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Com Quem Devo Casar? Pergunte a Boaz e Rute

Se o máximo que extraímos do livro de Rute é uma canção doce para ser cantada em casamentos, negligenciamos temas cruciais e ousados ​​que incomodam nossa sensibilidades modernas em relação ao namoro e ao casamento. Tais temas podem também perturbar algumas de nossas práticas cristãs correntes de namoro

Embora a nossa atual cultura cristã não esteja propensa a abandonar a ideia – e o desejo – do amor romântico antes do casamento, a história de Rute ilustra uma maneira melhor de se abordar a questão “É ele ou ela a pessoa certa?”.

Um Conto de Duas Viúvas

Incorporado nesta saga de duas viúvas e sua busca por um meio de vida está o conceito de casamento em si, visto na situação de mulheres desprotegidas e sua busca agressiva de direitos legais. Também nos dá uma imagem de nobre masculinidade e feminilidade, uma chave para encontrar a vontade de Deus em um parceiro de casamento.

Noemi, despojada de seu marido e dois filhos na terra de Moabe, ficou com suas noras moabitas. Enquanto se prepara para voltar a Israel, ela as incita a voltarem para suas famílias e encontrar maridos entre seu próprio povo.  Ela invoca a bênção do Deus de Israel: “o SENHOR use convosco de benevolência… O Senhor vos dê que sejais felizes”. Leia-se: encontrem um marido e terminem suas lutas como viúvas. Ao seguir Noemi, Rute abraça o Deus de Israel e afasta-se do deus moabita.

Sua chegada coincide com o início da colheita da cevada. Isso não é meramente um acaso feliz. A lei do Senhor e o Senhor da lei estão sustentando essas viúvas. O Senhor não é desperdiçador. Seu plano tem se desdobrado desde que os dois filhos de Noemi morreram. Noemi ter ouvido que “o SENHOR se lembrara do seu povo, dando-lhe pão” causou sua partida de Moabe e a chegada a Belém na hora exata.

Buscando o Que o Casamento Traz

O livro de Rute não é um manual sobre como conseguir um marido. No entanto, tem algo a nos dizer sobre nossos conceitos modernos sobre o namoro.

O lei do Levirato (Dt 25.5-16) afirmava que o irmão do falecido marido deveria tomar a viúva como sua esposa. Essa lei, inimaginável para nós, era uma lei de misericórdia, para proteger e prover para as viúvas e, se elas fossem frutíferas, para a continuação da linhagem familiar.

Rute não tinha experiência com este tipo de plano para o seu bem-estar, mas disse à sua sogra: “o teu Deus é o meu Deus”. Rute demonstrou integridade e submissão seguindo as instruções de sua sogra em um cenário estranho e bonito.

Durante a colheita de grãos, Rute vai para os campos para coletar as sobras para elas duas. Com hábil ironia, o texto relata que Rute “por casualidade” entrou em um campo pertencente a Boaz, um rico proprietário de terras relacionado a Noemi pelo casamento. Enquanto isso, Boaz chegou da cidade para examinar seus campos de colheita. Rute chama sua atenção. “De quem é esta moça?” ele pergunta. Ele descobre que ela é a jovem viúva que retornou com Noemi de Moabe. Esta informação é suficiente para Boaz. Ela está desimpedida e sua reputação já se espalhou por Belém e chegou aos seus ouvidos. Esta mulher não era apenas uma estrangeira, mas uma seguidora do Deus israelita.

Durante as semanas de colheita, Boaz protege e provê para Rute e Noemi. Ele até instrui seus servos a separarem propositalmente algumas espigas para ela (3.17). Boaz é atencioso, respeitoso, um verdadeiro cavalheiro. Enquanto isso, Noemi inicia um plano: ela apela para a lei do levirato.

Casamento Redentor

A colheita de cevada se completa sem problemas. Boaz comemorou com um banquete e agora guarda seus preciosos alimentos dormindo nas proximidades. Uma imagem muito parecida com um banquete de casamento e um marido protetor surge diante de nós – só que está faltando a noiva.

Noemi instruiu Rute a se lavar, se ungir e vestir seus melhores vestidos. Ela ainda não havia sido escolhida, ainda não havia noivado, talvez nem ousasse sonhar. Mas se ela fosse escolhida, ela estaria pronta como uma noiva imaculada. As instruções de Noemi se tornam cada vez mais estranhas aos nossos ouvidos: “descobrirás os pés, e te deitarás; ele te dirá o que deves fazer.”

Assim, ela vai secretamente para a eira, descobre os pés de Boaz adormecido e deita-se. Ele acorda no meio da noite e fica surpreso ao encontrar uma mulher a seus pés. Ela está a seus pés, não ao seu lado. Não é uma tentativa de sedução. “Estende a tua capa sobre a tua serva” é o sinal de Rute de que ela está disposta a se colocar sob a proteção deste homem através da segurança que Noemi está procurando para ela (3.1) na forma de casamento.

Ganhando sem Cortejar

Outro parente mais próximo, no entanto, pode decidir resgatar a Rute. Boaz, não sabendo como as coisas acabarão, não está em posição de cortejá-la. Ele pareceria tolo se “cortejasse” a Rute, e então a deixasse escapar por entre os dedos como se fosse um grão. Mas Boaz está ganhando a Rute sem cortejá-la. Ele já demonstrou ser um protetor e um provedor.

Rute comentou a Boaz: “Tu me favoreces muito, senhor meu, pois me consolaste e falaste ao coração de tua serva, não sendo eu nem ainda como uma das tuas servas”. Rute foi ganha sem ser cortejada. Onde está o amor nesse cenário? Boaz está pensando no bem-estar de Rute, o que é o amor de fato: “Ora, é muito verdade que eu sou resgatador; mas ainda outro resgatador há mais chegado do que eu. Fica-te aqui esta noite, e será que, pela manhã, se ele te quiser resgatar, bem está, que te resgate […]” (3.12-13).

Estava Boaz indiferente às suas próprias perspectivas de felicidade? Sua cultura israelita valorizava as mulheres e construía uma cerca protetora ao redor delas. Ele sabia que, para respeitar e valorizar a Rute, ele deveria, figurativa e literalmente, manter as mãos afastadas. Ela ainda não era dele e poderia nunca se tornar dele. Mas Boaz era um homem justo que, confrontado com o seu dever, o cumpre ao pé da letra.

Boaz ficou entusiasmado com Rute. Ele ficou surpreso com o fato de ela tê-lo “escolhido” (o que ela fez, de fato, submetendo-se ao comando de sua sogra). Ele conhece suas qualidades excelentes e sua reputação. Ele “não descansa” (3.18) até resolver o assunto.

O parente mais próximo diz “não” quando descobre que a propriedade de Noemi – que seria dele – vem acompanhada de uma esposa.

Antes que algum tempo seja perdido, Boaz convoca 10 testemunhas para a transação legal e anuncia que ele tomou Rute “por sua mulher” (4.10).

A história de Rute não é um filme da Disney. Não mostra uma visão moderna, ocidental e romantizada do casamento, mas sim algo muito mais importante: pessoas obedecendo a Deus e vendo Seu bom caráter revelado por meio de Sua provisão para eles em Sua lei.

Aplicação para o Dia de Hoje

O casamento de Rute e Boaz é descrito em poucas mas importantes palavras: “Assim, tomou Boaz a Rute, e ela passou a ser sua mulher; coabitou com ela, e o SENHOR lhe concedeu que concebesse, e teve um filho” – nessa ordem (4.13). O texto observa que houve testemunhas que abençoaram a união. Este não foi um caso de escolher coabitar, independente da família, da comunidade ou da bênção de Deus.

Não sabemos se Boaz era bonito ou se Rute era linda, se eles eram sérios ou “divertidos”, ou o que eles gostavam de fazer em seu tempo livre. Conhecemos seu caráter e seu Deus. Talvez seja o suficiente.

Tal como com Rute, o “plano de contingência” da mulher contemporânea é a submissão a Deus, seguindo o que ela entende ser a vontade dEle para ela hoje, amanhã e no dia seguinte, independentemente de “candidatos”. Se um homem começar a cortejá-la, obtenha conhecimento em primeira mão de sua reputação. Procure por honra, integridade e o desejo de prover e proteger. Espere no Senhor.

Como homens piedosos cortejam mulheres? Com a máxima honra, integridade e pureza. Com conhecimento em primeira mão de sua reputação. Com tempo e paciência. Ela não é sua até que haja uma cerimônia de casamento, com a bênção de Deus e seu povo.

Então, juntos, desfrutem bastante.

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