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As camadas de tempo enterram a dor no fundo de nossos corações.

A dor nunca se dissolverá. Mas pode ser removida.

Líderes que nos trataram com desprezo, amigos e familiares que nos expulsaram de suas vidas, chefes que mentiram para nós sobre vagas de emprego ou pessoas de negócios conceituadas que nos disseram uma coisa e outra a nossos amigos — tais tipos de pessoas já machucaram a todos nós.

Após anos de raiva em fogo brando, a dor que flui livremente diminui sua velocidade e se transforma em concreto: é a amargura.

Muitas vezes descobrimos a amargura com a ajuda de um amigo inconveniente. Fazemos um gracejo e eles nos dizem: “Você parece estar amargurado.” Fim de papo.

E claro, sabemos o que fazer! Confrontar e perdoar o transgressor (Mt 18). O evangelho nos diz que Deus nos ama tanto que enviou seu Filho Jesus para pagar pela totalidade do nosso pecado. Isto inclui o pecado com o qual alguém nos magoou gravemente no passado. Para os cristãos, o pecado é perdoado; você perdoou aquela pessoa, mesmo que ela não saiba que fez algo para magoá-lo?

Saber o que fazer — e fazê-lo — são irmãos gêmeos, um bom e outro mau. Em muitas culturas, a sinceridade é um pecado social, justamente porque conforto é o ídolo maior. Portanto, lidamos com qualquer que seja a dor, ao invés de “seguindo a verdade em amor… cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo… ” (Ef. 4.15).

A história de minha amargura veio de um amigo. Eu fiquei ferido e ele não percebeu sua própria participação naquilo. Transbordou sal na minha ferida.

Anos mais tarde, foi necessária uma visão proporcionada por meu amigo — o Espírito Santo — que me levou ao pronto-socorro celestial para me dar uma cura forte e imediata, durante um culto em Nashville. Foi uma experiência de mudança de vida, observar e sentir a amargura me deixar. A revelação de Deus sempre nos transforma.

A questão é que, durante aquele período de solidão, quando eu sabia que havia sido tratado de maneira errada, até parei de tocar no assunto. Não conseguia falar daquilo sem raiva ou espírito de orgulho. Eu era “melhor” que aquele homem. Eu sabia “mais” do que ele. Eu “jamais” faria com alguém o que ele havia feito comigo. As pessoas mais amarguradas são as que não sabem que são amarguradas! Achamos que somos imunes a isto.

Nossa árvore está amarga? Há que examinar as raízes. A lei nos deu não apenas “regras”, mas um vislumbre da santidade de Deus, dada pela graça na própria linguagem das pessoas. Veja estas palavras de Deuteronômio 29:

…para que não haja entre vós raiz que produza erva venenosa e amarga… ninguém que, ouvindo as palavras desta maldição, se abençoe no seu íntimo, dizendo: Terei paz, ainda que ande na perversidade do meu coração.” Isso levará à remoção de umidade e secará… nada crescerá… nenhuma planta poderá brotar…

Devemos ser rápidos para examinar nossas próprias vidas em busca de almas secas e doloridas: evidência de que a árvore é amarga.

Outra maneira de encontrar estas raízes é encontrar nossos favoritos: as pessoas das quais mais gostamos, por exemplo. Nós as seguimos e nos gabamos com nossos amigos por conhecê-las. “Ele apertou minha mão!” Tal como uma grande história de pescador, fica mais gloriosa à cada proclamação. E então, do nada, algo acontece conosco ou com nosso ídolo, e tudo se acaba. Na melhor das hipóteses, o Espírito nos desmantela com uma nova visão de sua graça em Cristo, ofuscando o que vemos agora que era uma adoração inútil a homens pecadores.

Ficamos zangados ao sairmos da montanha-russa de culto ao homem. É injusto. Pelo menos, estes são nossos cálculos racionais. Há que sair da sensação nauseante. Sente-se e descanse por um momento, e veja que o fruto de Sua obra será uma humildade robusta.

Se ninguém o acusa de amargura, é possível que mesmo assim você esteja amargurado? Descubra: rastreie qualquer sentimento “morto” em relação a alguém ou alguma igreja até um evento ou conversa. Fique meditando naquele tempo ou lugar. Pergunte a si mesmo por que você se apega àquilo. Peça a Deus para lhe mostrar exatamente — especificamente — por que você não conseguiu ter paz?

Em seguida, pegue o único medicamento conhecido comprovado para curar este tipo de dor. São as boas novas de Cristo Jesus, uma receita que nos permite ter acesso a Deus por orações de maneiras que parecem duras, não planejadas e impregnadas de emoções sombrias. Veja isto, por exemplo, em Rm 8.26-30:

Também o Espírito, semelhantemente, nos assiste em nossa fraqueza… o mesmo Espírito intercede por nós sobremaneira, com gemidos inexprimíveis… Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito…

O que ele está dizendo é que o sempre popular versículo cristão da caneca de café, “todas as coisas cooperam para o bem”, está ligado ao conceito da medicina soberana de mediação de Deus na oração. Aquilo que queremos não é o que sempre obtemos. Sim, a parte sobre “todas as coisas” é sempre aquilo que ele permite que aconteça, e não o que desejamos. A melhor parte: Ele interpreta as orações por nós, de maneira que se alinham ao evangelho de Cristo.

Finalmente, esforce-se para prevenir a amargura. A dor em sua vida é uma prova de que você é humano, e a amargura que você pode ter descoberto hoje é uma boa oportunidade de agradecer a Deus agora mesmo por apontar sua necessidade da expiação proporcionada por Jesus.

Com tempo suficiente, qualquer dor não remediada se tornará amargura. Mas a semente mais forte não produz raízes de amargura; ela floresce na salvação. É a semente da fé, dada por Deus para que creiamos no Seu poder para curar nossa dor. Ao invés de uma raiz de amargura, podemos prosperar a partir das raízes de fruto espiritual futuro, cujo ramo é uma alegria recém-descoberta diante da dor e da provação.

Traduzido por Luiz Santana.

 

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