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A Pornografia Moldou os Homens da Geração Z. A Bíblia Também Pode Fazê-lo.

Para o homem moderno, a pornografia não é uma indulgência que gera culpa; é um ritual diário. Em um artigo da Psychology Today de 2020, Michael Castleman estima que, em média, homens solteiros consomem pornografia por 25 minutos diariamente, enquanto homens comprometidos consomem por cerca de 7,5 minutos por dia. Castleman observa que, para muitos, a “pausa para pornografia” diária é algo tão casual e banal quanto uma pausa para o café. Os efeitos foram devastadores para os homens da Geração Z, essa geração que cresceu com um acesso ilimitado na ponta dos seus dedos. A pornografia moldou, ou, mais precisamente, deformou a minha geração.

Claro que a pornografia é um problema complicado. As soluções não são fáceis ou simples, mesmo para homens cristãos, que reconhecem que a pornografia não é apenas um “mau hábito”, mas um pecado grave o qual têm grande motivação em erradicar. A pornografia, afinal, não diz respeito apenas à luxúria, mas também a isolamento, vergonha, exposição digital excessiva e uma cultura que valoriza o prazer instantâneo e retém as ferramentas para o desenvolvimento a longo prazo. Vivemos em um mundo que eleva o sexo ao patamar de algo supremo e logo em seguida o barateia e transforma em um produto. Estamos saturados de estímulos, mas famintos por uma conexão real. Não há uma solução única para algo tão profundamente arraigado, mas, às vezes, mesmo em meio a um problema complexo, pode-se encontrar um lugar para começar.

Como a pornografia moldou a Geração Z

Recentemente, eu estava liderando um pequeno grupo de ensino médio com rapazes da geração Z e perguntei a eles: “Se vocês assistissem pornografia todos os dias por um ano inteiro, acham que isso moldaria a forma como vocês vivem?”. A resposta foi óbvia: é claro que sim. Eles não precisavam que lhes dissessem, é a realidade deles. Eles sentiram a frustração, a vergonha e a forma como isso os remodelou, e estão exaustos disso.

  • Moldou nossa forma de pensar sobre sexo: distorcendo expectativas, encorajando extremos e treinando-nos a desejar novidade em vez de intimidade.
  • Moldou nossa forma de pensar sobre relacionamentos: preferindo o prazer previsível e imediato de uma tela em vez das complexidades (e desafios) de outro ser humano.
  • Moldou como nos sentimos sobre nós mesmos: corroendo nossa confiança e diminuindo nossa autoestima na medida que nos comparamos com os corpos digitalmente aprimorados e as performances sexuais que consumimos.

A pornografia é uma droga, e a lista de efeitos colaterais e consequências é imensa. O vício é uma realidade diária e parar pode parecer impossível.

Fiz uma pergunta mais elaborada ao meu pequeno grupo: “Se 10 minutos assistindo pornografia por dia moldaram o cérebro de vocês, o que vocês acham que 10 minutos com a Bíblia poderiam fazer?”. Embora não tenha sido o momento impactante que eu imaginei, um vislumbre de esperança brilhou em seus rostos quando começaram a considerar essa surpreendente realidade.

A pornografia nos moldou, mas a Bíblia pode nos moldar com ainda mais potência.

A pornografia ensina uma verdade bíblica

Como um jovem, eu sei em primeira mão por que tantos rapazes têm dificuldade em ler suas Bíblias: no fundo, eles não acreditam que isso vá ajudar. Sim, o salmista orou por cura física e espiritual: “Sara-me, Senhor, porque os meus ossos estão abalados” (Salmos 6.2). Mas eu acreditava que a esperança era para ele, não para mim.

A geração Z foi criada em meio à gratificação instantânea. Tudo o que queremos – entretenimento, informação, comida, roupa e até validação social – está disponível com um clique. Crescemos com uma mídia cheia de dopamina e todos os seus picos fabricados, emoções baratas e resultados imediatos.

Por essa razão, quando um jovem abre sua Bíblia, lê um capítulo e sai sem sequer um pico de dopamina ou arrepios, é fácil pensar: Qual é o sentido disso? E uma vez que o poder formador da Bíblia leva anos para realizar o que os algoritmos supostamente fazem em segundos, é fácil pensar: Isso não está dando resultados. O que fica é uma frustração latente em relação a Deus, algo que lembra muito uma criança mimada: “É o meu crescimento espiritual, e eu quero agora!”

Ironicamente, a luta desse jovem com a pornografia revela a verdade da qual ele duvida: pequenos hábitos nos moldam de maneiras profundas. Dez minutos diários de pornografia formam padrões de pensamento, desejos deslocados, fala modificada e relacionamentos alterados. Transforma pessoas em objetos, intimidade em performance e satisfação em orgasmo.

E se dez minutos por dia na Palavra de Deus – substituindo os dez minutos de pornografia – pudessem reverter isso da mesma forma? Não instantaneamente, não da noite para o dia, mas de forma lenta, certa e poderosa. E se toda vez que você pensasse em clicar na pornografia, você em vez disso abrisse a Bíblia? E se dez minutos de leitura das Escrituras a cada dia começassem a remoldar você, tornando a santidade em padrão em vez da luxúria? E se, dia após dia, seus pensamentos começassem a se alinhar mais com os de Cristo? Seus desejos se voltassem para a pureza? Suas esperanças fossem restauradas?

A boa notícia é que é precisamente assim que Deus nos projetou. É assim que o crescimento espiritual funciona.

A batalha espiritual pelas vias neurais

A maioria dos rapazes presume que livrar-se da pornografia exige um momento dramático e transformador, e sim, às vezes Deus age assim. Entretanto, Ele age mais frequentemente através de uma renovação lenta e constante da mente.

Talvez você esteja revirando os olhos: Você está me dizendo que se eu simplesmente ler a Bíblia, vou parar de consumir pornografia? Eu já tentei isso e não funcionou!

Eu entendo. Abrir a sua Bíblia e esperar que a tentação desapareça se parece com jogar um copo de água em um incêndio. E você está certo, pois ler a Bíblia sozinho não é suficiente, mas é um sólido alicerce. E isso o arma com a verdade, os hábitos e a esperança que você precisa para revidar nessa luta.

A Bíblia ensina a se cercar de uma comunidade a quem você preste contas (Hb 10.24-25). Ensina a confessar seus pecados (Tg 5.16). Ensina a se aproximar do trono da graça com confiança (Hb 4.16). Ensina a orar sem cessar (1Ts 5.17). Ensina a fixar a sua mente nas coisas do alto (Cl 3.2). Ensina sobre o amor inabalável de Deus (Romanos 8.38-39). A Escritura não nos informa apenas uma vez; ela nos faz lembrar diariamente.

Libertar-se do pecado não tem a ver com um momento único e transformador, mas sim com a decisão diária de continuar lutando.

A ciência corrobora isso. Neurocientistas descobriram que comportamentos repetidos criam vias neurais bem estabelecidas em nossos cérebros. E quanto mais você pratica um hábito, mais amplas essas vias se tornam, tornando-o mais fácil de repetir e mais difícil de deixar de lado. É por isso que a pornografia não é apenas um hábito, mas sim um padrão profundamente enraizado. E para a geração Z, que cresceu com um acesso ilimitado a ela, essas vias não são simples estradas de terra, são rodovias.

Mas elas não precisam ser permanentes. A exposição repetida ao pecado fortalece os padrões pecaminosos, mas a exposição repetida à verdade pode construir novos padrões.

A pornografia treina suas vias neurais para ver as pessoas como objetos a serem usados, especialmente as mulheres. A Bíblia treina suas vias neurais para ver as pessoas como preciosas imagens de Deus, criadas para serem valorizadas, não consumidas (Gn 1.27).

A pornografia ensina suas vias neurais a fugir para a fantasia sempre que você se sente estressado, ansioso ou entediado. A Bíblia ensina suas vias neurais a se refugiar em Deus, em Sua salvação e Sua força (Sl 46.1).

A pornografia cultiva suas vias neurais para tenderem à luxúria, a tomar em vez de dar. A Bíblia cultiva suas vias neurais ao autocontrole casto como padrão, para amar em vez de consumir (Gl 5.22-23).

Para os homens da geração Z, essa batalha está acontecendo em tempo real, porém, a melhor maneira de lutar não é apenas resistir, mas se encher de algo melhor. Temos que acreditar e experimentar estas realidades: o amor de Deus é realmente melhor que a luxúria; a face de Deus é realmente melhor que a pornografia; a presença de Deus é realmente mais satisfatória que a masturbação.

Também devemos lembrar que essa luta não é apenas espiritual, ela é pessoal, comunitária e também física. O consumo de pornografia não acontece no vácuo, ele prospera no isolamento, alimenta-se do tédio, da solidão e da desconexão. É por isso que a formação não pode acontecer estando sozinho, mas precisamos estar inseridos em comunidades construídas em torno de confissão, prestação de contas, encorajamento e esperança. Precisamos de amizades que ofereçam mais do que apenas distração, mas que ofereçam presença. E precisamos de igrejas que não digam somente “não faça isso”, mas que retratem uma visão maior e melhor da sexualidade, do trabalho, do descanso e da vida encarnada.

A pergunta que você precisa fazer

Você vai ser moldado por alguma coisa, a única pergunta é: pelo quê?

E se a batalha contra a pornografia não consistir apenas em romper com um mau hábito, mas em construir um hábito melhor? Porque a verdade é esta: se você se dedicar diariamente às Escrituras, o Espírito Santo forjará novas vias neurais. Lentamente, mas com toda a certeza, você começará a notar a diferença. O escape que antes você buscava na pornografia começará a perder a cor em comparação com o descanso que você encontra em Deus. Desejos pecaminosos não serão apenas resistidos, serão substituídos e, com o tempo, desejos obscuros serão expulsos pela força de um anseio santo.

A Escritura se torna a âncora que o firma quando a tentação surge, que mantém os seus pés no chão quando a vergonha quer se infiltrar sorrateiramente, e que o firma quando todo o resto tenta derrubá-lo. Claro, essa não é a luta inteira, mas é onde a luta começa.

Por anos, a pornografia tem moldado nossas mentes – formando padrões de pensamento, distorcendo desejos e deturpando a forma como vemos relacionamentos, sexo e até a nós mesmos. Mas isso não precisa continuar assim.

A pornografia moldou os homens da Geração Z, mas a Bíblia também pode fazê-lo. Qual deles vai moldar você?

Traduzido por David Bello Bondarenco.

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