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A capela funerária estava transbordando. Ao contrário de alguns funerais que já realizei, esta cristã fiel e membro da igreja de longa data tinha dado voz à mensagem que entreguei em meio a dor. Eu havia observado durante anos como esta mulher de 85 anos de idade vivia diariamente com esperança em Cristo. Com um brilho nos olhos, ela regularmente afirmava como Paulo: “Porque, para mim, o viver é Cristo, e o morrer é lucro” (Fp 1:21).

Mas este não é o caso em funerais daqueles com uma condição espiritual desconhecida, ou talvez com uma condição espiritual conhecida até bem demais.

A ansiedade de um ministro do evangelho aumenta quando ele se pergunta como conduzir um culto memorial de um descrente. Então, como é que ministros podem servir famílias cujo ente querido falecido não deu nenhuma evidência de confiança em Cristo? Aqui seguem sete considerações.

1. Lembre-se de que você foi chamado para ser um fiel ministro de Cristo.

A fidelidade a Cristo não cessa quando entramos na funerária. Ela se torna mais intensa. Pessoas enlutadas estão muitas vezes desesperadas para enxergar um propósito para sua dor — e isto só é encontrado em Cristo.

O ministro não está presente para marcar um “x” na lista de tarefas a fazer, mas para representar a Jesus e sua igreja aos que sofrem sem esperança.

2. Pregue o evangelho claramente.

Sem criar uma cruzada evangelística, o ministro deve direcionar a conversa para as boas-novas de Jesus. Aplique o evangelho por meio de narrativas (por exemplo, João 3; João 11), textos evangélicos simples (por exemplo, João 14.1-6; 1 Coríntios 15.1-2), ou textos familiares do Antigo Testamento (por exemplo, Salmo 23; Eclesiastes 3.1–8). Almeje abrir futuras conversas espirituais por meio da clareza do evangelho, e ilustre e aplique com simplicidade.

3. Não assuma o fardo de decidir o destino eterno do falecido.

Lembro-me de um membro da família do falecido perguntando se eu achava que seu amado estava no céu. A pessoa não tinha mostrado nenhuma evidência para mim de que confiava em Cristo. Assim, a minha resposta foi simples: “Nenhum de nós pode decidir esta questão, mas o que devemos fazer é ter a certeza do nosso próprio relacionamento com Cristo”. Esta resposta afastou o assunto do falecido e a aproximou da necessidade espiritual desta jovem senhora. Evite declarar casualmente o destino eterno de alguém (Mateus 7.21–23).

4. Destaque o conforto vindo do evangelho.

Embora o incrédulo falecido não tenha esperança, os remanescentes a tem, se olharem para Cristo. Ajude os presentes a verem as ramificações extensas de quando se crê no evangelho.

5. Concentre-se no panorama geral ao invés de pormenores da teologia.

Utilize a narrativa geral da Escritura em sua mensagem; a criação, a queda, a redenção e a restauração. Pessoas enlutadas podem ouvir pouco daquilo que você diz. O panorama geral será mais fácil de lembrar, e servirá de base a futuras conversas com aqueles que estiveram no funeral.

6. Diga com integridade o que puder sobre o falecido.

A influência dele ou dela para o bem, ações bondosas e atos de serviço podem ser apropriadamente mencionados. Por exemplo: “Nós aprendemos com ______ que a vida é breve . . . como os relacionamentos são importantes . . . como cada dia conta”. É bom e correto falar bem de alguém criado à imagem de Deus.

7. Lamente-se junto aos entes queridos por sua perda.

Demonstre isto através de sua preocupação, sua empatia, suas orações, suas ligações e suas conversas de acompanhamento. Ao sofrermos com os que sofrem, oportunidades para compartilhar o evangelho podem surgir.

Preparar-se bem para funerais de incrédulos é vital para que quem ouvir possa encontrar esperança em Cristo. Muitas vezes, os pregadores consideram esses funerais como um mero dever que cada ministro deve fazer. No entanto, pregar em funerais de incrédulos pode muito bem significar a única oportunidade que os presentes talvez tenham para ouvir o evangelho. Então, aprecie estas oportunidades à medida em que Deus as concede e mantenha num padrão bem alto as boas novas do amor redentor de Deus em Cristo.

Traduzido por Raul Flores.

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