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A Esperança de Ressurreição é Ensinada no Antigo Testamento?

Os Evangelhos, os Atos, as Epístolas e o Apocalipse todos proclamam a bendita esperança do retorno de nosso Senhor para trazer os mortos de volta à vida e, ao fazê-lo, derrotar o último inimigo — a Morte (1 Co 15.26). Pode parecer que a esperança da ressurreição é exclusiva do Novo Testamento. Mas se pinçarmos esta esperança e começarmos a desemaranha-la, descobriremos que ela tem raízes profundas que vêm do Antigo Testamento. Deus proveu a esperança da ressurreição a seu povo desde o princípio.

Nem todos aceitam que há esperança da ressurreição no Antigo Testamento. Os saduceus a negavam por não crerem que fosse ensinada no Pentateuco. Mas Jesus os desafiou: “Errais, não conhecendo as Escrituras, nem o poder de Deus… E, quanto à ressurreição dos mortos, não tendes lido o que Deus vos declarou: (Mt 22.29, 31).

Necessitamos ler a Bíblia tal como Jesus fazia. Ao olhar para as páginas do Antigo Testamento via um Deus da vida, cujo poder prevalece sobre o túmulo.

A Ressurreição Corporal

O texto mais claro do Antigo Testamento sobre uma futura ressurreição corpórea está em Daniel 12.2: “Muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão, uns para a vida eterna, e outros para vergonha e horror eterno.” Tanto Jesus como Paulo confirmam este ensino no Novo Testamento (Jo 5.29; At 24.15).

No entanto, Daniel não é o único profeta a falar desta esperança. Isaías também profetizou sobre a ressurreição física:

Os vossos mortos e também o meu cadáver viverão e ressuscitarão; despertai e exultai, os que habitais no pó, porque o teu orvalho, ó Deus, será como o orvalho de vida, e a terra dará à luz os seus mortos. (Is 26.19).

Os mortos são os que dormem no pó e a ressurreição os acordará. Mudando metáforas, Isaías retrata a terra como dando à luz. O túmulo é um útero e, um dia, os mortos surgirão numa vida corpórea renovada.

A futura vida corpórea não é apenas uma verdade a ser falada, mas também uma esperança a ser cantada. O salmista observa que, enquanto os sábios e estultos ambos perecem (Sl 49.10), Deus “remirá a minha alma do poder da morte [Sheol], pois ele me tomará para si.” (Sl 49.15). Resgatar a alma do Sheol significa receber a pessoa toda de volta da morte (ver Sl 16.10; At 2.24-29). Além disso, para o autor do Salmo 71, a ressurreição é um conforto. Refletindo sobre calamidades passadas e libertação futura, ele declara: “Tu, que me tens feito ver muitas angústias e males, me restaurarás ainda a vida e de novo me tirarás dos abismos da terra.” (Sl 71.20). Deus nos restaurará nos retirando dos abismos.

Estas declarações sobre a esperança da ressurreição são como flores que crescem de sementes semeadas num jardim. De fato, a esperança da ressurreição faz sentido quando consideramos a vida para a qual fomos criados. Em Gênesis 2, não lemos sobre Adão e Eva desencarnados que eventualmente receberam corpos do Senhor. Não, Deus fez o homem da terra e depois a mulher do homem (Gn 2.7, 21-22). Pessoas corpóreas — este era o padrão que foi interrompido pela morte.

Após Adão e Eva se rebelarem, Deus os expulsou do jardim, para que Adão “não estenda a mão, e tome também da árvore da vida, e coma, e viva eternamente.” (Gn 3.22). Aquela árvore oferecia uma vida que Adão ainda não possuía. Portanto, barrado daquela árvore, Adão morreu. Mas o último Adão veio para nos levar de volta àquela árvore no meio do jardim. Ele morreu num madeiro (Gl 3.13) e ao terceiro dia comeu do fruto da vida. E quando ele retornar, os mortos serão ressuscitados e nós também comeremos do fruto e viveremos para sempre.

Outros Tipos de Ressurreição

Quando pensamos sobre a morte, tendemos a nos concentrar apenas no estado físico. Mas a Bíblia retrata a morte como uma realidade dinâmica que permeia este mundo caído, manifestando-se em perigos, em fome, em doenças, em perdas, em esterilidade e exílio. Deus também oferece ressurreição para estes tipos de morte. Tomemos a noção de exílio. Ezequiel teve uma visão de ossos secos retornando à vida pela palavra de Deus (Ez 37.7-10), o que representava o povo de Deus retornando à terra de Deus (Ez 37.12). O cativeiro de Israel na Babilônia foi uma morte e seu retorno seria uma ressurreição.

Ou consideremos a esterilidade. Abraão, Isaque e Jacó tinham esposas estéreis. Antes que Raquel estivesse grávida, ela implorou a Jacó: “Dá-me filhos, senão morrerei!” (Gn 30.1), visto que a esterilidade assinalava a morte da linhagem familiar. Portanto, a reversão da esterilidade, foi vida a partir de mortos (ver Rm 4.19). Cada vez que Deus reverteu a esterilidade das esposas dos patriarcas, ele estava trazendo vida a um útero morto e à linhagem familiar.

Em outras ocasiões, Deus decidiu resgatar seu povo antes que morressem, demonstrando seu poder sobre a vida e a morte. Em Gênesis 22, Isaque estava praticamente morto. Abraão o havia amarrado para o sacrifício, mas pouco antes da faca atingir a pele, Deus interveio provendo um substituto inocente (Gn 22. 4–13). De fato, o autor de Hebreus observa que Isaque foi figurativamente ressuscitado de dentre os mortos (Hb 11.19).

Utilizando este padrão, vemos que o Antigo Testamento retrata a ressurreição em todo parte. Noé e sua família foram libertos do dilúvio, José da cisterna, os israelitas do Egito, os três amigos da fornalha, Daniel da cova dos leões, os judeus do complô de Hamã e Jonas do grande peixe. Tais histórias de libertação do perigo estimulam e alimentam nossa confiança no poder de Deus para derrotar a morte.

A Ressurreição Cumpre As Promessas de Deus

Sem uma compreensão da ressurreição no Antigo Testamento, o povo de Deus teria morrido pensando que Deus não havia cumprido suas promessas. Deus prometeu a terra de Canaã aos patriarcas e seus descendentes (Gn12.7; 13.15), mas Abraão, Isaque e Jacó morreram todos “sem ter obtido as promessas” (Hb 11.13). Como, então, irá Deus manter sua palavra aos patriarcas? Ao levantá-los dos mortos. Abraão receberá tudo o que Deus prometeu e mais — ele é um herdeiro do mundo (Rm 4.13). Portanto, a morte não faz de Deus um descumpridor de promessas; e a ressurreição provará que ele é cumpridor de Suas promessas. Podemos desfrutar da estabilidade da esperança da ressurreição, porque as promessas do mundo vindouro nunca se abalarão nem falharão.

Deus também fez promessas a nós em Cristo que ainda não foram cumpridas. Embora interiormente estejamos sendo renovados, externamente estamos sendo corrompidos (2 Co 4.16). Na ressurreição, porém, o mortal finalmente se revestirá de imortalidade. Portanto, não podemos desanimar (2 Co 4.16). Jesus desocupou seu túmulo, e nós também o faremos.

Traduzido por Marq.

 

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