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No último verão, quando estávamos na Austrália, descobri que meu filho de 5 anos é melhor em lançar bumerangues do que eu. Na teoria, os bumerangues atingem seu “alvo” ao voltarem para quem os lançou. O meu, no entanto, não voltava; ele se comportava como um graveto qualquer.

Compartilho essa história porque um dos argumentos aparentemente mais persuasivos a favor da validação do casamento entre pessoas do mesmo sexo no meio cristão sugere que existe uma trajetória nas Escrituras do Antigo para o Novo Testamento que, se seguida, atinge seu alvo na validação do casamento entre pessoas do mesmo sexo. Em vez disso, quero argumentar que a trajetória da ética sexual bíblica é menos como um graveto, cujo alvo está distante de quem o lançou, e mais como um bumerangue que retorna para quem o lançou — e descobrimos que quem o lançou foi o próprio Jesus.

Argumento da Trajetória

Em vez de tentarem reinterpretar as proibições da Bíblia, muitos que promovem o casamento entre pessoas do mesmo sexo reconhecem que o Novo Testamento proíbe o sexo entre pessoas do mesmo sexo. Em contrapartida, argumentam que os cristãos podem, ainda assim, defender o casamento entre pessoas do mesmo sexo porque a trajetória do Antigo Testamento para o Novo (se continuada) validaria o casamento entre pessoas do mesmo sexo.

Defensores dessa visão costumam apontar para o consenso entre os cristãos de que a escravidão é errada ainda que vários textos do Novo Testamento pareçam apoia-la. “Se podemos dizer que o Novo Testamento nos aponta para a abolição da escravidão, mesmo que não chegue lá exatamente”, o argumento segue, “podemos igualmente argumentar que ele nos aponta para o casamento entre pessoas do mesmo sexo, mesmo que também não chegue lá exatamente”. Essa comparação traz um impacto retórico devido à terrível história da escravidão racial nos Estados Unidos, a qual muitos cristãos, de ambos os lados do Atlântico, tentaram justificar com as Escrituras.

Então, é verdade que a trajetória da Bíblia segue no sentido de rejeitar a escravidão e promover o casamento entre pessoas do mesmo sexo? Vamos começar pelo começo.

O Começo da Humanidade

O primeiro capítulo da Bíblia declara que os seres humanos, homem e mulher, foram feitos à imagem de Deus (Gn 1.27). Essa é a primeira base para a igualdade universal entre os seres humanos e o primeiro golpe na ideia de que alguns seres humanos devem ser escravizados por serem naturalmente inferiores. Todos os seres humanos são portadores da imagem de Deus. A única diferenciação nesse texto é entre homem e mulher, sendo ambos chamados para governar a criação e para “serem fecundos e multiplicar-se” (vv. 26-28).

Em Gênesis 2, focamos em um homem e uma mulher, unidos em um casamento de “uma só carne”, que é o protótipo para os casamentos futuros: “Por isso, deixa o homem pai e mãe e se une à sua mulher, tornando-se os dois uma só carne” (2.24). O casamento é definido como um homem e uma mulher unidos de forma permanente.

Lemos que “o homem e sua mulher, estavam nus e não se envergonhavam” (v. 25). Mas, em Gênesis 3, o pecado entra no mundo e mina tanto o relacionamento desprovido de vergonha que o homem e a mulher desfrutavam com Deus quanto o relacionamento desprovido de vergonha que tinham um com o outro. A partir daí, vemos pecados de todos os tipos — incluindo o pecado sexual — retratados na Bíblia. Vemos também a escravidão, logo no início da história do povo de Deus.

O Início do Povo de Deus

Quando Deus chama Abraão e promete abençoá-lo e dar-lhe uma descendência numerosa como as estrelas, Abraão está casado com uma mulher. Mas, como Abraão e Sara eram idosos e inférteis, Sara sugere que Abraão tome sua serva egípcia, Agar, como uma segunda esposa funcional (16:1-4).

Isso não era o que Deus havia ordenado. Essa ação mostra falta de confiança em Deus. No entanto, nos termos culturais da época, isso seria uma elevação de status para Agar. Esse cenário é completamente estranho para nós. Presumimos que as mulheres sempre devam escolher seus maridos e que a poligamia é algo errado. Em contraste, na cultura do Antigo Oriente Próximo, as mulheres quase nunca escolhiam seus maridos, e a poligamia era normal entre homens ricos.

Vemos o sentimento de Agar de que ela obteve uma elevação de status quando engravida e começa a desdenhar de Sara. Sara reage tão severamente que Agar foge. Mas o Senhor encontra Agar no deserto, diz que ouviu sua aflição e faz promessas a ela que ecoam as promessas feitas a Abraão (vv. 9-11). Notavelmente, Agar se torna a primeira pessoa na Bíblia a dar um nome a Deus: “Então, ela invocou o nome do Senhor, que lhe falava: Tu és Deus que vê; pois disse ela: Não olhei eu neste lugar para aquele que me vê?” (v. 13). Assim, na primeira narrativa sobre escravidão da Bíblia, uma serva egípcia é pessoalmente vista e cuidada pelo Senhor.

Em uma inversão irônica da história de Agar, a segunda narrativa sobre escravidão é a de José, bisneto de Abraão e Sara, que é vendido como escravo pelos seus irmãos e depois comprado por um comandante egípcio, Potifar (37:25-36).

Diferente da história americana, a escravidão no mundo antigo não estava associada a um grupo racial específico, e os escravos podiam alcançar status elevado, como vemos quando Potifar coloca José à frente de todos os seus negócios (Gn 39). Mas, quando José se recusa a dormir com a esposa de Potifar, ela afirma que ele tentou estuprá-la, e ele é colocado na prisão. Deus, no entanto, está com José, e sua história termina com ele como braço direito do faraó, salvando sua própria família da fome. Mais uma vez, Deus faz justiça ao escravo.

O livro de Êxodo começa com todos os israelitas vivendo como escravos no Egito. Mas Deus ouve a aflição dos israelitas (Ex 3.7), assim como ouviu a aflição de Agar (Gn 16.11), e os resgata. A partir daí, a história do povo de Deus é a história de escravos libertos.

A Lei no Antigo Testamento

Quando Deus deu suas leis ao povo, Ele os lembrava constantemente de que haviam sido escravos e, portanto, deveriam se identificar com os escravizados (cf. Ex 20.2; Dt 5.6; 15.15). No mundo antigo, as pessoas muitas vezes se vendiam como escravas como alternativa à miséria. Mas a lei de Deus tornava o roubo de pessoas e o comércio de escravos um crime punível com a morte (Ex 21.16). Ela também estabelecia proteções significativas para todos os escravos, incluindo um dia de descanso (cf. 20.10; 21:1-32) e garantia a liberdade no sétimo ano para os israelitas que se vendiam como escravos (Dt 15:12-15).

Quanto às leis do Antigo Testamento relacionadas ao sexo, vemos proibições explícitas sobre o adultério (cf. Ex 20.14) e sobre homens tendo relações sexuais com outros homens (Lv 18.22). Também vemos restrições sobre o divórcio e o uso sexual das mulheres fora do casamento (Dt 21:10-14). Mas embora a poligamia nunca tenha sido ordenada e frequentemente seja retratada de forma negativa, não vemos a poligamia sendo proibida.

Então, qual movimento se apresenta, se é que há algum, entre o Antigo e o Novo Testamento no que diz respeito ao sexo e à escravidão?

A Escravidão no Novo Testamento

Como Kyle Harper e outros demonstraram, na época em que Jesus nasceu, pelo menos 10% das pessoas vivendo no Império Greco-Romano eram escravas. Algumas se vendiam para a escravidão. Algumas conseguiam dinheiro suficiente para comprar sua liberdade. Algumas eram submetidas a trabalhos forçados e abusos físicos. Outras eram profissionais qualificados, como médicos ou contadores, ganhando mais dinheiro e vivendo mais confortavelmente do que muitas pessoas livres. Mas geralmente se presumia que escravos estavam ali para servir aos seus mestres.

Portanto, foi chocante quando Jesus declarou aos seus discípulos: “Mas entre vós não é assim; pelo contrário, quem quiser tornar-se grande entre vós, será esse o que vos sirva; e quem quiser ser o primeiro entre vós será servo de todos” (Mc 10:43-45). Aqui, Jesus subverteu completamente o paradigma da escravidão. Jesus afirmou ser o legítimo Rei de todo o universo, mas deliberadamente assumiu o papel de escravo e chamou seus seguidores para servirem uns aos outros.

Em paralelo com essa grande reversão, Jesus ensinou que ele é o mestre que serve (Lc 12:35-40) e surpreendeu seus discípulos ao se vestir como um escravo e lavar seus pés — algo normalmente desempenhado pelos escravos — antes de dizer-lhes para seguir seu exemplo (Jo 13:1-20). Mesmo na morte, Jesus se identificou com os escravos, já que a crucificação era normalmente imposta aos escravos. Assim, em Jesus, vemos o Senhor de toda a criação assumindo o papel de escravo, morrendo a morte de um escravo e nos dizendo para seguir seu exemplo.

O apóstolo Paulo entendeu a mensagem, chamando a si mesmo de “escravo de Cristo Jesus” (Rm 1.1; Fp 1.1, NVT). Às vezes, Paulo é visto como alguém que apoiava a escravidão por ter instruído os cristãos escravizados a servirem bem (por exemplo, Ef 6:5–8). Mas sua base para esse ensino não era a de que os escravos eram inferiores (como assumia o paradigma da escravidão), mas que eles estavam, na verdade, servindo a Jesus (Cl 3:22–25). Da mesma forma, Paulo ordenou que os senhores tratassem seus escravos com “justiça e equidade” porque eles tinham um “Senhor no céu” (4.1; cf. Ef 6:5–9). De fato, Paulo deliberadamente enfraqueceu a distinção entre escravos e livres, declarando que os cristãos escravizados eram homens livres de Jesus, enquanto os cristãos livres eram escravos de Jesus (1 Co 7:21–23).

Paulo ensinava uma igualdade radical enraizada no evangelho: “no qual não pode haver grego nem judeu, circuncisão nem incircuncisão, bárbaro, cita, escravo, livre”. Paulo escreveu aos colossenses, alguns dos quais eram escravos: “porém Cristo é tudo em todos” (Cl 3.11). Da mesma forma, ele explicou aos coríntios que todos eram membros de um só corpo, independentemente de seu status no mundo: “Pois, em um só Espírito, todos nós fomos batizados em um corpo, quer judeus, quer gregos, quer escravos, quer livres” (1Co 12.13). A mensagem do evangelho, de que o Filho de Deus morreu para que os pecadores fossem perdoados e unidos com Ele e uns com os outros, destrói os alicerces da escravidão.

Vemos um exemplo prático da ética de Paulo em sua carta a Filemon. Segundo a lei romana, Filemon poderia ter punido severamente Onésimo, um escravo que fugira dele. Em vez disso, Paulo chama Onésimo de “filho” e “meu próprio coração” (Fm 10, 12) e pede a Filemon que receba Onésimo de volta, “não mais como escravo”, mas como “irmão caríssimo” (v. 16). De fato, ele pede a Filemon que o receba como receberia o próprio Paulo (v. 17). Isso reverte a relação senhor-escravo e a transforma em uma ligação irmão-irmão. De forma comovente, enquanto Paulo se refere a outros parceiros do evangelho como seus “amados conservos” (por exemplo, Cl 1.7; 4.12), ele simplesmente chama Onésimo de “[nosso] fiel e amado irmão” (4.9).

Em resumo, no que diz respeito à escravidão, pode-se dizer que vemos uma progressão na Bíblia desde proteções e provisões no Antigo Testamento até a radical reversão da relação senhor-escravo que Jesus tanto personificou quanto ordenou. Mas, ao mesmo tempo que o evangelho destrói os alicerces da escravidão, ele também reforça o primeiro fundamento da igualdade: que todos os seres humanos foram feitos à imagem de Deus. Jesus é “a imagem do Deus invisível” (Cl 1.15), e nele, nossa igualdade e unidade são finalmente cumpridas.

Não é de se admirar que o cristianismo fosse tão popular entre os escravizados, o que, inclusive, o fez ser zombado, no segundo século, como uma religião de escravos, mulheres e crianças. Não é de se admirar que o primeiro argumento explícito contra a escravidão tenha sido feito no quarto século por um bispo cristão com base no fato de que todos os seres humanos são feitos à imagem de Deus. Não é de se admirar que a escravidão tenha sido progressivamente erradicada à medida que o cristianismo se espalhava pela Europa entre os séculos VII e X. Quando o comércio transatlântico de escravos começou, consistiu em uma reversão horrível e injustificável a práticas pré-cristãs. E foram os argumentos e ativistas cristãos que lideraram a abolição.

O famoso selo da “Sociedade em Prol da Abolição da Escravidão” na Inglaterra dos anos 1780 mostrava um homem escravizado ajoelhado em suas correntes e perguntando: “Não sou eu um homem e um irmão?”. A resposta da Bíblia para essas duas perguntas é um enfático “sim”. Em 1837, esse selo foi impresso nos Estados Unidos juntamente com a lei do Antigo Testamento contra o roubo de pessoas e um poema que exclamava: “O quê! A imagem de Deus comprada e vendida!” e alertava sobre o julgamento iminente de Deus contra aqueles que escravizavam seus semelhantes, portadores da imagem de Deus. Em resumo, a história da escravidão racial na América é absolutamente injustificável a partir das Escrituras.

Sexo e Casamento no Novo Testamento

E quanto à progressão bíblica em relação ao sexo e ao casamento? Será que existe uma trajetória do Antigo para o Novo Testamento que (se continuada) abriria espaço para o casamento entre pessoas do mesmo sexo?

O acolhimento radical de Jesus para com pessoas conhecidas pelo pecado sexual é às vezes visto como um afrouxamento das leis do Antigo Testamento relacionadas ao sexo. Mas, na verdade, Jesus endureceu essas leis.

Jesus tomou o mandamento contra o adultério e o estendeu para incluir pensamentos lascivos (Mt 5:27–28). Jesus condenou como pecado todas as formas de imoralidade sexual e observou que o pecado sexual vem diretamente do nosso coração (15.19; Mc 7.21). Quando lhe perguntaram sobre o divórcio, Jesus definiu o casamento como uma união vitalícia, de uma só carne, entre um homem e uma mulher — retornando, como um bumerangue, ao design original de Deus (Mt 19:4–6). Ele enfatizou que o casamento é entre homem e mulher, citando Gênesis 1.27, e definiu-o como monogâmico: “tornando-se os dois uma só carne” (Mt 19.5; Gn 2.24).

Quanto aos relacionamentos sexuais entre pessoas do mesmo sexo, a proibição do Antigo Testamento sobre homens dormindo com homens é reafirmada (por exemplo, 1 Co 6:9–11; 1 Tm 1:9–11), e mulheres dormindo com mulheres também é retratado como pecado (Rm 1:26–28). Além disso (de forma desconfortável para o argumento da trajetória), uma das proibições de Paulo sobre sexo entre homens está bem ao lado de sua condenação explícita da escravidão. Usando uma palavra baseada na tradução grega das palavras “homem” e “cama” na proibição do Antigo Testamento sobre homens dormindo com homens, Paulo chama tanto os escravizadores quanto os homens que dormem com outros homens de “transgressores e rebeldes” (1 Tm 1.9).

Mas, em vez de excluir aqueles (como eu) que são atraídos por relacionamentos sexuais entre pessoas do mesmo sexo, Paulo ressalta que alguns dos primeiros cristãos vieram a Cristo com um histórico de pecado sexual entre o mesmo sexo e que eles (como todos os que vêm a Jesus) foram lavados, santificados e justificados em seu nome (1 Co 6:9–11).

Os limites relacionados ao sexo no Novo Testamento são claros: qualquer atividade sexual fora do casamento vitalício entre homem e mulher é pecado. Mas, assim como o evangelho está no centro da obra de demolição da Bíblia em relação à escravidão, ele também está no centro de sua visão para o casamento entre homem e mulher.

Jesus, o Noivo

Em um movimento curioso para alguém que nunca se casou, Jesus chamou a si mesmo de “noivo” (Mc 2:19–20). Para entendê-lo, precisamos olhar para o Antigo Testamento, no qual profeta após profeta retrata Deus como um marido fiel e Israel como sua esposa frequentemente infiel (por exemplo, Is 54.5; Jr 3.20; Ez 16; Os 2). Como Deus encarnado, Jesus declara que Ele é o Noivo, vindo para reivindicar o povo de Deus para si.

Paulo aprofunda essa metáfora, apresentando o casamento cristão como uma representação do amor de Jesus por sua igreja (Ef 5:22–33). Surpreendentemente, Paulo cita Gênesis 2.24: “Por isso, deixa o homem pai e mãe e se une à sua mulher, tornando-se os dois uma só carne”, e depois declara: “Grande é este mistério, mas eu me refiro a Cristo e à igreja” (Ef 5.32). Segundo Paulo, o propósito original de Deus para o casamento foi modelado pela união eterna de uma só carne entre Jesus e sua igreja.

Como um marido e sua esposa, Jesus e seu povo não são duas partes intercambiáveis. Sua união é entre partes com grandes diferenças. No casamento, é a diferença entre homem e mulher que possibilita o sexo e a criação de novos seres humanos. Da mesma forma, o amor de Jesus por sua igreja é íntimo, gerador de vida e frutífero.

Essa metáfora bíblica nos ajuda a entender por que o casamento deve ser entre homem e mulher. Ela também nos ajuda a entender por que o casamento cristão é monogâmico. O relacionamento de Jesus com sua igreja não é um amor que possa ser retratado pela poligamia: um homem com várias esposas. É um amor retratado pela monogamia, porque seu povo é “um só corpo” (Rm 12.5; veja também 1Co 10.17; 12.12, 20; Ef 2.16; 4.4; Cl 3.15). Mas essa mesma metáfora também nos ajuda a entender por que o amor profundo entre os crentes não está limitado ao casamento.

Um Só Corpo Unido

Muitas pessoas pensam que os cristãos que dizem não aos relacionamentos sexuais entre pessoas do mesmo sexo perdem de vista o amor entre crentes do mesmo sexo. Mas nada poderia estar mais distante da verdade. Jesus orou para que seus seguidores fossem um (Jo 17.11, 21–22) e lhes deu o mandamento de amarem uns aos outros como Ele nos ama (13:34–35; 15.12).

Em vez de apresentar o casamento como o maior relacionamento de amor, Jesus declara: “Ninguém tem maior amor do que este: de dar alguém a própria vida em favor dos seus amigos” (15.13). Seguindo o exemplo de Jesus, no restante do Novo Testamento encontramos um chamado incansável ao amor fraternal, porque Jesus morreu por nós e somos membros de seu corpo (por exemplo, Rm 12.10; 13.8; Gl 5.13; 1Ts 3.12; 4.9; 1Pe 1.22; 1Jo 3.11, 23; 4:7–12). “Nisto conhecemos o amor:”, escreve João, “que Cristo deu a sua vida por nós; e devemos dar nossa vida pelos irmãos” (1Jo 3.16).

Nossa união com os irmãos e com as irmãs no Senhor não é expressa de formas sexuais ou românticas fora do casamento entre homem e mulher. Mas, se somos seguidores de Jesus, trata-se de amor verdadeiro.

O Retorno do Bumerangue

Em Apocalipse, vemos o ponto final de todas as trajetórias bíblicas. Por um lado, vemos os traficantes de escravos lamentando (Ap 18:11–17), e vemos a imoralidade sexual sendo proibida uma última vez (22.15). Por outro lado, vemos uma multidão incontável de todas as raças e etnias adorando Jesus juntos (7:9–11), e vemos o casamento do Cordeiro, quando Jesus e sua igreja são unidos para a eternidade (19:6–9; 21:1–4; 22.17).

Em Jesus, o Noivo, desvendamos o significado do casamento entre homem e mulher. Em Jesus, o Rei eterno, que “não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos” (Mc 10.45), encontramos a bola de demolição para a escravidão e a melhor base para a igualdade humana. A trajetória das Escrituras não segue em direção à abolição da escravidão e à validação do casamento entre pessoas do mesmo sexo. É a trajetória de um bumerangue, que nos traz de volta ao princípio, quando a humanidade vivia em um relacionamento de amor irrestrito com Deus e uns com os outros — de uma forma ainda melhor.

Quando o povo de Deus finalmente se unir a Jesus como uma noiva com seu noivo, não haverá mais casamento humano (Mt 22.30), mas todos nós experimentaremos o cumprimento final de todas as nossas esperanças e sonhos de amor (Ap 21:1–4). “Certamente, venho sem demora”, declara Jesus. “Amém! Vem, Senhor Jesus!” (22.20).

Traduzido por Rebeca Falavinha.

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