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A Beleza de Testemunhos Corriqueiros

Muitos cristãos têm dificuldade com seus próprios testemunhos. Nossas histórias são corriqueiras, desinteressantes e comuns, pelo menos assim nos parecem frequentemente. Mesmo que as compartilhássemos, quem se interessaria em ouvi-las?

O que frequentemente consideramos como “interessante” são o tipo de coisas que poderiam servir como tópicos de um livro: ex-criminosos, ex-viciados, ex-qualquer outra coisa. Todos somos pecadores salvos pela graça, e no entanto, apesar de nossa impureza e transgressões, há muitos de nós que jamais passaram um dia sem ter a consciência e conhecimento de Deus em suas vidas. Frequentemente elaboramos o nosso testemunho em termos de restauração ou renovação de nossa fé: somos conscientizados da presença de pecado em nossas vidas ou descobrimos em nós um pecado previamente não reconhecido e então retornamos ao evangelho da graça, o qual temos vivenciado durante toda a nossa vida. Não se trata tanto de uma reviravolta de 180°, mas de uma mudança de um ou dois graus cada vez.

Sempre Surpreendente

Somos viciados por histórias impactantes — basta ver o que é produzido pela indústria cinematográfica — e por isso, desdenhamos de qualquer coisa que não se encaixe nesse padrão. Não nos apressamos a contar aos outros que fomos criados na igreja e recebemos Jesus em nossos corações tão logo aprendemos a falar. Achamos que nossos ouvintes considerarão isto inevitavelmente entediante.

A solução não é buscar um testemunho mais impactante — não devemos pecar para que abunde a graça — mas sim expandir a nossa compreensão do que é um belo testemunho. Podemos descrever quem cresceu na igreja como uma pessoa poupada dos horrores de uma vida de crimes, mas esta história não nos parece ter muito conteúdo. A expressão negativa não tem nem de perto a potência da expressão positiva: embora mereçamos justamente a condenação eterna, somos salvos pela enorme graça do Filho de Deus, Jesus Cristo através do poder do Espírito Santo.

Obviamente, desejamos ser memoráveis, sermos vistos como exemplos impactantes daquilo que a graça de Deus pode proporcionar. Historicamente, os testemunhos mais alardeados são os mais dramáticos, especialmente daqueles que foram salvos através de circunstâncias excruciantes: a perseguição de Paulo aos cristãos, os muitos pecados sexuais de Agostinho, até o caso do adolescente ateu que se tornou cristão aos 30 C.S. Lewis. Vemos que grandes cristãos do passado frequentemente vieram de situações de vida sem esperança.

Não Há Cristãos “Comuns”

No entanto, apesar da intenção de nos inspirar, a ênfase sobre testemunhos dramáticos pode ser prejudicial. Embora estes testemunhos possam nos encorajar a olhar e ver a grandeza de Deus, a nossa tendência é de ver a graça de Deus só se manifestando em situações que aparentam ser demasiadamente difíceis. Se tomássemos cristãos “comuns” como modelo — nossos pastores, presbíteros, pais, professores ou nossos colegas — talvez tivéssemos maior capacidade para discernir a estupenda e explícita graça de Deus em nossas vidas “comuns” .

Não estou recomendando pararmos de estudar a vida de “grandes” cristãos e nem devemos desconfiar de testemunhos altamente impactantes que frequentemente ouvimos. Ao invés disto, devemos ampliar os nossos parâmetros de decisão sobre que faz com que uma história da graça seja impactante.

Cada cristão tem uma história de redenção. Quer você tenha sido salvo de uma dependência de cocaína ou de um coração orgulhoso, quer do fundo de uma cela de prisão ou no conforto da sua casa de classe média, a sua história está repleta de graça. Se não vemos a beleza de uma história de redenção, o problema não está com a história: o problema reside em nós.

Afinal de contas, cada história de redenção é uma história tão poderosa que Cristo morreu para realizá-la.

 

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