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E todos disseram… “Amém!” O “canto do amém” tem tido um lugar importante na vida da igreja, ao longo dos tempos. No entanto, ele é raro de se ver entre os presbiterianos. Somos conhecidos como “sorveterianos” de Deus por um motivo. Diz-se que os metodistas gostam de gritar “fogo”, os batistas gostam de gritar “água”, e os presbiterianos gostam de dizer, suavemente, “ordem, ordem”. Contudo, apesar das idiossincrasias das várias orientações eclesiásticas, a função da palavra amém transcende os usos denominacionais da era moderna.

O termo amém era usado na adoração corporativa do antigo Israel de duas formas distintas. Primeiro, serviu como uma resposta ao louvor dado a Deus, e, depois, como uma resposta à oração. Esses mesmos usos do termo ainda são uma tendência entre os cristãos. O próprio termo está enraizado em uma palavra semita que significa “verdade”; portanto, dizer “amém” é um reconhecimento de que a palavra que foi ouvida, seja essa palavra de louvor, de oração ou um sermão de exortação, é válida, isto é, segura e irrevogável. Inclusive, na antiguidade, a palavra amém foi usada para expressar uma promessa de cumprimento dos termos de um voto. Logo, essa pequena palavra está centrada na ideia da verdade de Deus.

A verdade de Deus é um elemento tão extraordinário da fé cristã que não pode ser negligenciada. Há aqueles que pensam que a verdade é negociável ou, pior ainda, polêmica, e que, portanto, não deve ser uma questão de preocupação fervorosa entre os crentes. Mas se não estamos preocupados com a verdade, não temos motivo para ter Bíblias em nossas casas. A Bíblia é a Palavra de Deus, e a Palavra de Deus é verdadeira. Ela não é apenas verdadeira, mas é a própria verdade. Esta avaliação foi feita pelo próprio Senhor Jesus Cristo (João 17.17).

Portanto, quando cantamos um hino que reflete a verdade bíblica e termina com a palavra cantada amém, estamos aprovando o conteúdo do louvor no hino. Quando temos um “amém” em coro, no final da oração pastoral, novamente estamos enfatizando nossa concordância com a validade e garantia do conteúdo da própria oração.

A adoração, em termos bíblicos, é um assunto corporativo. O corpo é composto por indivíduos, e quando alguém faz soar o “amém”, ele está se conectando à expressão corporativa de adoração e louvor. No entanto, as Escrituras nos dizem que as verdades de Deus são “sim” e “amém” (2 Co 1.20), o que simplesmente significa que a Palavra de Deus é válida, segura e irrevogável. Portanto, a expressão “amém” não é simplesmente um atestado de concordância pessoal com o que foi afirmado; é uma expressão de disposição em submeter-se às implicações desta palavra, de estar verdadeiramente atado por ela, como se a Palavra de Deus colocasse cordas ao nosso redor, não para nos estrangular ou frear, mas para nos manter firmes no lugar.

Talvez não haja uso mais notável do termo amém no Novo Testamento do que nos lábios de Jesus. Traduções mais antigas interpretam as declarações de nosso Senhor com as palavras preparatórias: “Em verdade, em verdade vos digo”. Traduções posteriores atualizaram para “Verdadeiramente digo a vocês”. Em tais passagens, a palavra grega usada como “em verdade” ou “verdadeiramente” é a palavra amém. Jesus não espera que os discípulos mostrem seu consentimento ou submissão aos ensinamentos dEle ao final de Suas declarações; ao invés disso, Ele começa dizendo: “Amém, amém, eu vos digo”. E qual é a importância disso? A de que Jesus nunca pronunciou uma palavra frívola; toda palavra que veio de Seus lábios era verdadeira e importante. Cada palavra era, como sugere o “amém”, válida, segura e irrevogável.

Além disso, em Sua própria pedagogia, Jesus aproveitou a ocasião para chamar bastante a atenção para algo que Ele estava prestes a dizer, dando a isto uma tremenda ênfase. Sua prática era um tanto semelhante ao soar de um apito, e ao anúncio no auto-falante de um navio: “Ouçam agora, aqui é o capitão falando”. Quando este anúncio é feito em um navio, todos escutam, percebendo que, quando o capitão fala com toda a tripulação, o que ele diz é de extrema importância e urgência. No entanto, a autoridade de Jesus transcende, e muito, a de um capitão de navio. Jesus recebeu do Pai toda autoridade no céu e na terra. Então, quando Ele faz uma introdução para um ensinamento, e diz: “Amém, amém, eu vos digo”, nossos ouvidos devem estar bem atentos para tomar nota instantaneamente do que o nosso Senhor vai dizer após esta introdução, pois é da maior importância.

Percebemos, também, que Jesus usa a técnica hebraica de repetição, dizendo não simplesmente, “Amém, eu vos digo”, mas “Amém, amém”. Esta forma de repetição destaca a importância das palavras seguintes. Sempre que lermos no texto da Escritura nosso Senhor fazendo uma declaração que é precedida pelo duplo “amém”, este é um momento para se prestar muita atenção, e estar pronto para dar nossa resposta com um duplo amém. Ele diz “amém” para manifestar a verdade; nós dizemos para receber esta verdade, e para nos submetermos a ela.

Esta postagem foi originalmente publicada na revista Tabletalk.

Traduzido por Victor Santana.

 

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