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Líderes de igreja que nos visitam em nosso pequeno local de culto em Washington às vezes nos perguntam o que temos feito para produzir o tanto de discipulado, evangelismo e hospitalidade que observaram. Quais programas estamos usando?

Essa é a maneira americana do século 20 de se fazer a pergunta. Por pelo menos meio século, o crescimento da igreja foi visto em termos de negócios, de modo que o entrevistador presume que algum programa tenha gerado essas atividades.

Mas nossa resposta aponta numa direção diferente. Respondemos que queremos desenvolver uma cultura de discipulado, uma cultura de evangelismo e uma cultura de hospitalidade. Por isto oferecemos ferramentas e não programas.

O que queremos dizer por uma “cultura” destas coisas, e como podemos cultivar esta cultura?

A Igreja como uma Cultura Peculiar

Pense sobre a igreja local como uma embaixada do futuro. É um agrupamento formalmente constituído, de cidadãos do reino nos quais habita o Espírito, que proclamam e demonstram o reino de Cristo no final dos tempos. Eles se reúnem para proclamar as advertências e promessas de seu rei, e se reúnem para afirmar formalmente uns aos outros como cidadãos do Reino através dos instrumentos dados por seu rei, o que o fazem por meio do batismo e da Ceia do Senhor. Aqui estão as leis, e aqui estão os titulares dos passaportes.

Além do mais, estas embaixadas escatológicas na terra, espalhadas como alfinetes em um mapa, devem ser caracterizadas por uma cultura não mundana. Não é uma cultura importada de outro lugar, mas vinda de uma idade futura. Não se define por sushi, ou cricket, ou burcas, mas pelos hábitos de santidade e amor e o trabalho como que de um embaixador de discipulado, evangelismo, hospitalidade e cuidado dos necessitados.

Lembre-se que a cidadania é uma ocupação. E atividades como o discipulado, o evangelismo e a hospitalidade constituem responsabilidades básicas da ocupação de um cristão. “Ide e fazei discípulos”, disse Jesus. “Acudi aos santos nas suas necessidades, exercei a hospitalidade”, escreveu Paulo. É isto que fazem os cristãos em virtude de serem cidadãos do reino de Cristo. “Portamo-nos de um modo digno do evangelho de Cristo”, que significa “que permanecemos firmes num só espírito, combatendo juntamente com uma só alma pela fé do evangelho;” (Fp 1.27).

A igreja local, em suma, é a embaixada onde trabalhamos, onde aprendemos a ser embaixadores que evangelizam e discipulam, e onde demonstramos uma cultura vinda de um outro mundo, que brilha como estrelas no céu escuro da noite (Fp 2.15).

12 Maneiras de Se Cultivar Tal Cultura

Então como é que estas embaixadas do governo de Cristo podem cultivar uma cultura de discipulado, de evangelismo, de ajuda mútua e de hospitalidade?

1. Treine e equipe uns aos outros a serem cristãos.

Os britânicos bebem chá. Os brasileiros adoram o Carnaval. Os cidadãos do evangelho de Cristo compartilham o evangelho e encorajam uns aos outros na fé. Programas de terça-feira a noite, talvez, possam facilitar esta atividade. Mas, no quadro mais amplo, todo o ministério de ensino da igreja prepara os santos para tal trabalho (Ef 4.11s). Os cristãos se reúnem no Dia do Senhor para serem treinados a discipular e a evangelizar de segunda-feira a sábado.

2. Oriente as reuniões semanais da igreja em torno do evangelho.

Se a cultura de cidadania do reino depende do evangelho, então os encontros semanais da igreja devem ser centrados no evangelho. A pregação de todos os textos deve se orientar por um horizonte canônico e cristocêntrico. As canções devem apontar para o evangelho. Pecados devem ser confessados ​​em oração corporativa, e graças dadas pelo perdão.

3. Pregue toda a Escritura.

Ela toda é a palavra de nosso Rei. Como cidadãos, necessitamos ouvi-la por completo (ver At 20.27).

4. Aplique os sermões e os estudos com pequenos grupos corporativamente.

Aqueles que lecionam a Bíblia, instintivamente, aplicam os textos bíblicos a indivíduos. Mas a maioria de nós poderia melhorar na aplicação de textos corporativamente. Por exemplo, ao ensinar sobre uma passagem sobre a santidade, incentive as pessoas a se ajudarem mutuamente a lutarem contra o pecado, a praticarem a disciplina da igreja, a tomarem cuidado com quem recebem como um membro (ver Mt 18.1-14). A santidade e o amor são projetos de grupo, e levam a um testemunho grupal.

5. Incentive membros da igreja a construírem vidas entrelaçadas entre si.

Sim, queremos amizades com pessoas fora de nossas igrejas. Mas cristãos devem também priorizar os relacionamentos dentro de suas igrejas, onde podem fomentar o mesmo ministério da Palavra na vida uns dos outros.

6. Enxugue o calendário da igreja.

Pode ser difícil construir relacionamentos com outros membros e com não-cristãos quando a semana toda é ocupada com atividades oficiais da igreja. Cancelar alguns destes programas poderá dar aos santos mais tempo para o discipulado e o evangelismo.

7. Forneça ferramentas para o evangelismo e o discipulado.

Além do sermão semanal, pode-se oferecer aulas de escola dominical para adultos, dedicadas a estes temas. Pode-se recomendar do púlpito alguns bons livros e oferecer um desconto para estes na livraria da igreja. Além de anunciar bons materiais de evangelismo ao compartilhar testemunhos da graça.

8. Orem juntos sobre o evangelismo e boas obras.

Muitas igrejas abandonaram a antiga prática da reunião de oração, relegando-a talvez a pequenos grupos. Compreendo o porquê. Muitas vezes elas não são bem organizadas e pode-se gastar 50 minutos orando pela cirurgia no tornozelo da tia Suzana. Relegá-la no entanto, significa que a igreja não tem uma oportunidade de orar pelas necessidades uns dos outros como um todo. Creio que igrejas estão no caminho certo quando procuram maneiras de compartilhar preocupações do reino com todo o corpo e, em seguida, orar sobre estas. Nossa igreja faz isto numa reunião de oração altamente organizada no domingo a noite. Cerca de dois terços dos membros participam.

9. Destaque os santos ao praticar a membresia da igreja e isolar a mesa da comunhão.

Igrejas certamente devem fazer com que visitantes e não-cristãos se sintam bem-vindos, e estes devem ser incluídos nos comentários durante o sermão. Ainda assim, a demarcação da igreja, ou seja, quem está ligado e quem está desligado pelas chaves do reino, deve ser transparente e clara. Esta é uma parte crucial do processo de evangelismo e de discipulado. De um modo semelhante…

10. Pratique a disciplina da igreja.

Se sua igreja não praticar a disciplina, sua cultura em breve se tornará indistinta da do mundo. É o mesmo que uma embaixada derrubar suas paredes e deixar pilhas de passaportes na calçada da frente para qualquer um pegar.

11. More perto da igreja.

Somos seres encarnados e a geografia faz diferença. Se puder, more perto da igreja. Isto lhe dará maiores oportunidades para discipular aos outros, praticar a hospitalidade e evangelizar juntos.

12. Comprometa-se a longo prazo.

Se você é um líder de igreja ou membro, comprometer-se a ficar num mesmo lugar a longo prazo lhe dará a oportunidade de moldar a cultura.

Contra-Contextualizar

Igrejas muitas vezes se esforçam muito para se contextualizar e mostrar ao mundo ao seu redor que os cristãos são como eles. E há espaço para isso.

Mas parte da contextualização é saber quando e como contra-contextualizar; como ser uma embaixada do reino futuro de Cristo culturalmente distinta. Qual é o uso para o sal que se tornou insípido ou uma candeia debaixo do alqueire?

Através da pregação, da oração, do amor, e da permanência, podemos ajudar a igreja a se tornar esta cultura de contraste.

Traduzido por Carlos Dourado.

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