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Você tem uma Compreensão Bíblica do Sofrimento?

Qual é a sua teologia do sofrimento? Você procura evitar o sofrimento a qualquer custo? Se espanta quando sofre? Ou secretamente, pensa que há algo errado na sua vida cristã e que você é um cristão ruim? É importante que compreendamos o que a Bíblia diz sobre o sofrimento. Sem uma compreensão bíblica do sofrimento como âncora poderemos nos ver à deriva quando mais precisarmos de segurança.

Nossos dois grandes inimigos: O Pecado e o Sofrimento

O conceito da nossa salvação—nossa adoção final como filhos de Deus—se encontra no topo de nossa existência. Tal realidade nos ajuda na luta contra o pecado. O crente encara diversos inimigos durante sua caminhada neste mundo. O pecado é um deles—o grande inimigo que busca destrui-lo e esmagá-lo. Já o segundo inimigo que os santos encaram é o sofrimento.

A esperança que resulta de nossa adoção como filhos é uma resposta poderosa, não apenas ao nosso pecado, mas também ao sofrimento. Em Romanos 8.18-25 vemos que Deus não nos deixou indefesos nem desprotegidos diante destes dois grandes inimigos. Pelo contrário, o Senhor prepara os santos para que possamos ousadamente enfrentar nossos desafios com confiança.

Uma Compreensão Bíblica do Sofrimento

Existem três observações chave para nos dar uma sólida compreensão bíblica do sofrimento:

  1. A realidade dos nossos sofrimentos atuais,
  2. A realidade da nossa esperança futura,
  3. A tensão de viver entre estas duas realidades.

O Sofrimento É de Se Esperar

Em Romanos 8:18 Paulo escreveu “Porque para mim tenho por certo que os sofrimentos do tempo presente não podem ser comparados com a glória a ser revelada em nós.”. Há um lugar para o sofrimento neste mundo presente em que estamos vivendo. Mesmo para os santos, mesmo para os filhos, mesmo para os herdeiros de Deus! O Novo Testamento nos mostra que não só devemos ter a expectativa do sofrimento, mas ainda mais por sermos crentes, pois nos colocamos em direção oposta a tudo neste mundo (2Tm 3.12).

Mas Também Recebemos Bênçãos

Em muitos casos, oramos, e em muitos casos recebemos aquilo pelo qual oramos. Mesmo neste mundo Deus nos tem dado inúmeras coisas boas. Este é o Deus de quem se diz “Deus, que tudo nos proporciona ricamente para nosso aprazimento” (1Tm 6.17) Portanto, podemos dizer que uma compreensão bíblica do sofrimento e da bênção nesta vida presente é aquela que inclui ambas. Devemos ver o sofrimento como normativo, não estranho; e receber as coisas boas que vêm de Deus com ação de graças, e não como nosso direito. Ele gratuitamente nos concede tantas graças e coisas prazerosas para a nossa jornada.

Compreensões Não Bíblicas do Sofrimento

Qualquer ensinamento ou pessoa que afirme que não há lugar para o sofrimento na vida do cristão é um falso mestre. Eles não estão aderindo ao evangelho das Escrituras. Assim sendo, a teologia da prosperidade, que diz que não devemos sofrer, é mentira. Não é o cristianismo bíblico. É uma perversão das Boas Novas.

Em segundo lugar, crer ou compreender cada experiência de sofrimento na vida como diretamente conectada a algo que fizemos—e portanto Deus nos está castigando—também é um erro. Não é isto que a Bíblia ensina. Há sofrimentos que nos advêm como consequência direta do nosso pecado. Mas a Bíblia não fala deste como sendo o único tipo de sofrimento. A simples realidade é que devemos ter a expectativa de sofrer.

O sofrimento é Inevitável

Romanos 8:20 diz que “a criação está sujeita à vaidade, não voluntariamente, mas por causa daquele que a sujeitou”. Romanos 8:21 “na esperança de que a própria criação será redimida do cativeiro da corrupção,” Portanto, a maneira de entender este tempo presente é como um mundo que é escravo da corrupção; em estado de servidão. Tudo o que vemos ou tocamos está em uma inevitável jornada rumo à decadência. Este é o mundo em que vivemos, mas o Senhor nos livra de todas estas muitas tribulações. (Atos 14.22)

Não podemos escapar ilesos. O santo entrará em contato com o sofrimento e as provações de fogo.

O Sofrimento tem um Propósito

Deus submeteu a criação à futilidade “na esperança”. O que significa isto? O mundo não é como deveria ser. A criação foi feita para cumprir uma função—mas a entrada do pecado distorceu isto. Nisto podemos ver o juízo justo de Deus sobre o mundo em resposta a este pecado. Isto deve nos dar algum conforto. Quando pensamos que o estado caído deste mundo não é uma consequência independente do que Adão fez, mas é o juízo que vem da mão de Deus—que também se insere nesta esperança, este sofrimento vai se tornar algo bom e glorioso.

Como Podemos Vivenciar uma Compreensão Bíblica do Sofrimento?

Ao seguirmos pela vida cristã e passarmos pelo sofrimento, podemos ter certeza de que as escrituras reconhecem nossa dor. Elas não a ignoram. Nossas lágrimas têm seu lugar em nossa identidade como cristãos. Não é necessário acreditar que se fôssemos ‘bons cristãos’ tudo seria fácil—que jamais duvidaríamos de Deus. Que sempre teríamos a resposta perfeita de “sim, mas…. sei que Deus é bom e que, ao final, tudo acabará bem”.

Às vezes, o sofrimento é um estado do qual queremos sair rapidamente. Uma compreensão bíblica do sofrimento nos ajudará a não procurar a resposta em lugares errados. Sem isto pode ser que fujamos do sofrimento. Poderemos até fugir do próprio cristianismo, pois pode nos parecer que simplesmente não pertencemos! É difícil demais! E podemos acabar nos identificando com algo diferente do cristianismo porque nosso conceito de cristianismo não tem espaço para as dificuldades.

Examine Seu Coração

Até certo ponto, todos temos a expectativa de que coisas boas virão até nós por estarmos caminhando com o Senhor. Quando coisas ruins acontecem, ficamos chocados e surpresos! Mas tal reação expõe a teologia da prosperidade escondida em nossos corações. Igualmente não devemos ter uma visão distorcida de Deus e achar que qualquer dor venha de um Deus irado contra nós. Toda e qualquer visão pervertida do sofrimento irá nos manter afastados da graça da qual necessitamos para suportar o peso que o Senhor colocou sobre nossos ombros.

Traduzido por Vittor Rocha

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