the Bible (Orando a Bíblia).

Trata-se de orar enquanto você lê a Palavra, especialmente os Salmos, sobre as coisas que você lê ou medita quando está diante dela. Consiste em apresentar nossos pensamentos (pedidos, ações de graças, louvor…) diante de Deus enquanto estamos diante da Bíblia.

Ao mesmo tempo, orar a Bíblia nos ajuda a durar mais tempo em oração. Sempre há novos pensamentos, ações de graças e pedidos para apresentar a Deus quando estamos diante de Sua Palavra. A lista de coisas pelas quais orar é praticamente inesgotável.

3. Ore até orar

Este é um conselho puritano clássico (eu sei que a palavra “puritano” soa feia e dá a impressão de legalismo, mas não deixe que isso o confunda ou distraia!). D. A. Carson comenta sobre isso:

“O que [os puritanos] querem dizer com isso é que os cristãos deveriam orar por tempo suficientemente longo e honestamente, em uma única sessão, para deixar para trás o sentimento de formalismo e irrealidade que acompanha mais do que algumas orações. Somos especialmente propensos a esses sentimentos quando oramos apenas por alguns minutos, correndo para terminar um dever simples. Para entrar no espírito de oração, devemos permanecer lá por um tempo.

Se “orarmos até orarmos”, acabaremos nos deleitando na presença de Deus, descansar em Seu amor, valorizar Sua vontade. Mesmo na escuridão ou na oração angustiada, de alguma forma sabemos que estamos conversando com Deus. Em resumo, descobrimos um pouco do que o apóstolo Judas quis dizer quando exortou seus leitores a orar “no Espírito Santo” (Jd 20) – o que presumivelmente significa que existe uma maneira terrível de não orar no Espírito”. [3]

Hoje gostamos das coisas rápidas e estamos inclinados a buscar a oração dessa forma, como se fosse uma tarefa simples em nossa lista de afazeres. Mas Deus deseja que nossa oração a Ele não seja hipócrita, simplesmente por dever. Orar até orar é algo mais valioso a cada dia em nossa era de superficialidade e distração.

4. Planeje orar

Daniel e o salmista são excelentes exemplos de intencionalidade na oração (Dn 6.7-10; Sl 119.164). Como eles, precisamos planejar a oração em particular se quisermos ter encontros mais longos e íntimos com nosso Pai. Mais uma vez, John Piper nos ajuda a ver isso:

“A menos que você esteja completamente errado, um dos principais motivos pelos quais os filhos de Deus não têm uma vida de oração significativa não é tanto porque não queremos, mas porque não o planejamos. Se você quer tirar férias de quatro semanas, não pode simplesmente acordar em uma manhã de verão e dizer: Vamos lá! Você não terá nada preparado. Você não saberá para onde ir. Você não planejou nada.

Mas é assim que muitos de nós tratamos a oração. Acordamos dia após dia e percebemos que momentos importantes de oração deveriam fazer parte de nossas vidas, mas ainda não preparamos nada. Você não sabe para onde ir. Não planejamos nada. Nem o momento nem o procedimento. E todos nós sabemos que o oposto de não planejar não é um fluxo maravilhoso de experiências profundas e espontâneas na oração. O oposto de planejamento é rotina. Se você não planeja férias, provavelmente ficará em casa assistindo TV. O fluxo natural e não planejado da vida espiritual leva a um declínio completo da vitalidade. Há uma corrida para correr e uma luta para lutar. Se você deseja uma renovação em sua vida de oração, deve planejá-la”. [4]

Portanto, planeje orar! Não há como influenciar como o Espírito ministrará a nós de uma forma especial em oração, mas podemos planejar estar de joelhos diante de Deus e buscar Sua face.

Concluo com estas palavras de Charles Spurgeon esperando que elas o encorajem:

“A oração é a gagueira da criança que crê, o grito de guerra do crente que luta e o réquiem do santo moribundo que adormece nos braços de Jesus. É o ar que respiramos, é a chave secreta, é o alento, a força e o privilégio de cada cristão. Portanto, se você é filho de Deus, você buscará a face de seu Pai e viverá no amor de seu Pai”. [5]

Traduzido por Any Rojas Molina

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