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Mulheres, A Insegurança e o Evangelho da Auto-Ajuda

Estou preocupada de que podemos estar diagnosticando a insegurança erroneamente. Consequentemente, estou preocupada também que a estamos tratando erroneamente.

Cheguei a esta percepção depois de me debater com a insegurança em diversas áreas da minha vida. Devorei todos os livros e artigos que pude encontrar sobre o tema da auto-estima. Lia os versículos sobre o deleite de Deus em mim. Eu recitava pra mim mesma verdades bíblicas sobre minha identidade em Cristo. Após fazer isso por meses, ao final de tudo, percebi uma coisa.

Nada disso me ajudou.

Eu sabia que Deus me amava. Sabia que havia sido feita à sua imagem. Sabia que havia sido criada com um propósito. Eu cria em todas essas coisas. Mesmo assim, nada disso tocou na profundidade da insegurança dentro de mim. Foi somente ao ler o livro minúsculo e cheio de poder de Tim Keller, “The Freedom of Self-Forgetfulness” [A Liberdade do Auto-Esquecimento] que compreendi porque essas mensagens não estavam funcionando.

Descobri que este problema é uma grande lacuna no ensino cristão, especialmente para as mulheres.

Duas Fontes de Insegurança

Cheguei à conclusāo de que existem duas causas principais para a insegurança. A primeira é a sobre a qual falamos o tempo todo: uma baixa auto-estima. Em termos espirituais, defino a baixa auto-estima como uma incapacidade de nos vermos como Deus nos vê. Quando nossa auto-imagem é moldada principalmente por feridas ou mentiras, a dor é real e prejudicial, e o Evangelho tem uma resposta para isto. Deus verdadeiramente deseja restaurar a nossa auto-compreensão, alinhando-a com a verdade da sua Palavra. A resposta correta à baixa auto-estima é a afirmaçāo de verdades bíblicas.

Contudo, há uma segunda causa de insegurança, uma que quase nunca tratamos. Para muitas de nós, a fonte de nossa insegurança não é a baixa auto-estima, mas a auto-preocupação. O que precisamos não é nos considerarmos melhores, mas de pensar menos em nós mesmas.

A razão pela qual a auto-preocupação nos causa insegurança é que ela aumenta os riscos — no namoro, no cuidar dos filhos, no trabalho e no servir — transformando tudo isso em um referendo sobre o nosso valor. Cada deslize, cada rejeição, cada interação desconfortável se trata de algo “sobre nós”. Tal foco é esmagador.

É claro que nem sempre é fácil distinguir a baixa auto-estima da auto-preocupação. As duas se entrelaçam e se sobrepõem, e às vezes uma leva à outra. No entanto, é crucial saber a diferença, uma vez que elas exigem soluções diferentes. Se abordarmos nossa auto-preocupação, da forma como abordamos a baixa auto-estima — isto é, com a afirmação — isto na verdade torna o problema ainda pior. A afirmação somente alimenta o foco em nós mesmas, ao invés de nos libertar disso.

O único caminho de saída do auto-foco é o auto-esquecimento, e é por isso que as mensagens cristãs para “acreditar em mim mesma” não estavam me ajudando. Ao invés de resolver o problema, elas o estavam reforçando. Ao invés de desviar meu olhar de mim mesma, elas simplesmente serviram como um espelho com uma pequena imagem de Jesus ao fundo. O que eu precisava era libertação de ficar pensando em mim mesma, mesmo quando estes pensamentos fossem positivos.

Os Limites da Auto-Ajuda

Muitos “evangelhos” de auto-ajuda buscam atender a uma necessidade, ao restaurar nossa dignidade como portadoras da imagem de Deus e ao assumirmos nossa identidade em Cristo. Mas, em ultima análise, este tipo de afirmação tem utilidade limitada. Com o tempo, atinge seu teto.

A razão pela qual as soluções de auto-ajuda inevitavelmente ficam aquém é porque elas não têm a Jesus como seu centro. No seu centro esta o eu, e um evangelho focado no ser humano não pode salvar.

Esta é a armadilha de muitos ensinamentos cristãos populares. Quando a maioria das mensagens para mulheres é sobre a nossa beleza e auto-estima, nós gradualmente temos a ideia de que Jesus veio à Terra e morreu simplesmente para nos ajudar a gostar de nós mesmas. Utilizando as palavras de Isaías 49.6, isso é “coisa pequena demais”.

Uma auto-imagem vinda de Deus é saudável e boa, mas não podemos nos contentar com um evangelho que tenha a auto-satisfação na sua essência. Pode ser contra-intuitivo, mas o evangelho centrado em nós mesmas não pode nos proporcionar a liberdade que desejamos. Simplesmente aumenta nossos fardos e encolhe a nossa fé.

É por isso que Deus nos chama para uma história mais ampla: viver para ele, em vez de para nós mesmas. Quando retiramos o foco de nós mesmas — nossos medos, nossa aparência, nossos sucessos, nossas dúvidas — e fixamos nosso olhar somente em Cristo, encontramos a liberdade para qual fomos criadas.

Finalmente aprendemos a sermos livres do eu.

Traduzido por Cynthia Costa.

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