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Minutos e Segundos Compõem a Santidade

Há quase dez anos, tenho mantido um diário de oração. Minhas orações não são organizadas como as de algumas pessoas. Em vez disso, minhas orações são muito desorganizadas. Somente as datas no canto superior direito de cada página me dão qualquer contexto para as orações anteriores. Em grande parte, minha tendência para escrever orações advém de minha desorganização geral. Escrever força os pensamentos a tomarem forma.

No início de cada ano, muitas vezes folheio minhas orações antigas e reflito sobre a obra sempre santificadora do Espírito em minha alma. Este ano, ao fazer isto, notei uma tendência preocupante. Repetidamente encontrei frases como: “Deus, me impeça de jamais…”, “Deus, concede-me graça novamente para…” ou “Deus, ainda estou lutando com…”. Tenho orado repetidamente nesses termos generalizados. Pedia a Deus para resolver um problema e depois seguia em frente apenas para descobrir já na próxima oração que a questão ainda era problema. Ao ler estas orações, minha mente preencheu as linhas do diário em branco que separavam cada oração. Naqueles espaços sem data e sem palavras entre os registros, eu sabia que minhas várias lutas contra o pecado e o ego ainda cresciam e prosperavam.

Lembro-me, desde uma tenra idade, do meu pai constantemente me dizer: “Seja diligente nas pequenas coisas”. Muitas vezes, isso acontecia por eu deixar de fazer a lição de casa. Eu já tinha aprendido a informação; sabia como me sair bem nos trabalhos e nas provas, e que iria receber uma nota decente. Por que deveria me preocupar com meras lições de casa? Era assim que vivia e isso também se refletia em minha vida de oração.

Creio na graça. Creio que agora e para sempre estou revestido da justiça de Cristo. Creio que quando Deus olha para mim, ele vê a Jesus. Também sei que, apesar da minha crença, ainda peco. Fico cansado. Fico sobrecarregado. Com demasiada frequência, sinto o Espírito me convencendo do pecado e egocentrismo, seguido por sua gentil influência em direção à santidade.

Um grande problema com minhas orações, conforme escrevi, é que muitas vezes eu orava generalidades. Orava para que Deus me libertasse para sempre da depressão ou de um pecado específico. Então, continuava a viver na expectativa de que Deus fizesse Sua obra. Ficava na expectativa, mas não na dependência. Daí os espaços em branco no meu diário e, portanto, a mesma oração de coração partido alguns dias depois, quando o pecado e a depressão retornavam. Embora me dê conta do quadro geral (visto que estou eternamente em Cristo), me esqueço que agora existo no tempo, que é feito de momentos. E é nesses momentos que sou chamado a refletir o caráter de Cristo.

São minutos e segundos que compõem a santidade.

Acho importante que Jesus tenha nos ensinado a orar pelo pão nosso de cada dia (Mt 6.11). Creio que isso dá o tom para o resto da oração do Senhor (Mt 6.9-13). No início da oração, Jesus ora em geral pela glorificação eterna de Deus, o avanço do Reino de Deus e a execução da vontade de Deus na terra (Mt 6.9-10). No entanto, acho que quando Jesus pede pelo pão de cada dia, ele está conclamando seu povo a uma dependência diária de Deus para suas necessidades. O povo de Deus necessita diariamente pedir provisão; diariamente pedir perdão dos pecados; diariamente pedir proteção contra a tentação e o maligno. Jesus está ensinando seu povo a depender diariamente de Deus para suas necessidades, que, principalmente, inclui a santidade. Jesus está conclamando seu povo para fazer a lição de casa diária da graça, não apenas passar na prova da conversão.

Agora, não oro mais apenas de forma generalizada; que Deus me liberte disso ou daquilo para sempre, ou que Deus atenda para sempre a qualquer necessidade presente em minha mente. Ainda tenho esperança que, em muitos casos, a obra santificadora de Deus seja permanente. E ainda creio que há muitas coisas gerais pelas quais os cristãos devem orar. No entanto, quando se trata de minha santidade pessoal, não oro mais para que Deus me torne eternamente santo. Estou ciente de que fracassarei, e é por isso que necessito de Cristo. Agora, oro apenas para que Deus me torne santo por hoje, e isso é suficiente porque o para sempre inclui o hoje também.

Traduzido por Vittor Rocha.

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