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Buscando Sabedoria em um Mundo de Mega Dados (Big Data)

Recentemente a 60 Minutes (NT – programa de televisão) entrevistou Arnav Kapur, um estudante do laboratório de mídia do Massachusetts Institute of Technology [Instituto de Tecnologia de Massachusetts] que desenvolveu um sistema para navegar na Internet com sua mente. Ele silenciosamente pesquisou perguntas e ouviu respostas por meio de vibrações transmitidas através de seu crânio e ouvido interno.

Para muitos, assistir a este programa seria um presságio do futuro. Há cinquenta anos, jamais pensamos que poderíamos armazenar mini-computadores no bolso. Agora, nos perguntamos quando nossos cérebros estarão sincronizados com a Internet.

Como todo progresso, o conglomerado mega dados (big data) na Internet foi criado para tornar a vida um pouco melhor, mais fácil e mais confortável, para conectar pessoas e conhecimentos de modo que as coisas melhorassem.

Todos nós agora vivemos com os benefícios (e as consequências) dos mega dados. Mas, como cristãos, percebemos que nossos problemas são mais profundos do que a necessidade de maior conectividade e acesso ao conhecimento. Apesar de todas as conquistas, ainda encontramos maneiras de construir reinos corrompidos e falsos.

Portanto, que esperança podem os cristãos oferecer em meio ao progresso acompanhado de constantes decepções?

A Sabedoria e o Reino

Temos algo a oferecer ao mundo de mega dados: a sabedoria. A sabedoria é a grande necessidade da nossa era. Não necessitamos saber mais; necessitamos conhecer a fonte do conhecimento — e quando e como aplicar seu ensino.

O que mais me impressionou no meu projeto sobre o reino foi a estreita conexão entre a sabedoria e o reino. Por muito tempo, a tradição da sabedoria ficou desconectada do reino, mas a vida e a sabedoria do reino são temas que seguem lado a lado nas Escrituras. A tradição da sabedoria descreve como a “vida no reino” deve ser.

A sabedoria, de acordo com Tremper Longman, inclui três aspectos: o prático (viver hábil), o ético (o bom viver) e o teológico (temer ao Senhor). A tradição da sabedoria apresenta a realidade como dois caminhos: a vida e a morte — temer ao Senhor ou morrer rejeitando sua oferta. Na realidade, toda a narrativa das Escrituras pode ser enquadrada desta maneira — ela retrocede até o jardim em Gênesis, quando Adão enfrentou uma escolha entre viver a boa vida no reino de Deus, ou rejeitar a sabedoria e moldar um falso reino.

Caminho de Vida

Livros como Salmos, Provérbios, Jó e Eclesiastes descrevem como é a “vida no reino” através de canções, debates, provérbios e lamentos. Ou o povo seguirá o rei sábio e viverá, ou rejeitará seus mandamentos e morrerá. O caminho para a vida inclui três admoestações na literatura de sabedoria: (1) adquirir sabedoria seguindo a Torá, (2) temer ao Senhor e (3) sofrer em retidão.

Primeiro, para viver a boa vida no reino, é preciso adquirir sabedoria seguindo a Torá. A sabedoria não é desenterrada em uma busca no Google, mas na santa Palavra de Deus. Em toda parte das Escrituras, a sabedoria e a Torá estão interligadas. Deuteronômio 4.6 fala da Torá como a sabedoria e entendimento de Israel perante as nações (veja Pv 1.2). A Torá também está conectada à sabedoria em Esdras, que menciona “a Lei do teu Deus, a qual está na tua mão;” (Ed 7.14; cf. 17.25).

Em segundo lugar, a boa vida no reino vem por temer ao Senhor. Eclesiastes apresenta o crítico, que argumenta que a vida não tem sentido por causa da natureza fugaz do tempo, o fato de que todos nós morremos, e da natureza aleatória da vida. No entanto, a sabedoria não se encontra onde o crítico a procurou, mas no simples temor do Senhor.

Terceiro, o caminho da sabedoria inclui o sofrimento em retidão — não em evitar o sofrimento, distraindo-nos com mais fatos. Jó, Salmos e Lamentações se concentram no sofrimento do povo de Deus, que deve esperar pacientemente pelo seu libertador. Para vivenciar a primavera do reino, o povo deve primeiro se submeter à morte do inverno.

Jesus, a Cruz e a Sabedoria

Então, o que podemos oferecer a um mundo cheio de conectividade e conhecimento? Podemos incorporar o bem viver, apontando para o sábio rei. Todas essas realidades são consumadas na vida de Jesus — o rei indiscutivelmente sábio que nos leva ao nosso reino.

Jesus viveu uma vida de sabedoria seguindo a Torá. Ele não veio para abolir a lei e os profetas, mas para cumpri-los, explicá-los e vivê-los. Ele tomou sobre si a maldição da lei e nos deu seu jugo suave, para que pudéssemos morar com ele.

Ele também exemplificou como é a vida no reino através do temer ao Senhor. Satanás ofereceu-lhe todos os reinos, mas Jesus sabia que a verdadeira autoridade só viria se submetendo à vontade do Pai. No Jardim do Getsêmani, ele decidiu não seguir seus próprios desejos, mas o plano do reino de seu pai.

E finalmente, ele andou na estrada solitária do sofrimento em retidão. Ao longo do julgamento de Jesus, fica evidente que ele era inocente, ao passo que falsas testemunhas se levantam contra ele, as pessoas passam zombando dele e os reis da terra conspiram contra ele.

Nosso Messias encarnou o reino sendo nosso Rei cheio de sabedoria. Ele nos instruiu nos caminhos da sagacidade submetendo seu corpo à morte, para que pudéssemos caminhar em novidade de vida. Como a tradição da sabedoria explica, existem apenas dois caminhos: ou seguir o verdadeiro Rei até Sua morte, ou sofrer a morte a sós.

E estes dois caminhos levam a dois reinos: um reino de luz aguardando de um lado, e um reino de trevas ameaçando no outro. O que aproveitará o homem se conhecer todas as coisas e ganhar o mundo inteiro, mas perder a sua vida?

Nota dos editores: Leia mais sobre o reino no livro de Patrick Schreiner, The Kingdom of God and the Glory of the Cross [O Reino de Deus e a Glória da Cruz] (Crossway, 2018).

Traduzido por Victor San.

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