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O Evangelismo é Mais Difícil do que Costumava Ser?

Fazendo uma abordagem reconhecidamente ampla, tenho notado algumas mudanças nas atitudes e motivações cristãs em relação ao evangelismo ao longo dos anos.

Há alguns tempos atrás, muitos evangelizavam por sentirem culpa. Eles se sentiam tão mal que não haviam contado a seus amigos sobre Jesus, que realmente necessitavam “tirar aquele peso do peito”. Isto não era o ideal.

Então, durante algum tempo, proclamamos as boas novas com confiança em nossos métodos e poder de fogo apologético. Nós tínhamos as respostas — muitas delas! Ninguém iria nos encontrar despreparados. Desta maneira, compartilhávamos as boas novas da graça com a má atitude de orgulho. Isto foi pior ainda do que aquela época em que éramos movidos por culpa.

Nestes últimos anos, ouvi outra motivação, expressa de várias maneiras como compaixão. Sinto que, cada vez mais os cristãos não sabem o que dizer a seus amigos não-cristãos, mas se sentem constrangidos a dizerem algo a eles por amor. A vida de seus amigos está se desmoronando e Jesus pode ajudá-los. Fiquei muito encorajado com esta tendência. Quando proclamamos o evangelho baseados em uma preocupação com as pessoas, elas sentem uma diferença qualitativa em comparação a quando exalamos orgulho, culpa, raiva ou superioridade.

Mas recentemente, estou ouvindo outra atitude se infiltrar: o desânimo. Ao conduzir cursos de treinamento sobre evangelismo, estou percebendo uma reação negativa que não existia há alguns anos. Os crentes me dizem que as respostas que oferecemos às pessoas de fora podem ser verdadeiras e precisas e bíblicas, mas elas simplesmente não funcionam. “As pessoas vão pensar que somos loucos”, eles me dizem. “Eles nem sequer escutam!”

Continua Sendo uma Arma Potente

Concordo que a temperatura ficou mais quente quando se trata de conversas sobre o evangelho no Ocidente moderno recente. E não nego que nossa tarefa ficou mais difícil. Temos que trabalhar mais no pré-evangelismo e na construção de plausibilidade do que costumávamos fazer.

Mas precisamos nos lembrar de uma coisa. Embora os desafios para o evangelismo possam ser mais formidáveis do que no passado, o poder de Deus para conquistar estas dificuldades não diminuiu. Pode ser que nossos vizinhos sejam mais resistentes do que nunca. Mas a “espada de dois gumes” de Deus continua tão afiada quanto sempre foi (Hb 4.12). A cultura predominante pode encorajar maior condenação de cristãos do que nos últimos tempos (creio que este é o caso nos Estados Unidos, pelo menos). Mas o poder do evangelho para salvar não perdeu nem um pouco de sua potência.

Se alguma vez pensamos que o evangelismo era fácil, não conseguimos entender a gravidade da situação. Se alguma vez confiamos no poder de nossas habilidades de raciocínio ou na força de nossos argumentos apologéticos, sucumbimos a uma arrogância que confiava em nós mesmos e não em Deus. Em algum lugar ao longo do caminho, nos esquecemos de que as pessoas estão “mortas em seus delitos e pecados” (Ef 2.1). Pensávamos que elas estavam apenas confusas, desinformadas ou ignorantes. Deixamo-nos cair na crença de que as pessoas necessitavam de respostas mais do que um Salvador.

Surpreendentemente Libertador

Mas evangelismo não é apenas difícil. É impossível. E isso é realmente libertador.

Porque quando nos lembramos de que o evangelismo envolve falar com pessoas espiritualmente mortas, pedimos a Deus para fazer o que só ele pode fazer — ressuscitar os mortos. Quando nos lembramos de que o Diabo cegou as pessoas, pedimos a Deus para lhes retirar a venda dos olhos. Quando vemos que as pessoas necessitam de mais do que apenas respostas, fazemos o melhor possível para dar-lhes boas respostas, mas também imploramos a Deus que amacie seus corações.

Não devemos ignorar os obstáculos que enfrentamos. Mas não vamos duvidar do Deus que ultrapassa obstáculos para a sua glória.

Traduzido por Pedro Henrique Aquino.

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