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Do Que as Mamães Fracas Mais Precisam

A maternidade é um presente. Mas é o tipo de presente mais desafiador, que revela nossa debilidade e nos deixa de cara no chão. Por mais maravilhoso que seja, a cada nova estação que me leva a águas desconhecidas, me encontro face a face com minhas limitações, fraquezas e minha natureza pecaminosa.

Além disso, quando olho à minha volta, vejo outras mães fazendo escolhas diferentes e em circunstâncias diferentes das minhas. Nenhuma de nós tem exatamente as mesmas respostas para qual a melhor forma de amamentar, educar e cuidar de nossos filhos. Olhar para outras mães às vezes me faz questionar se estou fazendo as coisas do jeito certo.

A única coisa que posso dizer com confiança após 17 anos como mãe é: eu não sou suficiente.

Felizmente, aprendi que Deus é.

Mais Graça

O apóstolo Tiago nos diz, “[Deus] dá maior graça; pelo que diz: Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes” (Tg 4:6).

A maternidade trabalha nossa humildade. Mas é no solo da humildade que a graça desabrocha plenamente.  Não de uma maneira que releva o nosso pecado e nossas falhas como mães, mas que nos capacita a viver na liberdade da graça totalmente suficiente de Deus. Pela graça, entendemos que o Senhor não espera a perfeição. Ele nos chama ao arrependimento e à dependência enquanto nos apoiamos em sua força e em seu controle e não em nós mesmas.

No entanto, serei a primeira a admitir que é muito mais fácil falar do que colocar isso em prática.

Quer estejamos nos anos cansativos da primeira infância, nos anos da pré-escola e ensino fundamental que requerem muito de nós fisicamente, ou nos anos desafiadores, mental e emocionalmente, da pré-adolescência, adolescência e além, cada época traz à tona nossas imperfeições, fraquezas, pecados e limitações.

Embora tenhamos a tendência de presumir que somos as únicas que não conseguem fazer tudo certo, Deus deixa claro que não é isso que ele espera de nós. Pelo contrário, ele nos chama a reconhecermos humildemente nossa humanidade e corrermos rumo à sua graça abundante ao passarmos pelos altos e baixos da maternidade.

Mas como isso funciona na prática?

Embora haja diversas maneiras pelas quais a graça de Deus vai ao nosso encontro na maternidade, aqui estão algumas com as quais creio que todas as mães podem se identificar.

Graça nos Pontos Fortes, Fracos e no Pecado

Assim como nossos filhos, cada uma de nós tem comportamentos únicos. Os pontos fortes, fracos e as tendências pecaminosas que vivenciamos antes da maternidade se manifestarão em nossa vida enquanto mães.

Uma mãe pode ser mais estruturada, ter maior capacidade do que outras mães e prosperar no que diz respeito à ordem; outra pode ser mais inclinada à criatividade e flexibilidade, e se desgastar mais facilmente com as necessidades físicas e emocionais que estão à sua volta. Uma mãe pode achar que gráficos e tabelas são úteis para ensinar seus filhos; outra pode usar conversas e momentos ensináveis à medida que os filhos vivenciam o mundo à sua volta.

Algumas mães são fortes e saudáveis; outras vivem a maternidade com o corpo ou a mente enfraquecida. Algumas mães tiveram exemplos piedosos enquanto cresciam; outras têm de superar traumas ou exemplos negativos que foram deixados para elas.

Todas estamos lutando contra o pecado. Estamos em lugares diferentes em nossa caminhada espiritual, nos esforçando para apontar nossos filhos para Jesus enquanto nós mesmas estamos em processo de santificação.

A beleza da graça de Deus é que ele já conhece nossas fraquezas, nossos pontos fortes e batalhas contra o pecado porque ele nos formou intimamente e nos conhece melhor do que conhecemos a nós mesmas (Sl 139.13 –16).

Em vez de nos vangloriarmos de nossa força ou nos angustiarmos por nossas fraquezas, podemos vê-las restauradas e usadas pela graça de Deus quando as submetemos humildemente a Cristo, reconhecendo que somente ele é o doador da nossa força e somente ele pode ser a força em nossa fraqueza. Em vez de ficarmos paralisadas pelo pecado, temos o dom do evangelho que nos permite buscar não só o perdão do Senhor, mas o perdão de nossos filhos quando pecamos contra eles (1 Jo 1.9).

Graça em Nossas Formas de Criar Filhos

A palavra de Deus dá muitas instruções claras para a criação dos filhos: devemos criar nossos filhos “na disciplina e na admoestação do Senhor” (Ef 6.4), ensiná-los a verdade da Palavra (Dt 6.6–7) e sempre nos esforçar para crescermos à semelhança de Cristo ao direcionarmos nossos filhos para o mesmo propósito (Cl 1.10).

Mas boa parte da maternidade é vivida numa área cinza: qual tipo de fraldas devemos usar, amamentar ou usar mamadeira, qual escola ou formato de educação escolher, em quais atividades se envolver, quanto tempo de tela permitir aos nossos filhos, os métodos que utilizamos para ensinar a verdade aos nossos filhos, entre outras. Para toda escolha que fazemos, veremos outra mãe tomando uma decisão diferente. E a menos que seja diretamente contra os mandamentos de Deus, temos a liberdade em Cristo de tomar tais decisões.

A humildade requer que reconheçamos que muito da maternidade é feita de convicções pessoais. Ela guarda nosso coração do orgulho de achar que nosso jeito é o melhor, e da insegurança de estar fazendo tudo errado se outra mãe faz escolhas diferentes.

No fim, a graça de Deus na nossa forma de criar filhos nos dá a confiança de caminhar na liberdade de Cristo e a humildade de permanecermos ensináveis conforme continuamos a buscar direção e sabedoria no Senhor e naqueles à nossa volta.

Graça em Nossas Circunstâncias

Cada uma de nós recebeu circunstâncias únicas para viver como mãe. Algumas convivem com necessidades especiais complexas ou doenças crônicas que afetam todos os aspectos da maternidade. Algumas vivem em casamentos difíceis; outras têm uma parceria sólida com seu esposo. Algumas fazem parte de uma comunidade saudável; outras enfrentam um período de solidão. Para todas nós, nossas circunstâncias são como o vento, mudando constantemente e influenciando como a maternidade se apresentará em determinada época.

Nos momentos em que as necessidades especiais de meu filho estavam mais intensas, isso afetava as atividades em que eu podia me envolver, a minha forma de disciplinar, a energia que eu tinha para relacionamentos e os momentos em família que tínhamos com a Palavra. Em alguns dias, eu estava 15 minutos atrasada para o culto, enfrentando os olhares julgadores. Em alguns dias, eu tinha de cancelar a brincadeira com algum amiguinho devido a desafios com meu filho ou à piora em seus sintomas. Sentia-me tentada a me sentir envergonhada quando olhava para tudo que eu não conseguia dar conta — mas a graça de Deus me diz que ele conhece os desafios específicos que enfrento, e humildade significa aceitar minhas limitações.

Mesmo sendo difícil sentir-se frustrada ou envergonhada por conta de nossas circunstâncias e as limitações que elas trazem, é aí que aprendemos a nos lançarmos na graça de Deus. Ele não nos chama a viver uma vida perfeita como mãe, mas uma vida de dependência nele.

Irmã, que hoje essa verdade fortaleça e anime seu coração cansado. Se a maternidade expõe suas limitações, fraquezas e seu pecado, você está exatamente onde deveria estar para receber a graça e o perdão que Jesus tem para você e seus filhos. Ser mãe não se trata de fazer tudo certo ou ser tudo o que seus filhos precisam. Trata-se de conduzirmos nós mesmas e nossos filhos rumo ao Único que é verdadeiramente capaz de ser e prover tudo que precisamos.

Pois é nesse lugar de humildade e dependência que poderemos conhecer a alegria e a liberdade de ser uma mãe imperfeita cuja confiança e força estão na graça totalmente suficiente do seu Pai perfeito.

Traduzido por Caroline Ferraz

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