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Uma Coisa que Meus Pais Fizeram Certo: Ressignificar as Pequenas Coisas

Nossa cultura tende a professar o mantra “maior é melhor”. Casas maiores, carros, número de seguidores nas redes sociais, momentos—desejamos que tudo seja inesquecível, monumental, fascinante. No entanto, não foram os momentos maiores e mais emocionantes da minha vida que me moldaram. Os pequenos momentos provaram ser os mais significativos.

Como é bom olhar para a minha infância e descobrir que as pequenas coisas foram as maiores. Meus pais entenderam bem isso; pegaram os talentos e tesouros que Deus lhes confiou e, em vez de enterrá-los, os investiram para o bem de nossa família (Mt 25.14-30).

Meu pai, pastor, não relegou sua sabedoria pastoral ou seu conhecimento teológico somente à igreja. Pelo contrário, ele usou seus dons para pastorear meu jovem coração por meio das histórias antes de dormir e das conversas sobre o evangelho. Minha mãe, professora, conduzia as lições no ensino em casa para me ensinar sobre mulheres fiéis no ministério. Ambos usaram momentos de disciplina para me ensinar o evangelho. Aprendi com meus pais a redimir as pequenas coisas para a glória de Deus. Afinal, Ele não criou nenhum momento insignificante.

Para Além da Hora de Dormir

Quando tinha dois anos de idade, meus pais me deram um ratinho de pelúcia de presente de Natal. Meu pai inventava um mundo de histórias envolvendo esse amiguinho cinzento, cheias de peripécias malucas e temas bíblicos. Eu implorava todas as noites para ouvir essas histórias. Nelas, meu ratinho vivia nas paredes da igreja batista que meu pai pastoreava e sempre aprendia verdades pelo caminho mais difícil.

A hora de dormir virou mais do que a hora de dormir. Era algo que meu pai ressignificou para me ensinar sobre obediência, graça e o evangelho. Eu ainda tenho esse ratinho de pelúcia em algum lugar no meu antigo quarto. É um símbolo de uma infância bonita e repleta do evangelho pela qual tenho muito carinho.

Meu pai tem uma riqueza de conhecimento teológico e espiritual—e diversos diplomas de seminário. Mas ele nunca deixou que isso o impedisse de contar histórias antes de dormir repletas de simples verdades. E essas histórias fantasiosas e inventadas aos poucos abriram espaço para conversas mais profundas sobre o evangelho à medida em que eu crescia.

Ensino Dedicado

Minha mãe era intencional com nossas tarefas de homeschooling, principalmente no que diz respeito à leitura. Sempre que possível, ela me incentivava a ler livros que me inspiravam e tiravam meus olhos de mim mesma para me maravilhar com Cristo na vida de outras pessoas. E assim, enquanto meus amigos liam Diário de um Banana na escola, eu lia biografias de mulheres que eram tudo menos “bananas”.

Histórias como a de Elisabeth Elliot, Susannah Spurgeon e Ann Judson me moldaram. Eu não apenas lia sobre elas—pedia a Deus para me tornar como elas. Sou muito grata à minha mãe por sua dedicação ao planejar nossas tarefas escolares. Era necessário que eu aprendesse a ler. Mas me ensinar a ler ao mesmo tempo em que eu aprendia sobre mulheres que me inspiraram a seguir a Jesus fez com que uma tarefa comum colaborasse para o meu bem espiritual.

Disciplina Focada no Evangelho

Meus pais usaram momentos de disciplina para me direcionar ao evangelho. Sua disciplina refletia o coração do Pai, que é “misericordioso e piedoso; longânimo e grande em benignidade” (Sl 103.8).

Meu pai tem uma mansidão pastoral que abençoa não somente a igreja mas também a mim. Ele era fiel ao abordar meu pecado quando eu brigava com minha mãe ou era rude com meu irmão mais novo, mas após a disciplina sempre vinha um abraço afetuoso e um lembrete bondoso de “eu amo você”. Nestas interações, aprendi sobre o coração de Jesus, que, em sua morte sacrificial, disse o mesmo.

Minha mãe e meu pai usaram momentos de disciplina para me explicar o evangelho. Eles apontavam para o “Deus de toda graça” que morreu para pagar pelos pecados que cometi (1Pe 5.10). Com anos de pastoreio fiel, estas sementes do evangelho plantadas em momentos dolorosos deram muito fruto, como Hebreus 12.11 explica: “toda correção, ao presente, não parece ser de gozo, senão de tristeza, mas, depois, produz um fruto pacífico de justiça nos exercitados por ela”.

Pequenos momentos, grande influência

Através da hora de dormir, das tarefas escolares e da disciplina, meus pais fizeram com que os pequenos momentos fossem importantes. Mas a melhor parte é que estes são apenas exemplos. Há tantas maneiras de ser fiel nas pequenas coisas. Pais cristãos, Deus preparou vocês de uma maneira única para ressignificar o que é mundano para o bem.

Não enterrem seus dons, os talentos que Deus confiou a vocês, mas invistam neles para abençoar seus filhos. Escolham a fidelidade simples e sacrificial, e poderão descobrir que os pequenos momentos se tornam as grandes coisas que mais influenciam seus filhos.

Traduzido por Caroline Ferraz.

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