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O trabalho do meu marido o faz viajar por alguns dias ou até mesmo uma semana por vez. Cada vez que ele sai, eu luto contra o medo de que ele nunca mais voltará. Ele embarca num voo e eu imagino o avião explodindo em chamas. Ele aluga um carro, eu oro para que ele não se envolva em um acidente. A verdade é que estas coisas podem acontecer (ok, não é tão provável que o avião exploda em chamas, mas vai que). Conheço mulheres que perderam maridos em acidentes de carro; sei que há momentos em que as pessoas saem de casa para algo rotineiro e nunca mais voltam; mas não posso viver constantemente me preocupando com um futuro que não aconteceu.

Não tenho certeza se existe um medo maior para as mulheres do que o medo daquilo que está por vir (ou do que não virá). Oramos devidamente por nossos maridos, filhos, escolas, e se devemos ou não seguir uma carreira, mas muitas vezes não nos chegamos a Deus em paz. Em vez disso, chegamos ansiosos, aguardando nosso destino. A bondade seguirá todos os dias da vida dela, ou dela, ou talvez dela, poderíamos pensar, mas certamente não da minha vida. É difícil não ter o controle, e uma coisa que não podemos jamais determinar é o que está por vir. Felizmente, a Palavra de Deus está repleta de doces promessas que esmagam todo o nosso pensamento receoso.

Sara Estéril

Imagine que você tenha 90 anos de idade. Estaria provavelmente frágil com cabelos grisalhos, potencialmente andando com uma bengala, embora talvez, nos dias de hoje, passasse a maior parte do seu tempo em uma cadeira de rodas porque suas pernas, uma vez capazes e fortes, deixaram de funcionar. Agora imagine que alguém chegasse até você e dissesse: “Ei, Sara, sabe aquele filho que você sempre quis? Então, chegou a hora. Finalmente você vai ter um filho.” Você olharia para essa pessoa em descrença absoluta. Poderia até rir. Todos esses anos de espera e desejo e, em seguida, quando cada fio de esperança se foi, um filho lhe é prometido.

Refiro-me à história da promessa de Deus a Abraão e Sara sobre Isaque. Nas páginas de Gênesis lemos como Deus prometeu a Abraão um legado de nações através do nascimento de um filho (Gn 17.16). Abraão e Sara riram, duvidando daquela declaração de Deus (Gn 17.17; 18.12). Imagino que Sara deve ter desejado ter filhos antes da promessa de Deus. Há uma série de medos associados à chance de não engravidar, e, creio que por sua risada duvidosa, aos 90 anos, ela havia desistido da perspectiva de poder conceber.
Com uma pergunta retórica Deus desafiou Sara a confiar nele, depois de ela ter ousadamente rido ao duvidar de que ficaria grávida: “Há, porventura, alguma coisa difícil ao Senhor?” (Gn 18:.4). Deus cumpriu sua promessa, e Sara milagrosamente ficou grávida. Mas, uma vez grávida, tinha nove meses de espera para ver como seu corpo fraco e frágil iria responder. Seria ela capaz de levar a gravidez a termo? Seria por meio de um aborto espontâneo que Deus lhe ensinaria uma lição sobre confiar nele? Não sei como você responderia, mas estes seriam alguns dos pensamentos com os quais eu me debateria após engravidar aos 90 anos. Iria lutar com o medo do desconhecido. Quereria estar no controle completo da situação. Talvez eu lutaria porque tive alguns destes medos concretizados. Tive quatro abortos espontâneos e tive que lutar contra o medo de perder um filho a cada gravidez.

Uma Garantia

Podemos pensar, sim, mas tudo saiu exatamente da forma como esses personagens bíblicos esperavam. Sim e não. Sara teria preferido ter tido um filho em uma idade mais jovem (presumo eu). Ela morreu aos 127 anos de idade, deixando Abraão viúvo e de luto, sem nunca chegar a ver o seu filho Isaque casar (Gn 23.1; 24). E, como sabemos, a vida continuou a ser difícil para seus descendentes. Será que saiu da maneira como o Senhor planejou? É claro que sim. E Deus os redimiu no final? Sim. Mas não podemos ver o futuro em nossas próprias vidas, como é possível na Palavra de Deus. Não podemos ver o panorama geral, não é? Então temos que confiar no Senhor, porque só ele sabe. Mas há uma coisa garantida, que nos espera a cada dia de nossas vidas: a fidelidade de Deus.

Estas palavras,“Deus sempre foi fiel e o será novamente”, se encontram na letra de “He’s Always Been Faithful” [Ele Sempre Foi Fiel], de Sara Groves. Na canção ela relata a fidelidade de Deus a cada manhã e em cada estação. Ela relata, “a cada estação, eu o observo com espanto; admirada com os mistérios de seus caminhos perfeitos“. Cada página na Palavra de Deus proclama em alta voz a fidelidade de Deus. Cada história leva a Jesus e à redenção do mundo. E se prestarmos atenção, podemos observar a fidelidade de Deus por nós agora.

Medo Removido Pela Fidelidade

Em Deuteronômio 32.4, Moisés fala de Deus como a “Rocha”, cujas obras são “perfeitas” e cujos caminhos são “justos”. “Deus é fidelidade, e não há nele injustiça; é justo e reto.” E lemos sobre a confiança de Paulo na fidelidade de Deus: “Fiel é o que vos chama, o qual também o fará.” (1 Ts 5.24). E em outra passagem Paulo escreve que Deus aperfeiçoará a boa obra que começou em nós (Fp 1.6). O Salmo 89, embora seja um lamento, ainda proclama a fidelidade de Deus: “Cantarei para sempre as benignidades do Senhor; com a minha boca proclamarei a todas as gerações a tua fidelidade. . . . Ó Senhor, Deus dos exércitos, quem é poderoso como tu, Senhor, com a tua fidelidade ao redor de ti?!” (versículos 1 e 8).

Quando somos confrontados com grandes medos do futuro, temos que lutar para nos lembrarmos da fidelidade do nosso Pai. Pergunte a si mesmo, Como Deus tem sido fiel? Neste novo ano podemos contar com o Senhor para ser fiel novamente. Isso não significa que tudo vai sair exatamente como desejamos. Isso não significa que cada oração será respondida como queremos. Mas isso significa que na bondade e soberania de Deus, ele fará com que todas as coisas em conjunto, tal como ele as vê, concorram para o nosso bem (Rm 8.28). Pode ser que não observemos a evidência da mão fiel de Deus até o fim de nossos dias, mas sabemos que ela está lá.

Nota do editor: Este artigo foi adaptado do novo livro de Trillia Newbell, Fear and Faith [O Medo e A Fé] (Moody, 2015).

Traduzido por Marq.

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