Tenho um arquivo na minha conta do Evernote chamado “Artigos de Ray Ortlund”. É um tesouro de artigos que Ray escreveu durante os sete anos em que estive na igreja Immanuel e ele era o pastor principal. Como se fossem velhos amigos, penso nesses artigos com frequência e os visito regularmente. A cada vez encontro em suas páginas uma palavra de esperança para minha alma. Se você conhece Ray, sabe que suas palavras gotejam graça e estão encharcadas com a Bíblia.
Recentemente, estava conversando com alguns homens sobre a pregação. Chegamos ao assunto de pregar com convicção, o que me fez lembrar de um artigo de novembro de 2012 chamado “O evangelho cria homens de convicção”. Foi escrito para homens pois era para uma reunião de homens, mas as verdades se aplicam igualmente às mulheres.
Opinião vs. Convicção
O dicionário diferencia opinião de convicção.
Opinião: um juízo pessoal que se baseia em razões insuficientes para produzir certeza.
Convicção: uma crença fixa ou firme que se baseia numa autoridade completamente digna de confiança.
Usando estas definições e Hebreus 11.1, Ray explica que a maioria das coisas na vida não merece mais do que uma opinião, mas que algumas coisas exigem convicção. Se olharmos para a forma como realmente vivemos, podemos rastrear nossas convicções. Podem não ser aquilo que queremos, mas nossa vida real revela nossas verdadeiras convicções.
O surpreendente das convicções é que são baseadas em coisas invisíveis. Não podemos ver nossas convicções com os olhos, mas de qualquer maneira, sabemos que elas são reais e dignas . Como sabemos? Porque são as coisas que nos mantêm vivos. São as coisas que realmente buscamos. Nossas convicções nos fazem levantar de manhã, nos fazem seguir em frente ao longo do dia, e nos dão esperança para o amanhã ao deitarmos a cabeça à noite. Nossas convicções nos empurram para fora de casa em direção a um mundo de opiniões. São as coisas nas quais nos apoiamos e, embora sejam verdadeiras, não podemos vê-las com nossos olhos.
Podemos ter uma opinião sobre a música no rádio do carro a caminho do trabalho, mas estamos convencidos de que as leis da física impulsionarão nosso carro na estrada. Podemos ter uma opinião sobre a educação domiciliar ou a escola pública, mas estamos convencidos de que a educação é importante. Possuímos uma opinião sobre coisas para as quais existem muitas opções, mas não uma resposta definitiva. Guardamos as convicções para coisas para as quais há apenas uma resposta. O evangelho de Jesus Cristo é uma dessas coisas.
A Convicção de Fatos que Se Não Veem
Hebreus 11.1 diz: “Ora, a fé é a certeza de coisas que se esperam, a convicção de fatos que se não veem”. Um perigo que o inimigo usa como armadilha é manter tudo, até mesmo o evangelho, ao nível de opinião. Ele adora apresentar a Jesus como mais uma opção de muitas a se seguir. Mas tratar algo tão vital quanto o evangelho como uma questão de mera opinião nos leva à desgraça. Nos força a dar um tempo. Nos paralisa. Não avançamos com Deus por não termos certeza se ele é realmente quem diz ser. Não crescemos em piedade e santidade por não podermos ter certeza daquilo que é verdade e do que não é. Jamais arriscamos algo pelo evangelho porque em nossas mentes, ele não é grande o suficiente para nos trazer segurança. Em vez disso, vivemos versões light do cristianismo nas quais Jesus é um cara legal e um ótimo modelo, mas nada mais.
No entanto, nossos corações anseiam por mais do que isso, e o de Deus também.
Deus quer que estejamos convencidos de seu amor por nós. Ele quer que estejamos convencidos da vida no porvir na sua presença. Ele quer que estejamos convencidos de que viver para ele é a única vida que vale a pena ser vivida, porque ele é o único Rei que vale a pena servir e o único Deus que vale a pena adorar. Afinal, ele é o único Salvador que pode e fez algo para tratar da nossa imundície. Nas palavras de Hebreus 11.6, a convicção do evangelho é ter fé em duas coisas: que Deus é real e é galardoador. “De fato, sem fé é impossível agradar a Deus, porquanto é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe e que se torna galardoador dos que o buscam”. Você crê no Deus real e galardoador?
Quem é Você?
Ray escreveu: “Todos os dias, o mundo se levanta contra nós e grita que a única felicidade que jamais vivenciaremos é a do presente. Aqueles que têm convicção dizem: ‘Desculpe, mas estou convencido de que Deus é real e galardoador’. O ponto da Bíblia é que determinação é fé. E os que tem fé tornam o verdadeiro Jesus alguém impossível de se ignorar.”
Ele prossegue apresentando o diagnóstico abaixo.
Você é uma pessoa de opinião ou convicção? Aqui estão algumas maneiras de examinar a si mesmo:
Pessoas de opinião podem fazer muitas coisas boas, mas não colocam Deus em primeiro lugar nas realidades práticas de tempo, orçamento e relacionamentos. Elas não se esforçam além do necessário. Elas não se sacrificam. Elas não se arriscam e mantêm-se discretas, apenas esperando para ver como as coisas vão acabar.
Pessoas com convicção já sabem, pela Bíblia, como as coisas vão acabar. Guiadas pela Estrela Polar do evangelho em seu céu noturno, elas seguem contra o fluxo, porque seus olhos estão elevados até o Prêmio acima, que é Jesus. E elas usam sua influência para ajudar os outros a chegarem lá também.
O artigo de Ray termina com uma citação de A.W. Tozer. Lida e ponderada, esta citação é um holofote do coração:
“A pseudofé sempre busca uma alternativa, caso Deus falhe. A verdadeira fé só conhece um caminho e, de bom grado, permite-se ser despojada de qualquer segunda via ou substitutos improvisados. Para a verdadeira fé, ou é Deus ou o colapso total. E desde que Adão se levantou pela primeira vez na terra, Deus jamais falhou com qualquer homem ou mulher que tenha confiado nele”.
Esse mundo, com esse seu jeito direto e agressivo, nos obriga a ter opiniões sobre muitas coisas. Somos julgados com base nelas. Mas o Deus da Bíblia nos pede para termos convicção de apenas uma coisa — que ele é o Deus que salva. Vivendo como pessoas convictas, teremos apenas a Deus a quem recorrer. Inclusive, pode chegar o dia em que ele será tudo o que temos. E, quando isto acontecer, ele será tudo que necessitamos. Podemos ter convicção disso.
Um Passo a Tomar
E se você teme ser uma pessoa mais de opinião do que de convicção? Ray finaliza seu artigo com três passos práticos a serem tomados. Por que não considerar seguir um hoje?
- Abstenha-se de algo terreno que significa demasiado para você.
- Passe tempo regularmente com pessoas de convicção.
- Corra um risco que seria absolutamente louco, se o evangelho fosse falso.
Viver com convicção neste mundo louco é uma maneira de se posicionar por Deus publicamente. E, para isso, basta apenas saber que ele existe e que é galardoador.
Nota do editor: Este artigo foi publicado originalmente em “Things Of The Sort” [Coisas do Tipo].
Traduzido por Rebeca Falavinha.
