×
Procurar

As pessoas que participam das aulas para se tornarem membros de nossa igreja geralmente ficam surpresas com a ênfase que colocamos no participar do culto no Dia do Senhor. No entanto, mesmo que as pessoas tenham o dom de se relacionar com adolescentes ou de trabalhar no site, insistimos que a presença delas quando nos reunimos para adorar, é uma forma muito mais crucial e importante de servir ao rebanho. Essa prioridade não é uma peculiaridade só da nossa igreja, deveria ser uma prioridade bíblica para todas as igrejas.

Vamos dar uma olhada em quatro motivos pelos quais a Bíblia prioriza os cultos na igreja, seguidos por quatro ameaças atuais às reuniões na igreja.

Quatro Motivos Pelos Quais a Bíblia Prioriza os Cultos

1. A presença do Senhor o recomenda.

O Senhor Jesus prometeu estar presente quando seu povo se reúne: “onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, ali estou no meio deles” (Mt 18.20).

À luz da totalidade da narrativa bíblica, essa passagem mostra as implicações escatológicas extraordinárias de nos congregarmos. A presença de Deus foi perdida no Éden (Gn 3.8), mas ela retornou de certa forma no tabernáculo (Êx 25.8, 22), na terra prometida (Nm 35.34) e no templo (1Rs 8.10-11). Mas a presença dele com Israel sempre foi limitada: “Mas, de fato, habitaria Deus na terra?” (1Rs 8.27).

Com a vinda de Cristo, Deus veio habitar com seu povo e morrer por ele (Jo 1.14; 10.11-15) para que aqueles que recebem o Filho possam fazer parte dos filhos congregados de Deus (Jo. 1:11-13; 11:51-52). E agora, já que o Cristo ressurreto está presente em meio à congregação do seu povo, temos o privilégio de nos unir a ele como irmãos e irmãs, louvando Seu Pai que também é o nosso (cf. Sl 22.22; Hb 2.12).

A própria palavra que Jesus escolheu para a sua comunidade, “ekklesia”, sugere que a igreja “é uma sociedade de homens chamados para fora de algum lugar ou estado e congregados em uma assembleia”.[1] Continuamos sendo a igreja durante a semana quando estamos dispersos, mas só somos a igreja durante a semana porque nos congregamos no Dia do Senhor.

Nossas reuniões terrenas atuais nos dão um vislumbre de quando ele habitará conosco de forma visível (Ap 21.3; 22.4). Que privilégio e que promessa! Quem poderia desejar ficar de fora disso?

2. O mandamento do senhor o exige.

Nos congregarmos não é somente um privilégio, é também um mandamento que gera uma responsabilidade solene. “Não deixemos de congregar-nos, como é costume de alguns; antes, façamos admoestações e tanto mais quanto vedes que o Dia se aproxima” (Hb 10.25).

No Novo Testamento, a igreja se congregava semanalmente no dia do Senhor e isso é tanto um padrão quanto um preceito (1Co 5.4; Lc 24.33; Jo 20.19; At 207; 1Co 16.2).

3. A comunidade do Senhor o necessita.

Nos congregarmos é louvável e ordenado para o nosso bem. Um dos objetivos principais de nos reunirmos é a edificação mútua. É verdade que a igreja pode ser edificada por meio de conversas informais e em pequenos grupos durante a semana, mas o Novo Testamento enfatiza repetidamente que a igreja é edificada quando os irmãos se reúnem (1Co 11.20, 33, 34; 14.26).

4. As imagens da igreja o sugerem.

As imagens que as Escrituras usam para descrever a igreja destacam a necessidade de nos congregarmos. A igreja é o corpo de Cristo que reconhece as outras partes do corpo, especialmente quando se reúnem como um só corpo (Rm 12.3-8; 1Co 10.17; 11.29, 12.12-31, 14.1-19). A igreja é um templo em que todas as pedras se ligam pela edificação mútua que ocorre quando ela se congrega (1Co 3.16-17; Ef 2.19-22). A igreja é uma família na qual um alimenta o outro com a Palavra de Deus (Cl 3.16) ao redor da mesa do Senhor. A igreja é o rebanho de ovelhas que estão juntas em um aprisco.

Quatro Ameaças Contemporâneas Às Reuniões da Igreja

1. “Reuniões virtuais” são convenientes.

Este último ano realçou para alguns que reuniões virtuais parecem ser mais seguras e convenientes do que reuniões reais. Certamente, a pandemia impôs algumas razões legítimas para nos abstermos temporariamente das reuniões. No entanto este nāo deve jamais ser um precedente duradouro.

2. Reuniões inadequadas nos tornam cínicos.

Encontrar uma igreja saudável pode ser difícil, mas a prevalência de igrejas não saudáveis deve nos motivar a buscar e participar de uma igreja saudável. Isso não deve ser motivo para nos retrairmos para um cristianismo desconectado da igreja.

Tempos devocionais individuais devem complementar e suplementar as reuniões da igreja. Jamais devem servir de compensação para sua falta ou suplantá-las completamente.

3. Concentramo-nos em amizades de outras partes.

Pastores geralmente notam que alguns membros às vezes não vêm à igreja com frequência porque estão visitando outras igrejas, talvez passando tempo com amigos e familiares.

Claro, não é errado visitar amigos em outras igrejas, mas nós lesamos o corpo quando tais visitas são frequentes e não ocasionais.

Além disso, as mídias sociais tornaram mais fácil nos mantermos conectados continuamente com pessoas que vivem longe. No entanto, quando amizades distantes diminuem nossa capacidade de ficar mais próximos da família que é a nossa igreja local, estamos tentando fazer coisas demais, e a vida do corpo local fica sem profundidade.

4. Passamos todo o tempo com não cristãos.

Oportunidades de criar novos relacionamentos com pessoas que não conhecem a Cristo são preciosas e às vezes difíceis. Por isso, alguns sugerem que, para o bem da missão, os cristãos devem priorizar passar tempo com não cristãos ao invés de com a igreja local. Claro, congregar na igreja pode edificar você e outros crentes, mas você já é salvo! Então, por que fazer festa no barco salva-vidas enquanto outros estão se afogando? Além disso, em uma sociedade pós-cristã, está cada vez mais difícil que algumas dessas almas adentrem uma igreja.

Gosto muito do zelo evangelístico desse apelo, mas sinto que é míope e autodestrutivo. Como pode a congregação ficar preparada e motivada para alcançar os perdidos sem ter uma reunião semanal que é um vislumbre da glória? Como conhecerão as pessoas que somos discípulos de Jesus se nosso amor pelos perdidos for maior que nosso amor uns pelos outros (Jo 13.34-35)?

Cristãos, Congreguem-se!

Nesse último ano, o Senhor, em sua soberana bondade, removeu de muitos de nós a capacidade de nos congregarmos regularmente para adorar, edificar e servir. Eu oro para que à medida em que somos capazes de nos reunir novamente, cada membro retorne. Comunhão remota, virtual, desincorporada simplesmente não é suficiente. Tivemos que nos virar com ela, mas espero que isso nos leve a valorizar ainda mais as reuniões próximas, reais do corpo que servem como uma amostra de como passaremos a eternidade: juntos na presença do nosso Senhor.

Traduzido por Mariana Ciocca Alves Passos.

Originalmente publicado no 9Marks: https://www.9marks.org/article/show-up/ 

CARREGAR MAIS
Loading