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Como (Não) Sobrecarregar as Pessoas em Sua Plantação de Igreja

O plantio de igrejas requer tenacidade. Pergunte a qualquer um que o tenha feito e eles lhe dirão que a responsabilidade de plantar e liderar uma igreja é uma grande peso. Alegre, com certeza, porém pesado também.

Por isso, os plantadores tendem a sobrecarregar suas congregações. É fácil julgar mal qual o nível de envolvimento ou responsabilidade que os membros devem ter. Diante da grande magnitude das coisas a serem feitas, é difícil saber o quanto deve-se solicitar dos membros.

Para algumas pessoas, envolver-se em uma equipe de plantação de igrejas parece atraente por causa da necessidade óbvia. Estes apoiadores iniciais podem ser maravilhosos sustentáculos. No entanto, este mesmo senso de urgência pode afastar outros daquilo que lhes parece ser uma tarefa esmagadora.

Vários amigos me disseram: “Nós nunca poderíamos frequentar uma igreja em plantação. Simplesmente, é trabalho demais. Em certo sentido, eu entendo. Plantar uma igreja é custoso, e é justo que as pessoas sintam esse custo. De fato, o custo provavelmente eliminará aqueles que buscam um caminho fácil na vida cristã (como se houvesse tal coisa; Marcos 8.34-35).

Isto, porém, não elimina o perigo de sobrecarregar membros das equipes de plantação de igrejas com fardos indevidos. Quando há tanto a ser feito, como podemos desenvolver e fortalecer as pessoas sem exauri-las?

Encorajar e desenvolver o povo de Deus para o serviço é vital para a saúde de qualquer igreja; mas pode ser prejudicial, caso as expectativas (1) venham rápido demais, (2) sejam excessivas, ou (3) sejam demasiado pesadas para serem carregadas.

Rápido Demais

É fácil sobrecarregar as pessoas esperando significativas colaborações demasiadamente rápido. Desenvolver discípulos leva tempo. Observe as instruções de Paulo a Timóteo sobre as qualificações de um presbítero: “Pois, se alguém não sabe governar a própria casa, como cuidará da igreja de Deus?” (1Tm 3.5). Intrínseco ao que Paulo indica aqui é o fato da liderança espiritual dentro da igreja ser desenvolvida nos ritmos diários do discipulado fiel, e é portanto evidenciada ao longo do tempo.

No caso dos presbíteros, não devemos cometer o erro de colocar a liderança espiritual de uma igreja sobre ombros despreparados. Ter vivenciado a dor de colocar pessoas boas em cargos de liderança cedo demais me ensinou a importância de investir em ritmos contínuos de desenvolvimento e crescimento graduais.

Em suma, muitos plantadores de igrejas fariam bem em desacelerar.

Deus dá aos crentes os dons do Espírito para equipar e edificar, de modo que as obras do ministério sejam compartilhadas da maneira como Espírito as distribui (1Co 12.4-8). À medida em que os crentes amadurecerem, eles crescerão em sua capacidade de colaborar. Não espere que os recém-nascidos espirituais em sua igreja contribuam como pais e avós espirituais. Isto poderá atrasar alguns dos seus planos, mas será recompensado no futuro.

Em Excesso

Mas o que acontece quando seu pessoal está fazendo demais? Lucas 10.38–42 conta o caso de duas irmãs que receberam a Jesus em sua casa. Marta, que “estava ocupada em muitos serviços”, fica frustrada com sua irmã Maria, que decide estar com Jesus em vez de realizar seus afazeres. Então Marta interrompe a Jesus: “Ordena-lhe, pois, que venha ajudar-me”

Da mesma forma, é possível para alguns durante a plantação da igreja considerar os outros como menos comprometidos, devido à sua falta de atividade. A resposta de Jesus a Marta dirige-se a todos nós: “Marta! Marta! Andas inquieta e te preocupas com muitas coisas. Entretanto, pouco é necessário; Maria, pois, escolheu a boa parte, e esta não lhe será tirada.” (Lucas 10.41–42). Longe de ser uma desculpa para se acomodar e deixar que os outros façam o trabalho por nós, esta história nos exorta a lembrar que o trabalho não é o objetivo final. O objetivo final é Jesus.

Considere a carga que seu pessoal está carregando. Isto os está afastando de Jesus? Nós não queremos que nosso pessoal perca “a boa parte” porque estavam sobrecarregados com demasiados compromissos e responsabilidades.

Um amigo e companheiro plantador de igrejas uma vez me disse para “pastorear a igreja que Jesus te deu”. Como um jovem líder ansioso pelo rápido crescimento, aquele foi um conselho oportuno. Minha igreja não era nem a mão de obra para alcançar a “minha visão”, nem uma simples isca para atrair mais pessoas. Minha igreja eram as pessoas que eu fui convocado a amar.

Se estiver com trabalho demais, reavalie. Carregar uma mochila sobrecarregada não nos parece problema até termos de subir uma montanha com ela. Sua igreja tem condições de arcar com os custos de uma equipe ministerial quando os voluntários estiverem sobrecarregados? Seria possível cortar alguma programação ou racionalizar algum ministério para reduzir o fardo? Pense com criatividade: há maneiras de se associar a outras igrejas ou compartilhar recursos para realizarem mais juntos? Se você veio de uma igreja mãe, proteja seu coração contra a teimosia excessiva. Peça ajuda em áreas de fraqueza. Não se esqueça de avaliar seu próprio coração: é este um componente crítico da missão em seu ministério, ou algo do qual poderia abrir mão pela saúde de sua igreja?

Demasiado Pesado

O terceiro perigo para os plantadores de igrejas é sobrecarregar nossas congregações na forma como lideramos. Podemos manifestar machismo pela nossa dedicação exemplar e sobrecarregar os que estão sob nossos cuidados sugerindo implicitamente que a fé real exige um compromisso esmagador. Não é o caso.

Tristemente, minha experiência inicial de plantação foi marcada pela ansiedade de que aquela igreja nascente não sobrevivesse ou não tivesse qualquer influência significativa pelo evangelho. Coloquei todo o peso da igreja sobre meus ombros — cada sucesso ou fracasso se tornaram desproporcionalmente pessoais. Nem preciso dizer que nossa igreja sofreu quando minhas expectativas irreais frearam o envolvimento. A carga que eu carregava não era convidativa. Foi só no final de 2017 que aceitei uma simples verdade: se Jesus nos havia trazido a esta comunidade para plantar uma igreja em seu nome, ele a sustentaria.

Então começamos a orar: “Senhor, que a reputação de nossa igreja seja que tu a estás edificando”.

Se esta oração reverbera em você, pare de carregar um fardo que nunca foi seu. Jesus o está convidando para trabalhar em Sua obra para realizar Seus propósitos, não os seus. Transfira seus fardos para ele e encontre descanso para sua alma (Mt 11.28–30).

Traduzido por Vittor Rocha

 

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