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Descobrindo Quem Sou Eu em Meio ao Caos da Maternidade

Um dos meus objetivos, quando olho minha casa e meu escritório, é que um dia eu consiga organizá-los completamente, até o último item – eu me conheço bem o suficiente para perceber que isso é improvável, mas sonhar não custa nada. Vejo-me entrando em uma sala onde há um lugar certo para tudo, onde tudo está em seu lugar e onde cada caixa tem aquele toque final maravilhoso: a etiqueta.

É difícil entender por que etiquetas são tão fascinantes. Imagino que tenha a ver com o desejo de agrupar os itens por categorias. Queremos saber exatamente o que está ali. Ver uma fileira de caixas e saber imediatamente que há um lugar específico para sacos plásticos ou lustra-móveis pode dar uma sensação de segurança surpreendente.

Temos o mesmo sentimento em relação às pessoas. Gostamos de rotulá-las e, de certa forma, isso é bom. Todos temos papéis a desempenhar no mundo, e nomes próprios e substantivos dão essa sensação de conexão e entendimento. Por isso, perguntamos uns aos outros: “O que você faz?”.

Ela é mãe. Ele é pai. Ele é bombeiro. Ele é prefeito, governador ou presidente. Gostamos de saber com quem estamos lidando e, mais ainda, queremos saber quem somos nós mesmos.

Essa rotulagem faz certo sentido. Esses nomes e títulos ajudam-nos a entender a nós mesmos e uns aos outros e indicam papéis reais e importantes na sociedade e na família.

Mas tendemos a complementar os rótulos e a começar a buscar identidade em palavras meramente descritivas. Permitimos que os adjetivos nos agrupem em categorias ainda menores, como a caixa que contém apenas lego vermelho. Contudo, ao fazermos isso, perdemos a grande oportunidade de celebrar as múltiplas qualidades e abrimos mão da alegria de nos unirmos a um grupo diverso de irmãos e irmãs.

Nossa busca por identidade nunca pode se afastar demais da verdade de que fomos criados à imagem de Deus.

Mãe trabalhadora

Tenho 41 anos. Meus filhos têm 14 e 12 anos. Eu passo a maior parte dos dias no escritório, e quase todas as noites em casa ajudando com a lição ou na piscina cuidando das crianças. A semana passada, como tantas outras, foi bastante agitada. Preparei-me para reuniões importantes, participei de teleconferências, trabalhei em projetos e passei um bom tempo limpando a caixa de e-mails.

Também dei carona, levei um filho ao dentista, fui ao mercado, participei de encontros na igreja e cozinhei. Às vezes, parecia que eu morava no carro. Fiz poucos intervalos ao longo do dia, tive alguns altos e baixos, e meu sono foi interrompido algumas vezes.

É fácil dizer: “Eu sou uma mãe que trabalha fora”. Posso dizer isso com orgulho ou com uma certa insegurança. E alguns podem dizer: “Não sei como você consegue”.

Há alguns anos, as coisas eram um pouco diferentes. Eu tinha 29 anos. Meus filhos tinham dois anos e menos de um ano. Minha filha estava no auge de uma doença crônica que exigia duas horas de tratamento intensivo por dia. Morávamos em uma cidadezinha a 90 minutos dos consultórios médicos e tínhamos uma rotina intensa de consultas.

Meu marido era um pastor com uma equipe limitada e enormes responsabilidades ministeriais. Havia dias em que eu trocava fraldas, recolhia a bagunça, lia livros, fazia compressas e dirigia até o consultório médico. Também assumi várias responsabilidades ministeriais em minha igreja, um clube de leitura na biblioteca da cidade, algumas horas de trabalho como transcritora, e ainda cozinhava.

Às vezes, parecia que eu morava no carro. Fazia poucos intervalos ao longo do dia, tinha alguns altos e baixos, e meu sono era interrompido (mais que só) algumas vezes.

É fácil olhar e dizer: “Eu era uma mãe em tempo integral”. Posso dizer isso com orgulho ou com uma certa insegurança. E alguns podem ter dito: “Eu não sei como você consegue”.

A verdade é que, 10 anos atrás, eu trabalhava, e era mãe o tempo todo. Na semana passada eu estava trabalhando, e também era mãe o tempo todo.

Deus nos chamou para sermos trabalhadores – todos nós

Nossa busca por identidade nunca pode se afastar demais da verdade de que fomos criados à imagem de Deus e que fomos criados para ser trabalhadores. Mesmo após o pecado ter destruído tudo, Deus enviou Seu Filho para nos tornar novas criaturas que seriam enviadas à missão que Ele estabeleceu.

Por termos sido criados à imagem e semelhança de Deus, não precisamos olhar uns aos outros ou a nós mesmos e dizer: “Eu não sei como você consegue”, porque sabemos a resposta. Deus nos deu a todos uma missão, e a cada um de nós, um chamado único. Ele nos chamou para sermos trabalhadores em casa, no mercado, na igreja e nos ministérios, no consultório do dentista e nas caronas.

Podemos parecer diferentes, mas pertencemos todos à mesma caixa: pecadores salvos pela Graça e enviados para fazer a obra de Deus.

Uma versão deste artigo apareceu no Intersect Project.

Traduzido por Felipe Barnabé.

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