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“Chegando-vos para ele, a pedra que vive, rejeitada, sim, pelos homens, mas para com Deus eleita e preciosa também vós mesmos, como pedras que vivem, sois edificados casa espiritual para serdes sacerdócio santo, a fim de oferecerdes sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por intermédio de Jesus Cristo.” (1Pe 2.4-5)

Jesus é uma pedra que vive, rejeitada pelos homens, mas eleita e preciosa aos olhos de Deus. Pedro relembra a seus leitores que Jesus sabe o que é ser marginalizado e rejeitado pelo mundo; aos olhos de Deus, no entanto, ele é eleito e precioso.

Jesus é uma pedra que vive — uma metáfora mista para nos fazer parar e pensar! As pedras são normalmente bem sólidas e geralmente pesadas; não são conhecidas por terem vida e propriedades orgânicas. Mas Jesus é uma pedra que vive, estável e firme, mas contudo viva. Podemos pensar na “viva esperança” de I Pedro 1.3, uma esperança baseada na ressurreição de Jesus dentre os mortos.

Templo Vivo

Estes versículos estão cheios de imagens do templo do Antigo Testamento. O templo em Jerusalém tinha um significado enorme para o povo de Israel sob a antiga aliança. Era um edifício imensamente impressionante, edificado com pedras magníficas e construído sobre uma montanha para que todos o pudessem ver. Aquele era o lugar onde Deus habitava junto a seu povo, mas, por causa de sua santidade, também era onde os sacerdotes tinham que oferecer sacrifícios para assegurar esse relacionamento com ele. O templo os identificava como povo de Deus e estabelecia a sua vida conjunta e o seu propósito no mundo. Mas aqui neste texto, Pedro relembra a estes cristãos marginalizados que a sua identidade coletiva e o seu propósito no mundo estão centralizados no Senhor Jesus Cristo. Ele é a pedra que vive da casa de Deus.

Nós também somos como pedras que vivem sendo edificadas em uma casa espiritual. A dimensão coletiva é intencional. Somos todos como pedras que vivem; nós também já estávamos mortos, mas agora fomos vivificados e estamos sendo edificados conjuntamente em uma casa espiritual onde Deus habita pelo seu Espírito. Não se pode construir uma casa com apenas uma pedra. São necessárias muitas pedras. Mas é necessário reunir as pedras em um único projeto grandioso.

Ao construir uma casa, é necessário comprar quantidades de madeira, tijolos ou pedras, e quando o projeto de construção estiver concluído, pode haver alguma sobra, talvez em uma pilha próxima. Mas os restos dos tijolos e pedras não fazem parte da casa. Apenas aqueles incorporados na estrutura compõem a casa. Nós crentes, somos as pedras que vivem, vivificadas no Senhor Jesus e, por meio dele, edificadas como casa espiritual. Não mais necessitamos de um templo de pedras; nós somos o templo vivo, unidos em Cristo.

Este é um corretivo importante para a nossa cultura individualista “centrada no eu”. O mundo não gira em torno de você ou de mim! Gira em torno do Senhor Jesus Cristo. Ele é o arquiteto desta casa e nós somos os seus materiais de construção. Somos chamados individualmente, mas a aceitação desse chamado significa que agora pertencemos uns aos outros e temos uma importante identidade de grupo, cuja soma é mais significativa do que cada parte individual.

Algumas pessoas pensam que se forem à igreja, então automaticamente pertencem ao Senhor Jesus. É claro que isso não é verdade. Na verdade, é o oposto disso. Não é possível pertencer à igreja a menos que primeiro pertençamos ao Senhor Jesus. Mas se pertencemos a Cristo, então também pertencemos à Sua igreja — não apenas à igreja local, mas também à igreja global, composta de todo o povo de Deus, de toda parte do mundo ao longo de todos os séculos. Jesus, a pedra que vive, está edificando suas pedras que vivem em uma casa onde Deus habita pelo seu Espírito.

Pertencemos uns aos Outros

Isto significa que necessitamos uns dos outros. Não podemos viver a vida cristã isoladamente. Necessitamos fazer parte de uma igreja local, não apenas aparecendo de vez em quando, mas totalmente envolvidos e comprometidos com o povo de Deus naquele lugar. Nós frequentemente falamos sobre “ir” à igreja, não é? Mas, na verdade, nós não “vamos” à igreja como se fossemos ao shopping ou ao dentista. Não vamos à igreja; nós somos a igreja. Nós vamos a um prédio. Uma vez que tenhamos entendido isso, isso mudará a maneira como pensamos sobre os nossos irmãos e irmãs, que são a igreja conosco.

Recentemente, fui visitar a igreja local onde trabalhei há 10 anos. É uma igreja no centro de Londres cheia de jovens, a maioria deles com menos de 35 anos. Foi ótimo ver como esses amigos ainda estão caminhando com o Senhor e perseverando em todo tipo de dificuldades e provações.

Um deles, uma mulher chamada Jill, estava à margem das coisas quando eu estava lá. Mas quando conversei com ela naquela manhã, ficou claro para mim que alguma coisa estava diferente; ela estava agora mais envolvida e mais comprometida com a família da igreja. Perguntei-lhe o que causou essa mudança, e ela me disse que a sua mãe havia morrido inesperadamente há alguns anos e o seu pai logo em seguida, e a família da igreja tinha sido maravilhosa. Eles se reuniram em volta dela, apoiaram-na e oraram por ela de maneiras que ela nunca poderia ter imaginado.

Aquelas tragédias familiares ajudaram Jill a ver que ela também pertencia a outra família, uma família que se tornava cada vez mais importante para ela. Mas então ela percebeu que chegaria a hora em que alguém da família da igreja necessitaria do seu apoio, amor e orações. Ela disse que era como se uma lâmpada tivesse acendido em sua mente: “Estas pessoas me mostraram que faço parte da família delas, o que significa que elas fazem parte da minha.”

Que testemunho maravilhoso daqueles irmãos e irmãs naquela igreja no centro de Londres! Eles não são apenas irmãos e irmãs da Jill; são também nossos irmãos e irmãs. Se pertencemos ao Senhor Jesus, pertencemos uns aos outros. Jesus é a pedra que vive, e nós também somos como pedras que vivem sendo edificadas conjuntamente em uma casa espiritual. Nós temos uma identidade de grupo e um propósito que estão unidos nele.

Nota dos editores: Esse é um trecho adaptado do livro Resurrection Life in a World of Suffering: 1 Peter [Vida de Ressurreição em um Mundo de Sofrimento: I Pedro] (Crossway, 2018), editado por D. A. Carson e Kathleen Nielson, ainda não disponível em português.

Traduzido por Mariana Ciocca Alves Passos

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